Foto: Renata Brasileiro Franco
Redação Fatos do Iguaçu
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A líder comunitária Dona Iracema Correia dos Santos, de 64 anos, foi assassinada a tiros na noite de quinta-feira, 19 de dezembro de 2024, em sua residência no Faxinal Bom Retiro, município de Pinhão-PR. Reconhecida pela defesa dos direitos territoriais dos povos faxinalenses, sua morte é atribuída aos conflitos de terra que há anos assolam a região.
Uma Vida de Luta pela Comunidade
Dona Iracema, casada com Adão Corrêa, nasceu e se criou no Faxinal Bom Retiro, onde educou filhos e netos. Era conhecida por sua coragem na luta contra a grilagem e por sua dedicação em proteger o território faxinalense. Desde 2005, fazia parte da Articulação dos Povos Faxinalenses (APF), atuando nos coletivos de educação e território.
Sua luta pela demarcação e preservação das terras faxinalenses era constante, assim como sua militância pela construção de uma escola municipal na comunidade — uma reivindicação que nunca foi atendida pela prefeitura de Pinhão.
Suspeitas de Crime Relacionado a Conflitos Fundiários
De acordo com a nota divulgada pela APF e pelo Núcleo em Defesa dos Direitos de Povos e Comunidades Tradicionais (NUPOVOS/IFPR), as circunstâncias do assassinato de Dona Iracema sugerem um possível crime motivado por disputas de terra, uma vez que a líder vinha sofrendo ameaças e intimidações desde 2006. Seu nome constava no Caderno de Conflitos do Campo da Comissão Pastoral da Terra (CPT) devido ao histórico de violência enfrentado pelos faxinalenses.
Conflitos Aumentam na Região
A morte de Dona Iracema ocorreu em um momento de crescente tensão nos territórios faxinalenses, intensificada por invasões de grileiros, avanço do agronegócio e grandes empreendimentos. Apesar de o Faxinal Bom Retiro ser reconhecido como uma Área Especial de Uso Regulamentado (ARESUR) desde 2014, a proteção efetiva do território é considerada insuficiente.
Recentemente, havia esperança com a retomada da criação da primeira Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS Faxinais) no país, uma iniciativa que receberia a visita de técnicos do ICMBio em janeiro de 2025.
Pedido de Justiça e Solidariedade
A APF e o NUPOVOS exigem uma investigação rigorosa por parte da Secretaria Estadual de Segurança Pública (SESP) e outras entidades responsáveis. Pedem ainda o apoio do governo federal para garantir proteção e justiça aos povos faxinalenses e a todos os povos tradicionais do Paraná.
Em nota, a APF manifestou solidariedade à família de Dona Iracema e reafirmou o compromisso de continuar a luta pela terra e pelos direitos dos faxinalenses.