Por Nara Coelho
Paula Micheli Pasqualin, é uma mulher…
Tímida, decidida, de fé, que sonhou e conquistou, que ama viajar, que é firme, gosta de ter o controle de tudo, mas gosta de resolver tudo com uma boa conversa.
Não gosta de injustiça, de mentir, é de coração solidário e perdoa fácil, o que a leva a ser desconfiada, já que as pessoas abusam.
É detalhista, perfeccionista, impaciente, como ela diz “Enfim, sou chata, e como toda mulher, tem dia que me acho linda em outros, meu Deus… (risos)
Vê nas dificultas a aprendizagem, “Como mulher eu aprendi a lutar pelas coisas, as dificuldades, são a escola da vida, sou o resultado das dificuldades que enfrentei e superei”.
Infância
Paula é pinhãoense, a filha do meio do casal Lucia Antunes Pasqualin e Danilo Pasqualin (in memoria), cresceu na cidade, mas aproveitou muito tudo que o interior tem para oferecer, já que o pai tinha uma chácara. “Morávamos aqui na cidade, mas iamos muito para a chácara, não posso dizer que fui uma menina da cidade, a minha infância foi ótima, melhor que agora, a gente brincava na rua com as vizinhas, os amigos da escola”.
Paula é uma advogada que se impõe… “Sou briguenta” (risos)
Fui recebida pela bela mulher, Paula Pasqualin, para a nossa conversa sobre o ser mulher, em seu escritorio de advocacia.
No ensino fundamental já pensava em ser advogada, “Eu sempre gostei de bicho, inclusive, quando estudei no Colégio Santo Antonio, a professora Amélia sempre me dava uns cachorrinhos, assim no tempo do ginásio eu pensava em ser veterinária ou advogada. A escolha por ser advogada não sei de onde veio, talvez porque desde pequena eu não gosto de injustiças nem comigo e nem com outros, quando vejo ou fico sabendo de uma, fico muito chateada, me faz mal”.
Paula fez no Ensino Médio o curso de Tecnico em Processamento de Dados, um dia, ao passar em frente a faculdade Campo Real, traçou seu destino profissional, “Eu estava passando em frente a Campo Real e disse: eu vou estudar aqui e me formei em Direito lá”.
Hoje a advogada Paula já tem uma carreira estabelecida, tem uma pós-graduação em direito público e defende com garra seus clientes, “ Sou briguenta, pelo meu espaço e pelo meu cliente, me posiciono firme”.
Um espaço masculino
Diretamente, Paula não sofreu o preconceito ao atuar como advogada, encontrou dificuldade no sentido de ser nova, mas reconhece que a advocacia é um espaço masculino, que ainda há muitos advogados, juízes e promotores que tentam subjugar as advogadas, “No inicio é pior, porque ai eles olham e pensam, uma menina, acham que a gente não tem capacidade, mas é uma questão da gente ir se educando, a estudar e mostrando que é diferente do que eles pensam, eles tentam, mas quando a gente se impõem, o respeito vem, o preconceito some”.
Ela complementa, “Eu até não encontrei muita resistência, o povo não me trata muito diferente porque eu já chego me posicionando”.
De repente mãe…
Ser Mulher é estar a todo momento tendo que provar que se pode, que se é capaz e quando a Mulher se torna mãe, a felicidade é grande, mas as dificuldades e os preconceitos aumentam.
Paula Pasqualin viveu esse preconceito…
Aos 22 anos, ainda cursando a faculdade de Direito, ela se tornou mãe do Vinicius Ettore Pasqualin, hoje com dezoito anos. “Dos colegas nunca senti preconceito, mas, de alguns professores a gente sentia uma resistência por ser mulher e por vir do interior, do Pinhão, mas a gente vai aprendendo a lidar com essas situações e vai inclusive se fortalecendo”.
Um juiz, um professor, o preconceito…
Paula estava em ritmo de estágio, concluindo o curso de Direito e a Faculdade ofertou um curso extra na área do Direito, ela decidiu fazer, encontrou um professor machista, “Eu tinha tido meu filho e ele foi bem machista, “mulher não dá conta da faculdade do curso e do filho”, ele tentou claramente me desestimular a continuar fazendo o curso, a gente não espera isso de um juiz e professor. Mas eu fiz o curso e dei conta dos estágios e tudo o mais e de cuidar do meu filho”.
Ser mãe…
“Eu nunca me imaginei ser mãe, eu sempre quis ser independente, falava desde pequena, eu vou estudar, ter minha casa e vou viajar, mas o filho veio e foi importante, com o Vinícius cresci e aprendi muitas coisas, ser mãe nos amadurece”.
Paula trouxe da educação que recebeu de seus pais um educar mais rígido, mas ela é mais próxima, dialoga mais com o filho do que era no seu tempo, “Sou mais amiga do meu filho, converso muito com ele. Sou linha dura”.
“Ser mãe foi muito bom, mas mantive meus objetivos e os alcancei”.
Cuidar de si
A advogada se cuida, vai à academia, cuida do seu bem-estar físico e espiritual. “É importante tirar um tempo para se cuidar, até para a saúde, sem exagero, sem ficar aficionada, tem que ter um tempo para si, não é perda de tempo, é se cuidar. Se cuidar no todo. Cuidar da pele, dos cabelos, um simples fazer as unhas já ajuda muito, pois quando estamos fazendo essas coisas, estamos dando um tempo na correria da vida, no estresse do trabalho”.
Mas como toda mulher, ela confessou, “Às vezes, quando estou na academia, começo a pensar em tudo que tenho que fazer, aí começo a ficar preocupada, mas já me lembro o bem que aquela atividade física faz para mim, que eu mereço esse tempo. Cuidar de mim é me preparar para as lutas diárias.
O mundo mudou…
Para Paula o mundo mudou, se comparar entre o tempo da dona Lucia, sua mãe, e hoje, ela diz que as oportunidades para as mulheres melhoraram, “A geração da minha mãe era ainda muito dependente dos pais e maridos, as oportunidades para buscar seu espaço eram bem menores. Hoje as oportunidades das mulheres estudarem, fazer faculdade, terem uma profissão é muito maior”.
Ela é das que briga por seus direitos, “Ainda encontramos e muito o machismo, a ideia de subjugar as mulheres, mas eu sou “briguentinha” não importa quem é o direito, as oportunidades têm que ser para todos”.
Um conselho para a Paula de 15 anos
Perguntei para a advogada que conselho ela daria para ela mesmo, se ela pudesse encontrar-se com ela aos 15 anos, e no meio de muito riso ela respondeu rápido, “Para gastar menos, muitos risos, eu sou um pouco gastadeira”.
O amor…
Para Paula é importante a pessoa ter um companheiro, uma companheira e que no caso dela, o amor veio na hora certa.
Ela tem como companheiro o ex-vereador Rodrigo Dellê, com uma relação de compromisso e companheirismo, mas com espaços bem definidos e independência “Hoje está tudo muito banal, é preciso se ter alguém, isso traz crescimento, é importante cuidar da família, ela é a nossa base”.
Ser independente…
Paula reforça “A mulher precisa ser independente, é importante ser capaz de tomadas de decisão, senão ela fica vulnerável, precisa ter sua atividade, trabalhar, ter seu estudo, fazer seus posicionamentos, não pode se anular pelo outro”.
Mas, no dia-a-dia da sua profissão, a realidade é outra “Como advogada vejo como muitas mulheres, infelizmente, ainda vivem na dependência, e muitas mulheres jovens”. “A mulher precisa ter sua participação nas decisões da família, ela não pode se anular”.
Realização…
As dificuldades existiram, foram financeira, timidez, medo de falar, passou pelo preconceito de ser do Pinhão, “Eu fui enfrentando cada dificuldade e trabalhando, no meu tempo não era comum ter psicólogo para nos ajudar como hoje tem, a gente precisava ir se resolvendo. Sempre tive comigo, ninguém é melhor do que ninguém, eu sempre busquei o melhor para mim e corri atrás e sou sim o resultado dessas dificuldades, elas acabam sendo a nossa escola da vida”.
Paula tem sonhos e muitos, mas diz que se considera realizada, “Eu consegui realizar meus sonhos, tenho minha casa, minha profissão, viajo, sonhos mil, pois é preciso sempre se melhorar, renovar, fazer, crescer”.
Ser mulher para Paula é…
É pesado, mas é ao mesmo tempo uma satisfação ser mulher. É dificil, principalmente no interior, porque nós temos que conquistar a nossa independência, provar que somos capazes, mas é bom.
É essencialmente ser mãe, no sentido que a mulher quer cuidar, quer fazer, é detalhista, cuidadora protetora, guerreira, é delicada.
Mulher consegue fazer muitas coisas, trabalhar, cuidar da casa, dos filhos, ser companheira e fazemos tudo bem-feito. Às vezes a gente até dá uma “piradinha”, uma choradinha, reclama, o que é normal, ainda temos que estar bonitas”.
Ela complementa, “Para mim é mais pesado ainda porque sou controladora, dominadora, perfeccionista, detalhista, (entre risos) resumindo, pego no pé, sou chata”.
Quem é a Paula Pasqualin hoje…
“Sou alguém tentando me aproximar mais de Deus, me dando o direito de tentar e errar, mas me dedicando para cada dia vencer a mim mesma”