Cem dias
Dois prefeitos, duas realidades e experiências distintas, e o mesmo pedido à população – paciência. Sebastião Campos assume pela terceira vez o comando dos rumos de Reserva do Iguaçu. O que há em comum entre esse seu mandato e os outros? Que pela segunda vez recebe a prefeitura desestruturada, sem crédito com os fornecedores, sem negativas, sem estrutura administrativa. Há de se reconhecer que mesmo sendo experiente, o susto foi grande, pois dessa vez o problema e desestruturação deixaram as dificuldades passadas, encontradas na sua primeira gestão, fichinhas. Odir Gotardo, eleito após uma persistência de dezesseis anos a prefeito de Pinhão, como gestor público, um estreante e pisa no palco da gestão pública com vontade e garra, não correndo dos desafios, pois aceitou ser presidente da Cantuquiriguaçu. Não encontrou o município desorganizado e desestruturado como Reserva do Iguaçu, mas encontrou dívidas, quilômetros e quilômetros de estradas em péssimas condições, pátio de maquinas em péssimos estado e uma imensa expectativa da população em relação ao seu governo. Sebastião, sem a mínima condição, nem mesmo de receber a população, iniciou seus primeiros cem dias com as portas da prefeitura fechadas. Odir quebrou uma “tradição” e no mês de janeiro, manteve as portas da prefeitura abertas e trabalhou com sua equipe a todo vapor. Com certeza, há muitas diferenças entre a gestão desses dois prefeitos, mas há, com certeza, muito em comum entre eles. O mais gritante, é que eles têm um desejo de acertar, de fazer uma administração voltada ao público, aos que mais precisam do poder público. Outro ponto comum, começaram planejando, pensando, refletindo a ação pública e se reconhecendo como servidores públicos e passando essa idéia e jeito de ver a gestão para sua equipe de frente. Outro ponto que dá sinal de um jeito novo de governar e que eles tem se encontrado, buscado soluções juntos para problemas comuns. Realmente é preciso admitir que, sente-se um andar diferente nessas administrações, alguns vícios tão comuns, não se têm visto. Começaram perfeitas? Não! Em ambas houve erros, em alguns pontos foram muito iguais aos anteriores. Mas também reconheceram seus erros e buscaram corrigi-los logo, sem medo de dizer ok, erramos, vamos tentar de outro jeito. Mas, se os problemas são tão diferentes, porque ambos pedem paciência? Porque ambos vêm demonstrando que tudo exige responsabilidade e deve ser feito de forma organizada, com qualidade para não se gerar problemas lá na frente. Porque ambos, em maior ou menor proporção, têm entraves a vencer antes de começarem com afinco a mostrar como vão resolver os problemas, superar índices terríveis como do IDH e IDEB. Nesse ponto é louvável. Mostra responsabilidade com o que é publico e preocupação em garantir mais que um serviço, mas garantir a oferta de um serviço público de qualidade. Acreditamos que esse voto de confiança deve ser dado pela população, claro, mas essa deve ficar atenta como nós, acompanhar, participar, questionar, pedir transparência de ações e dados, até porque já se tem vivencia suficiente para saber que de prosa todo político é bom e de boa intenção o inferno está cheio.
Capa e Editorial da Edição nº: 792
07/04/2017 - 14:17
Autor: Naor Coelho