Cadeiras vazias…
Um filósofo afirmou que se as pessoas suportarem a tua alegria, o teu sucesso, realmente elas são tuas amigas. Porque o ser humano é muito mais capaz de ser solidário e conviver com a dor do outro do que com a alegria e o sucesso. A abertura da Semana da Pessoa Deficiente Física e Intelectualmente, nos fez relembrar esse pensador.
Porque é notório que quando a APAE pede ajuda para fazer os lanches para essa semana ou os ingredientes para o jantar, que anualmente é organizado, muito rapidamente ela vê seu pedido sendo atendido. A maioria das pessoas que doam sempre dizem, ou melhor, pensam: “Não dá para dizer não para a APAE, ela trabalha com os coitadinhos”.
Isso é triste! Colaborar é importante, essa ajuda material é fundamental que se continue dando, eles também precisam disso. Porém, precisam muito mais de atenção, carinho e respeito. O doar fica fácil porque não exige nem ir lá na Escola Pequeno Príncipe, eles passam pegar. Assim, num ato corriqueiro, sem compromisso, se alivia a consciência, afinal foi feita uma ajuda aos “coitadinhos” e que nem exigiu um mínimo de comprometimento, logo, essa ajuda foi perfeita. Contudo, já está mais que passado da hora das pessoas compreenderem que os alunos da Escola Pequeno Príncipe não são “coitadinhos”, são gente se fazendo e aprendendo ao seu ritmo próprio.
São seres humanos belos, inocentes e cheios de amor. Querem muito mais que ajuda material, querem respeito e que vibrem com suas conquistas. A abertura oficial da Semana mostrou o quanto os alunos especiais são capazes de realizar, participar e se enturmar com os outros alunos, mas quem estava lá para vibrar e aplaudir?
Famílias, professores, técnicos que já atuam com eles, uma e outra escola com alguns alunos. Secretários diretamente ligados à área. Sim, o belo espetáculo foi visto por poucos. Talvez porque esses alunos não votem, as tão costumeiras lideranças políticas que sempre estão nos eventos não estavam lá. As lideranças da sociedade e empresários, pelo jeito tinham uma agenda cheia demais para tirar uma hora para ver o belo acontecer aonde se imagina que lá ele não possa estar.
As ONGs e conselhos ligados aos programas sociais estavam, talvez, ocupados demais com os seus problemas que esqueceram que é preciso dar as mãos, pois os problemas se entrelaçam. As escolas que sempre reclamam que ninguém valoriza o seu trabalho, na sua grande maioria, pelo jeito não tinham em toda a sua equipe ninguém que pudesse ir lá apreciar e valorizar a apresentação dos alunos especiais.
Existem várias modalidades de educação, mas todas são na essência o trabalho pela formação de um novo e melhor ser humano. Talvez por esse mau hábito de ficar cada qual no seu quadrado que os profissionais da educação sejam tão pouco valorizados pelos governantes.
Bem, foi triste ver o CTG com tantas cadeiras vazias… Contudo, foi maravilhoso ver o quanto as crianças e jovens especiais podem! Quem foi, teve o privilegio de sair com o coração cheio de alegria, emoção e com a certeza que quando a alma não é pequena tudo é possível e belo.