No Cras, trabalho para que vínculos familiares sejam respeitados e fortalecidos. No Creas o foco são aqueles que já sofreram alguma violência
A população, de um modo geral, sempre está informada das várias ações que o Centro de Referência de Assistência Social (Cras) e o Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas) desenvolvem em Pinhão. Porém, sabe-se que é muito comum confundir as atividades, os limites e o público alvo de cada uma destas unidades públicas, que pertencem à Secretaria de Assistência Social.
O Cras é o primeiro lugar onde famílias devem buscar acesso às políticas de assistência social para a rede de Proteção Básica e referência para encaminhamentos à Proteção Especial. A existência do Cras está estritamente vinculada ao funcionamento do Programa de Atenção Integral à Família (Paif), que consiste em um trabalho social com famílias, de caráter continuado, com a finalidade de fortalecer a função protetiva da família, prevenir a ruptura de seus vínculos, promover seu acesso e usufruto de direitos e contribuir na melhoria de sua qualidade de vida. Prevê o desenvolvimento de potencialidades e aquisições das famílias e o fortalecimento de vínculos familiares e comunitários por meio de ações de caráter preventivo, protetivo e proativo.
CREAS
O Creas oferece apoio e orientação especializados às pessoas que já têm suas situações de risco comprovadas, ou seja, que são vítimas de violência física, psíquica e sexual, negligência, abandono, ameaça, maus tratos e discriminações sociais. O trabalho do Creas baseia-se em acolher vítimas de violência, acompanhar e reduzir a ocorrência de riscos, seu agravamento ou recorrência, desenvolver ações para diminuir o desrespeito aos direitos humanos e sociais.
A psicóloga Jully Danubia de Oliveira, que trabalha no Creas de Pinhão, explicou que a entidade trabalha somente com situações onde o direito da pessoa já foi violado. “Quando existe algum problema que foge da Assistência Social comum, ou seja, o atendimento de baixa complexidade, que é proporcionado pelo Cras. Aqui atendemos pessoas que já romperam o vínculo familiar e comunitário, estão em grave situação de risco social, como por exemplo, situação de violência instaurada através de inquérito ou de denúncia feita pelo Conselho Tutelar. Aqui não existe a hipótese, acho que a criança sofre violência e, sim, a afirmação, eu sofri violência. Muitas vezes já tem um boletim de ocorrência”, explica.
RESGATE
Segundo a psicóloga, há alguns casos que se consegue resgatar crianças e adolescentes que infringiram a lei e trabalhar também a família para saber porque o adolescente teve esta atitude. Muitos atos infracionais são de pequenos furtos, um par de tênis, um boné da moda, um celular de última geração, bens para consumo próprio. “Vivemos em uma sociedade capitalista que valoriza aqueles que possuem os melhores produtos e se você não tiver é excluído do grupo. Outros casos são com a intenção de furtar por uso de drogas, que é a maioria”, contou.
O órgão realiza um trabalho melhor com casos que já foram encaminhados para medida socioeducativa ou de acolhimento institucional, que são as crianças da Casa Lar. Quando acontece uma ruptura severa, tem-se a possibilidade de trabalhar melhor o papel de pai e de mãe, que é praticamente ensinar o que é ser pai e mãe e muitos não querem ser consertados. Eles têm um histórico de que o que aprendeu com a mãe, com avó é o certo.
“A mulher que é criada na cultura machista acaba reproduzindo esta cultura com os filhos. Na maioria das vezes, o homem que bate na mulher está alcoolizado, já nos filhos, quando batem, estão sãos. O normal da família é estar sempre juntos, fazer passeios juntos. Quando se quebra a normalidade e termina o respeito, começam os problemas e esses acabam caindo no Creas”, observa a psicóloga.
Também intervém na situação com os idosos que sofrem violência física, exploração financeira, mau tratado e sem cuidados, abuso sexual infantil e casos de andarilhos indígenas. “Tem que trabalhar a potencialidade do indivíduo, como os moradores de rua. Se você tentar, não consegue mudá-los, pois já tem uma vida pré-definida, dormem até a hora que querem, vão procurar alimentação do jeito que acham melhor”.
Os indígenas têm uma lei própria. A nossa função enquanto Creas é ter certeza que eles têm um ambiente onde possam comer, tomar banho e dormir. Eles têm o direito de ficar onde quiserem, pelo tempo que desejarem, desde que não coloquem em risco ninguém. Eles sabem disso. “A Funai não me permite obrigá-lo a fazer o que queremos, é da natureza dele andar por onde quiser”, explica Jully de Oliveira.
A secretária de Assistência Social, Lucimere Terleski de Oliveira, salienta que o trabalho destes dois órgãos é de suma importância para o município. O Cras, que tem como coordenadora a assistente social Iara de Oliveira, trabalha principalmente com crianças para que se ocupem com atividades e que seus vínculos familiares sejam respeitados e fortalecidos. Já o Creas, que está sob a coordenação da Sônia de Almeida, tem objetivo de trabalhar com crianças e pessoas que já sofreram alguma violência. “Temos dentro do Creas o projeto Piracema e Casa Lar para que as crianças e adolescentes superem seus problemas e voltem a conviver com seus familiares”.