Reportagem da Edição nº: 610 de 26 de julho de 2013
Era por volta da 20 horas de segunda-feira, noite de 22 de julho, quando começaram a cair os primeiros flocos de neve, e a expectativa de ver a paisagem coberta por um manto branco e fofo aumentou. Dia 22 de julho de 2013 ficará eternizado nas lembranças de cada um como o dia que os pinhãoenses tiveram a alegria de brincar que nem criança, atolar o tênis na neve fofa, arriscar uns escorregões no gelo, fazer bonecos e guerra de bola de neve e tirar milhões de fotos com paisagens branquinhas.
O fascínio pela neve fez os pinhãoenses esquecerem as baixas temperaturas. Pelas ruas, as pessoas partilhavam o encanto de passear na neve. E sorriam, indiferentes ao ritmo do tiritar de frio. Ana Carla Rampaneli Deparis, 21 anos, e a família, correram para fora assim que começaram a cair os primeiros floquinhos. “Foi uma diversão só! Quando começou a cair corremos para fora para poder admirar melhor essa beleza que a natureza estava nos proporcionando”. E com o acúmulo de neve sobre os carros estacionados na rua, começou a brincadeira. “Ao invés de construirmos bonecos de neve como a maioria, resolvemos fazer uma guerrinha de bola de neve. Chegaram mais alguns conhecidos, e os vizinhos também entraram na brincadeira. Resumindo, foi lindo, e muitooo gelado! Toda a cidade estava linda, e a união das pessoas brincando, fotografando e admirando toda aquela beleza é o que mais recompensava”, afirmou Ana Carla.
Adultos, jovens, idosos e crianças, todos rendidos ao espetáculo da neve. Pâmella Lustosa da Rocha e as filhas Isadora e Giulia aproveitaram o momento. “A Isadora e a Giulia amaram brincar com a neve! Foi uma sensação indescritível, única. Tínhamos curiosidade de saber como é caminhar na neve e agora sabemos que é muito lisa e escorregadia, pudemos sentir a textura e claro, fazer um boneco de neve, algo que parecia estar muito longe da nossa realidade, mas graças à perfeição e dádiva de Deus fomos agraciados com esse fenômeno”.
De máquinas fotográficas em punho, os pinhãoenses guardarão as fotos do dia que Pinhão se transformou em um cenário mágico que, para muitas crianças e adultos lembrou os filmes ou os postais dos países frios do Norte da Europa. Orgulhosos, montavam o boneco de neve, um sonho realizado. “Foi uma experiência inesquecível, uma sensação sem explicação. Apesar do frio foi como se eu fosse uma criança brincando de fazer bonecos de neve, guerras de bolinhas, foi muito divertido. Sem contar que as fotos ficaram maravilhosas, eu só tinha visto coisa parecida em filmes”, comentou Osvaldo Boeira da Cruz, 25 anos.
Os adultos voltaram a ser criança. “Lembro de ter visto neve faz alguns anos, final dos anos 70, mas era bem pouquinho, a gente tinha que ficar esperando e observando se não nem via. Agora foi um verdadeiro espetáculo, estou curtindo muito as fotos na internet”, disse Elia Duarte, 49 anos. Para Eunice Oliveira, 50 anos, foi uma emoção muito grande. “Apesar de todo frio eu curti muito a neve, foi muito emocionante”.
A neve deu o ar da graça em pelo menos 14 cidades do Paraná e deixou eufóricos moradores que nunca tinham presenciado o fenômeno. O Instituto Tecnológico Simepar confirmou o fenômeno em dez cidades do Paraná: Araucária, São Mateus do Sul, Pinhão, União da Vitória, Guarapuava, Lapa, Toledo, Palmas, Paula Freitas, Irati, Campo Largo, Fazenda Rio Grande, Cascavel, Pato Branco, Porto Vitória, Antônio Olinto, Campo Magro, Colombo, São José dos Pinhais, Cantagalo, Apucarana, Cambira, Maringá e Jaguariaíva.
Última nevasca em Pinhão ocorreu em 1965
Segundo moradores mais antigos, uma nevasca desta proporção já ocorreu em território pinhãoense. Naer Coelho, 76 anos, conta que a neve caiu à noite e que ao amanhecer, ao abrir a janela estava tudo branquinho. “Naquela época havia poucos moradores em Pinhão. Não me recordo que tenha tido tanta euforia como agora, mas a neve cobriu tudo, chegou a quebrar galhos de pinheiros que não suportaram o peso do gelo”.
Renato Passos,diz que a nevasca durou três dias e que foi muito intensa. “Ficou tudo branquinho, muito bonito”. Ele conta que conversando com os mais velhos, eles disseram ter neve em Pinhão há 50 anos atrás. “Dá pra gente perceber que é um ciclo de 50 anos, então outra neve assim só em 2063”. Segundo eles, a nevasca ocorreu entre os dias 20 e 22 de agosto de 1965.
A beleza da neve traz também prejuízos
Apesar da beleza do frio, a neve e a geada são vilãs para produtores rurais, principalmente para os agricultores que trabalham com hortaliças.
O pinhãoense Denilson de Oliveira Hartt, tinha plantado em 2 alqueires no Faxinal dos Carvalhos, repolho, brócolis e couve-flor. Tudo foi perdido. “Não deu pra salvar nada. Quando vimos que estava nevando, corremos para a plantação para tentar proteger, mas mesmo assim foi perda total”.
Segundo ele, a estimativa é de aproximadamente 25 mil reais de prejuízo, sem contar que ficará no mínimo dois meses sem ter receita. “Agora é passar o trator e recomeçar o plantio. A previsão de voltar a colher é de dois meses”. Denilson vendia suas hortaliças em mercados locais e também em Guarapuava. Assim que recuperar a plantação, ele pretende investir em estufas.
Já os produtores de frutas como a uva e o pêssego, estão satisfeitos com o frio intenso. “As plantas agora estão no período de dormência e a floração inicia em setembro. O frio veio na época certa e isso é muito bom, nossa expectativa é de uma safra excelente, tanto na quantidade como na qualidade dos frutos”, comentou Leandro Guzzi.
VEJA ALGUMAS FOTOS DA NEVE
Fotos: Naor Coelho, Ana Carla R. Deparis e André Ferreira
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