EDITORIAL
Corrupção não é um ato solitário
A gestão foi de 2013 a 2016, o levantamento de informações e todos os trâmites do processo no judiciário levaram dois anos, isso do primeiro processo que foi julgado e tornado público do ex-prefeito de Reserva do Iguaçu. Que bom que já houve o julgamento na primeira instancia.
Bem, o problema com a justiça brasileira começa aqui, mesmo o sujeito tendo desviado R$ 253.782,46, do município e ter mais onze processos movidos pelo Ministério Público que mostram fortes indícios que o total de dinheiro desviado chega a milhões, esse sujeito pode recorrer da sentença dada em liberdade.
Essa situação provoca outras indagações, se existe o Tribunal de Contas que tem a função de verificar o dinheiro público, os gastos e investimentos das prefeituras, como um prefeito consegue “administrar” durante quatros um município sem serem descobertos os desvios dessas verbas, que no caso específico de Reserva do Iguaçu, além dos valores totais irem muito além de um milhão, ainda estava com a informação de dados para vários sistemas de controles e para programas estaduais e federais extremamente defasados.
Com toda a tecnologia que se tem hoje, como que ainda não se consegue cruzar dados entre Tribunal de Contas e Ministério Público, esses ditos sistemas de controle? Por que é preciso que o gestor saia do cargo para só aí ser investigado? Bem, essas são questões que talvez exija muita reflexão e pesquisas dos cidadãos para encontrar as respostas. Porém, é fundamental que os cidadãos de bem, comecem a refletir e exigir a melhorados canais de transparência e de controle do dinheiro público.
Um ponto curioso nesses aspectos de controle de verbas públicas é que vários agentes políticos gostam muito de citar os acertos do setor privado, mas não se vê esses mesmos agentes políticos lutando para se implantar os sistemas de controle do setor privado no público. Outro ponto que o processo do ex-prefeito mostra é que para os agentes políticos realizarem os seus desvios e corrupções eles precisam do auxilio consciente ou não, acordado ou não de servidores públicos e até de cidadãos comuns.
Assim é importante que as pessoas comecem a derrubar essa ideia que a corrupção, o desvio de verbas, é coisa de político. A corrupção é coisa de todos aqueles que visam e se preocupam exclusivamente com o seu umbigo, das pessoas que acreditam que é possível sempre levar vantagem, que os interesses, mesmo que escusos, de uns pode prevalecer sobre o bem-estar de todos.