Fotos: Comunicação/MST

Redação Portal Fatos do Iguaçu com  Ascom/MST


Na manhã desta sexta-feira (7), cerca de 500 trabalhadoras e trabalhadores rurais realizaram uma marcha pelas ruas de Reserva do Iguaçu, no Paraná, para denunciar a iminente reintegração de posse que pode desalojar 110 famílias da comunidade Resistência Camponesa. O grupo seguiu até a Prefeitura Municipal, onde promoveu um ato político acompanhado de um café da manhã farto e diverso, com alimentos produzidos pelo assentamento.

O movimento tem como objetivo sensibilizar as autoridades e a população sobre a gravidade da situação, já que a reintegração de posse está marcada para o dia 10 de março. A marcha faz parte da Jornada Nacional das Mulheres Sem Terra, que acontece em várias regiões do país com o lema deste ano: “Agronegócio é violência e crime ambiental, a luta das mulheres é contra o capital.”

Autoridades acompanham manifestação

Estiveram presentes no ato o superintendente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária do Paraná (Incra-PR), Nilton Guedes, a ouvidora agrária Josiane Grossklaus, e o deputado estadual Professor Lemos (PT). Os representantes reforçaram a importância da luta pela terra e apontaram alternativas para solucionar o impasse.

Segundo Bruna Zimpel, da direção do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), as famílias ocupam a área há cerca de 20 anos, onde construíram suas moradias e implantaram lavouras produtivas. “Essas famílias estão em processo de resistência há um ano e seguem mobilizadas para garantir seus lares”, afirmou.

Comunidade produtiva e integrada ao município

O Acampamento Resistência Camponesa faz parte de uma das mais de 80 comunidades de Reforma Agrária que aguardam regularização no Paraná. Ao todo, aproximadamente 7 mil famílias vivem em áreas de ocupação organizadas pelo MST no estado.

A moradora Regiane Gracieli Valter destaca a integração dos trabalhadores rurais ao município. “Agora a gente conseguiu fazer parte de uma feira em frente à prefeitura, onde comercializamos parte do que produzimos, como feijão, mandioca, hortaliças, doces e geleias”, relata.

Isa Pavan Dalló, 55 anos, reforça a importância da terra para a subsistência das famílias. “Eu vivo aqui há 12 anos, pago meus impostos, planto, crio animais e preservo a mata. Produzo queijo todos os dias para vender. Não temos para onde ir, essa terra é a nossa casa”, lamenta.

Denúncias de violência e ameaças

Os acampados relatam episódios de violência e intimidação por parte de pessoas que reivindicam a posse da área. Em agosto de 2023, homens armados teriam invadido a comunidade durante a madrugada e ateado fogo em residências. Meses antes, um casal de idosos já havia perdido sua casa em um incêndio suspeito.

Para Loreni de Fátima dos Santos, a luta é pela justiça e pela permanência na terra. “Nos tiraram o direito de plantar, de viver em paz. Estamos aqui pedindo por justiça, por um lar para nossas 110 famílias. Não podemos perder tudo o que construímos”, desabafa.

Situação judicial e a luta pela permanência

O Incra-PR manifestou interesse na aquisição da área para o assentamento das famílias, mas o processo de desapropriação encontra-se suspenso por decisão judicial. Atualmente, a Comissão de Soluções Fundiárias do Tribunal de Justiça do Paraná conduz as tratativas para uma solução negociada.

A luta das camponesas e camponeses de Resistência Camponesa continua. A próxima semana será decisiva para o futuro das 110 famílias que ali vivem, produzindo e contribuindo para o desenvolvimento local.

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