Pinhão é um jovem senhor que vai completar 58 anos, já fez até aqui uma bela caminhada, deixou de ser uma Vila para se tornar uma cidade acolhedora que, dia-a-dia, com o trabalho e esforço dos seus cidadãos, vem crescendo, desenvolvendo, se transformando.

Talvez, por suas raízes econômicas na agricultura, seja uma cidade tão hospitaleira, que acolhe todos de braços abertos.

Edemilson Manoel Lucca, um agricultor que acreditou em Pinhão

 Edemilson é natural de Jaraguá do Sul, Santa Catarina, é casado com Francieli Abílio dos Santos, o casal tem um filho de dois anos, o Igor.

Foto: Arquivo/Pessoal

Veio morar no Pinhão, está aqui há onze anos. Morou primeiramente em Laranjeiras do Sul, “Vim olhar um caminhão que  estávamos negociando, os caras ofereceram a terra, a gente veio olhar sem muito interesse e acabou agradando, estamos aí até hoje.”

Hoje a propriedade da família tem 16 hectares e está localizada no Faxinal dos Ribeiro. Lá plantam milho, feijão, soja e outros grãos, além da produção de leite. Tudo isso é produzido em comunidade com seu irmão Elisandro e seu pai, José Agostinho Lucca.

           Fotos: Arquivo/Pessoal

O primeiro da família a vir foi o próprio Elisandro para testar como seria a adaptação na região, logo Edemilson e o pai vieram, trazendo também a mãe, Nelita Terezinha Lucca. “Depois compramos mais área aqui no Pinhão e estamos trabalhando só aqui agora.”

           Agricultura familiar

            Desde pequeno foi ensinado a trabalhar na agricultura, sendo a agricultura familiar sua paixão. As tarefas na propriedade são divididas entre os irmãos e o pai. “Nós trabalhamos em família, de fato. Elisandro se dedica à produção de leite no dia-a-dia, e me ajuda na lavoura. O pai cuida da criação dos terneiros e na produção também.”

Agricultura orgânica

Edemilson decidiu trocar a agricultura convencional pela agricultura orgânica,  um dos motivos da mudança é a saúde da família, já que os agrotóxicos são extremamente prejudiciais. “Além da saúde, a lucratividade se torna maior, porque reduz muito o gasto. Foi uma série de fatores que a gente foi se adequando e graças a Deus estamos conseguindo produzir.”

Os desafios

Como toda mudança, a agricultura orgânica também apresentou desafios para a família, principalmente no começo, quando tudo ainda era muito novo e diferente da tradicional. “Na verdade, a  agricultura orgânica é cheia de desafios, de novidades e coisas que você não está acostumado. A questão das pragas, como você não usa nada de veneno e trabalha com produto biológico, precisa estar ligado e se adaptar aos produtos do mercado.”

Para trabalhar com esse tipo de agricultura, é necessária a certificação, e quem ajudou no começo da produção foi a Cooafapi – Cooperativa da Agricultura Familiar de Pinhão. “A cooperativa ajudou tanto na questão da assistência técnica quanto na parte de produção.”

Crescer junto com Pinhão

O que atraiu a família para o Pinhão foi o potencial de crescimento que a cidade apresentava. “Dava para ver que era uma região que tinha muito pra evoluir e muito pra crescer, quando a gente veio, tinha muito potencial produtivo e pouca gente produzindo, tinha muita área ociosa. A gente, vendo essa capacidade de evoluir, a gente queria crescer junto, e estamos crescendo, o Pinhão também”.

Desde a chegada da família há onze anos, o Município cresceu e desenvolveu muito. Edemilson diz ser visível a evolução, principalmente no centro da cidade, mas falta uma atenção ao comércio local, “Tem bastante o que evoluir, Pinhão tem margem para gente que tem  visão mais ampliada, para chegar, se instalar e se dar muito bem.”

É preciso mais incentivo

Edemilson comenta a necessidade de um incentivo a mais por parte da prefeitura para promover melhoria de  qualidade na agricultura familiar, principalmente no momento de escoar a mercadoria, é preciso auxílio para transportá-la,  já que a agricultura orgânica ocorre em pequenas áreas e dificilmente a distribuição é para o próprio município, “existem os programas e funcionam, mas infelizmente são limitados”.

Incertezas e a luta contra o tempo

O inverno de 2022 foi mais rigoroso que o normal para toda a região, isso influencia diretamente na produção dos agricultores, “O Pinhão é uma região um pouco mais fria por conta da altitude, então, isso dificulta na hora de produzir, precisa se atentar um pouco mais no clima para conseguir começar a plantar”.

Não há como controlar o clima, lidar com essa incerteza, tem que haver o planejamento antes da produção, “Na verdade, a gente começa a safra sem saber se vai colher ou não, antes de começar, tem que  acompanhar a previsão do tempo a longo prazo, pensando se vai precisar adiantar ou atrasar quinze dias, um mês, precisa de muito planejamento, tentando minimizar os efeitos climáticos. Tem que acreditar no que está fazendo e torcer pelo melhor”.

Novas gerações de agricultores

Ele diz que a agricultura é algo que está na genética, algo ensinado na família, “a gente se criou na lavoura, vai se dedicando e pensa em passar para os filhos, a gente pega amor pela terra”.

É cada vez mais raro ver jovens trabalhando como agricultores, muitos preferem seguir com outras profissões, “o problema da pequena propriedade é a questão da administração, é uma questão de dedicação, é necessário fazer contas, pensar na viabilidade de tudo que vai plantar, muitos saem do ramo por falta de fazer contas.”

Edemilson escolheu a agricultura orgânica justamente por acompanhar as mudanças e ver nela  uma viabilidade econômica maior que  na agricultura tradicional que investir nela tem se tornado muito caro, “Tinha um investimento cada vez mais alto nos venenos e pouco retorno, fazendo essas contas e analisando, eu percebi que precisava ir por outros caminhos”.

A agricultura mudou

O agricultor fala da sua percepção sobre a evolução da agricultura, “quando eu era criança, os arados eram com boi e com cavalo, depois, na juventude, a gente conseguiu comprar um trator e fomos evoluindo. A agricultura em si, está cada vez mais tecnificada, e é questão de ir se adaptando, se ficar parado no tempo vai  inviabilizar a produção, não consegue ter mais uma renda, você acaba ficando limitado”.

A tecnologia acaba sendo um grande amigo do agricultor, e segundo Edemilson a internet é indispensável para acompanhar tanto as mudanças climáticas quanto a compra de produtos e como usá-los. “No interior, onde a gente mora, não pega celular, mas tem internet e não tem como ficar sem, a tecnologia é necessária”.

Todos temos sonhos

especial

Foto: Naor Coelho/Fatos do Iguaçu

            O sonho da família é conseguir aumentar ainda mais sua propriedade e sua produtividade, “queremos viabilizar 100% do orgânico e se livrar dos produtos químicos, que a gente consiga ter uma produção de qualidade, o sonho é produzir bastante e com qualidade para viabilizar financeiramente. Estamos tentando alavancar e incentivar outros produtores”.

Segundo Edemilson, tendo um bom planejamento e administração é possível viver muito bem com a agricultura orgânica, e o principal incentivo para esse caminho é o custo reduzido da produção. “Hoje em dia tá muito caro o adubo, produto químico e semente, e na orgânica ela se torna mais em conta porque você tem a capacidade de produzir a própria semente, e a redução do custo do produto químico”.

Para a família vale muito a pena ser agricultor, é uma verdadeira paixão familiar passando pelas gerações.

            Vamos em frente, Pinhão!

            O Pinhão tem só a evoluir, só ir para frente. É uma cidade com seus 58 anos, mas tem muito para evoluir ainda”.

          

 

 

 

 

 

 

 

 

 

           

 

 

 

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