
Minha bisavó Júlia era católica de quatro costados. Nos confusos anos da Primeira República, quanto mangadores acercavam-se do peristilo dos templos, chaqueando ” beatas”, a bisavó Júlia, apoiada na fina bengala de ébano, passava entre os enegrumes indiferente à cachoada, para participar na missinha.
Recém-casada viveu em Massarelos. Uma manhã bateram-lhe à porta – era desconhecido, que pretendia ler a Bíblia. Gostou do que ouviu, e adquiriu: ” O Novo Testamento” editado na Typografia Universal, em 1868.
Na hora de almoço, o marido, viu o Livro ” maldito”, e intimou-a a queimá-Lo, por ser protestante! Não obedeceu, atirou-O para cima de guarda-louça, quando ele saia, deliciava-se com a leitura.
Erradamente há quem pense que a Igreja salva, olvidando o que disse Jesus – ” Nem todo aquele que me diz: Senhor, Senhor, entrará no reino dos Céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai. – Mt7:21
E como conhecemos a vontade do Pai?
Na Bíblia; melhor no Evangelho – que é o manual de instrução do crente.
Crente, é o que crê em Jesus e pertence à Igreja universal. Seja: católico, evangélico. ortodoxos, e até seitas, desde que frequente, com fé, o templo, sem interesse monetário ou promoção social.
Fico banzado ao conhecer desavenças entre fiéis de Confissões diferentes. Não somos todos irmãos, filhos do mesmo Pai?
Voltemos à bisavó Júlia:
Escutou certo domingo, a prática de abade, que recomendava – queimar Bíblias protestantes. Escrupulosa, resolveu conversar com o padre, porque possuía uma, recheada de preciosas gravuras, em dois volumes. Meteu os tomos na bolsa, e abalou em busca do sacerdote.
Este, viu; examinou; apreciou as gravuras e, concluiu:
. ” É pena queimá-La! Eu fico com Ela…
Empertigou-se a bisavó, e repostou:
– ” Se serve para o Senhor abade, também serve para mim!”
Enfiou os Livros na saca, e saiu apressadamente. Era Senhora simples, mas de compreensão rápida…
A cena que narrei aconteceu no primórdio do século XX. Hoje seria absurda.
Como disse: a Igreja não salva, mas Deus. Segundo o evangelista Billy Graham, que por mais Igrejas que se passe, em norma, regressasse à da infância.
Rivalidades entre cristãos, muito menos conflitos, como aconteceu na Irlanda, só representam ignorância, ou são apenas interesses políticos e económicos.
Admite-se proselitismo, mas ódios, desavenças são impróprias dos servos de Deus, e só demonstram ignorância.
Será que Ele, quando o crente estiver no Tribunal de Cristo – Rm14:10/2ºCor5:10 – perguntará, qual a Confissão que professou?