Como o progenitor queria que o filho fosse doutor, assentou matriculá-lo num colégio, no Porto.
Preparado o enxoval, partiram para a Invicta Cidade do Porto, de barco.
Desceram o rio Douro. Ao desembarcar, Trindade Coelho perdeu-se. O pai, após muito o procurar, foi descobri-lo na esquadra!
Visitaram, depois a cidade. O futuro escritor de nada gostou, a não ser o mar.
Ao despedirem-se, agarraram-se a chorar, cheios de futuras saudades.
Mas o menino tinha que ser doutor!….
No colégio permaneceu 6 anos. Era conhecido pela alcunha de:”O Mogadouro”.
Receava os professores e os perfeitos. Ficou traumatizado e abalado o sistema nervoso; problema que o acompanhou por longo tempo.
Certo professor inumano, chegou a dar-lhe 37 palmatoadas seguidas!
Era-lhe proibido ler, a não ser livros escolares. Conseguiu, assim mesmo, ler: ” Os Três Mosqueteiros”, de Dumas, e mais dois livros.
Nas horas vagas, disfarçadamente, escreveu dois contos: “O Enjeitado” e “Uma Trovoada”, e artigo, que teve a coragem de o ler ao porteiro, que ficou encantado, e levou-o a um jornal. Foi publicado com o nome de: “José Coelho”
Feliz, enviou-o ao pai, que não gostou, e pediu-lhe para deixar de escrever.
Finalmente entrou na Faculdade de Direito de Coimbra. Estudou muito, mas nada entendia. O resultado foi ficar reprovado.
Entretanto escreveu um livro sobre: ” Direito Romano” que levou para ser publicado.
Quando saiu, ofereceu exemplar ao professor que o “chumbara”. Este arrependeu-se acerbamente de o ter reprovado e chegou a recomendar a leitura, da obra, aos seus alunos.
O pai, ao ter conhecimento da reprovação, quase deixou de lhe falar e cortou-lhe a mesada.
Não ficou descorçoado. Partiu para Coimbra. Estudava e escrevia nos jornais.
Assinava os artigos com o pseudónimo: ” Belisário”, ” Progressista Imparcial”, ” Porta Férrea” e por fim: Trindade Coelho.
Andava no segundo ano de Direito, quando recebeu a triste notícia da morte do pai.
(Continua)
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