Francisco Carlos Caldas

Este escriba é fã de educação e cidadania, e é  de pouca reza, mas não é por muita ou pouca reza, que enfrenta assombrações que aparecem, daí, não nos aprofundarmos em  Bíblia, mistérios, e comungarmos do dito pelo estadista e ex-presidente norte-americano Abraham Lincoln: “Quando faço o bem, sinto-me bem; quando faço o mal, sinto-me mal, eis a minha religião”; e a conclusão filosófica própria: “Deus é infinita bondade”, e o seu Plano é sábio, perfeito, maravilhoso, e coronavírus Covid-19 e suas cepas variantes, não é nenhum castigo, mas consequências do que fazemos ou dos que outros nos fazem e afetam nossas vidas; da  liberdade, livre arbítrio, fraquezas humanas, vícios,  desrespeitos à natureza.

            Tem um parente meu, que está com o entendimento de que Deus se entatetou conosco. Que o Criador está bravo, nervoso, revoltado, e resolveu distribuir castigos a rolê, a aí, sobra até para pessoas boas, corretas, justas, cristãs. Sem entrar no mérito e aprofundamento, divergimos dessa linha de pensamento. O mal, as injustiças, a fome, falta de trabalho, de habitação e vida digna, é consequência de erros e fraquezas humanas. Deus não é carrasco, é INFINITA BONDADE e não castiga ninguém. Nós é que botamos os pés pelas mãos, e complicamos as coisas, e outros nos complicam.

            Já ouvimos dizer que de perto ninguém é normal; que de médico e louco todos temos um pouco. Daí a importância e necessidade de respeitar  as diferenças, o cada um no seu quadrado, mas sem esquecer que a minha liberdade termina, quando começa a de outrem, e que a vulgaridade confuciana de se ser só ou mais exigente para com os outros, e pouco nada exigente pra consigo mesmo é coisa feia, ridícula, asquerosa.

            Já dissemos em outras reflexões que se tivéssemos feito medicina, seríamos psiquiatra; se tivesse nascido mulher, seria psicóloga. E temos um certo fascínio por entender o que passa pela cabeça das pessoas, as loucuras e esquisitices de cada um. E a gente vê, ouve e constata cada coisa! E já lemos  3 (três) livros  da médica carioca Drª. Ana Beatriz Barbosa Silva, e também a obra  “O Alienista” de Machado de Assis.

            Já várias vezes ouvimos e vimos vídeo do saudoso Ariano Suassuna, com abordagem sobre os loucos que fazem parte do folclore e da vida de cada cidade. Muito interessante e reflexivo. E seu pai quando Governador do Estado de Paraíba, construiu em João Pessoa, um Complexo Psiquiátrico, que recebeu o nome de Juliano Moreira, consagrado médico baiano  e psiquiatra, que introduziu o trabalho como meio de tratamento de loucos. E até contou que na inauguração, que teve apresentação com vários carrinhos de mão, e um dos loucos que conduzia um, ficou com o carrinho virado.  E quando indagado disso, disse que era para que não colocassem coisas, peso no mesmo. É aquela velha história, daqueles que são loucos mas não são tongos.

            No Livro “O Pinhão que eu conhecei”, volume 1 (um) do seu Renato Passos Ferreira, nas páginas 59 a 65 há um capítulo “Os loucos de Pinhão”.

            Este escriba é sistemático, tem lá suas manias e até algumas obsessões, mas o fundamental é se policiar e ter MECANISMOS DE DEFESA, das ações de falhas e fraquezas próprias e malezas dos outros.

            Este ser tem problemas de se desfazer das coisas. Fica acumulando coisas, com receios de descartar  alguma coisa e vir do descartado precisar posteriormente. Isso vai de entulhos e outros resíduos, até informações de leituras, a ponto de ter virado colecionador de pensamentos/frases. E isso tem um lado bom, “Quem guarda o que não precisa, tem o que precisa” (dito de seu Antoninho Tussolini Lima). E um lado ruim, que é o estresse de ter que encontrar um jeito e lugar de conviver com essas acumulações.

            O saudoso professor e amigo de trabalho na Câmara Municipal de Pinhão, Teodósio Bedreski, tinha a mania de guardar  jornais, revistas, escritos. Se apegava a reportagens e informações, e vivia nos repassando acontecimentos e informes. Ao ser brutalmente e desnecessariamente  espancado em sua humilde residência, que resultou em morte no dia 15/01/2010, levou para sepultura, muitas histórias e conhecimento. Por muitos anos foi quem fazia as atas e quase todos os escritos da Câmara Municipal de Pinhão, mas escritos de ideias próprias e seu pensamento em relação as coisas e mundo, lamentavelmente quase nada deixou até onde é do nosso conhecimento. E foi também uma lamentável vítima do alcoolismo e da violência, insegurança que nos castiga.

            Este ser está incompatibilizado com um montão de coisas que estão acontecendo por aí, e o que pensa entra em choque com uma série de coisas, e já chegou até pensar na hipótese de quem sabe não estar bem da cabeça e precisando de tratamento psiquiátrico, terapia, psicanálise, acompanhamento psicológico. E pensa, analisa, reflete, ouve e lê muitas coisas, mas não consegue encontrar insanidade em atos, ainda que de médico e de louco todos têm um pouco, e a crise e inversão de valores que reina em muitos segmentos, bagunça e ofusca um tanto a nossa inteligência social. De consequência desse contexto,  este já fez até um outra crônica publicada na edição de 26/04/2021 deste Jornal Validade vencida, mas ainda não na hora de morrer.

Francisco Carlos Caldas, advogado, municipalista e cidadão.

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