___________________________
Para quem tem estranhamento com a disciplina, o isolamento social pode induzir a comportamentos prejudiciais à saúde, como ingerir alimentos de pior qualidade, passar mais tempo sentado em frente às telas e movimentar-se menos ao longo do dia.
Especialistas estimam que a redução no nível de atividade física observada nos primeiros meses de quarentena pode gerar um aumento anual de mais 11,1 milhões de novos casos de diabetes tipo 2 e resultar em mais 1,7 milhão de mortes.
Os dados foram anunciados por pesquisadores da Universidade Estadual Paulista (Unesp) em artigo publicado na revista Frontiers in Endocrinology.
“Trabalhos recentes mostram que indivíduos com diabetes têm risco maior de desenvolver a forma grave da COVID-19. E, quando não é bem controlado, as chances de morte são grandes. Outros estudos apontam que o confinamento reduziu consideravelmente o nível de atividade física, aumentou o comportamento sedentário e piorou a qualidade da alimentação”, afirma Emmanuel Gomes Ciolac, professor do Departamento de Educação Física da Faculdade de Ciências (FC) da Unesp, em Bauru, que coordenou o estudo.
A iniciativa tem como primeira autora Isabela Roque Marçal, que realiza mestrado na FC-Unesp e fez estágio de pesquisa na Universidade de Leuven, na Bélgica, com bolsa da FAPESP. Como base, foi levado em conta um levantamento internacional on-line de grupo de 35 instituições de pesquisa de vários continentes.
De acordo com os resultados, ainda preliminares (referentes aos primeiros mil voluntários que responderam ao questionário), nos primeiros meses de confinamento houve redução de 35% no nível de atividade física e aumento de 28,6% nos comportamentos sedentários, como passar mais tempo sentado e deitado, além de maior ingestão de alimentos não saudáveis. Estudos anteriores já mostravam que a inatividade física foi responsável por cerca de 33 milhões de casos de diabetes tipo 2 em 2019 e 5,3 milhões de mortes em 2018.
“É importante destacar que existe diferença entre níveis insuficientes de atividade física e comportamento sedentário. Uma pessoa insuficientemente ativa é aquela que não atinge a recomendação mínima da Organização Mundial da Saúde”, diz Ciolac. A OMS orienta que adultos entre 18 e 64 anos pratiquem por semana ao menos 150 minutos de exercício aeróbico moderado ou 75 de alta intensidade.
Por outro lado, ele completa, o comportamento sedentário está associado ao tempo que o indivíduo fica sentado ou deitado. Estudos atentam que mesmo pessoas fisicamente ativas podem ter prejuízos à saúde ao passar muitas horas em frente à TV ou computador, por exemplo.
Assim, recomenda-se que quem trabalha muitas horas em frente ao computador levante a cada meia hora e realize alguma atividade leve, de dois a cinco minutos, como andar pela casa ou ambiente de trabalho, subir e descer escadas ou qualquer outra que seja possível.
Lembrando que recomendações da OMS incluem exercícios que possam ser acompanhados por meio de aulas on-line, normalmente disponíveis gratuitamente em sites; pausas curtas ao longo do dia para dançar, brincar com os filhos ou realizar atividades domésticas mais intensas, como limpeza e jardinagem; andar dentro ou em volta de casa, subir e descer escadas ou mesmo andar parado no lugar.
O grupo da Unesp sugere ainda exercícios que usem o próprio peso do corpo para fortalecimento muscular, como abdominais, sentar e levantar da cadeira, flexões, além de atividades aeróbicas perto de casa, feitas com segurança, como caminhada, ciclismo e corrida. Tudo isso somado a uma alimentação saudável, com legumes, frutas e verduras, principalmente, evitando alimentos processados.
Fonte – FAPESP