Desde criança recebemos noções de maior racionalidade no aproveitamento das coisas de um modo geral, e meu saudoso pai era aproveitador de ferragens, engrenagens, galões, enfim resíduos sólidos que usou em artesanatos, tafona, roda d’água e pequena turbina que montou e usou para geração própria de energia elétrica em sua moradia e que chamava de “PU” em alusão a usina “ItapiPU”. Disso tudo a pregação e legado “Quem não zela do que tem não pode reclamar o que não tem”.
Minha também saudosa mãe, usava fazer “lavagem” de utensílios de refeições que usava para ajudar na alimentação de suínos de abate, não se jogar comida e coisas fora, enfim, fomos criados num ambiente de não se desperdiçar quase nada na linha de Lavoisier, químico francês que viveu nos anos de 1743-1794 que dizia: “Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”.
Da vida estudantil até os anos de 1978, e depois como cidadão comum e político, passamos também a ter preocupações com questões ambientais, poluição, lixo, e já na nossa primeira vereança no quatriênio 1989-1992, usamos energia e fizemos uso da massa cinzenta, para ações de melhor coleta e destinação de resíduos. E nessa época nos envolvemos com o programa “PAPA LIXO”, que Pinhão iniciou, teve destaque, e que a ideia era separar resíduos recicláveis, dos orgânicos e rejeitos, até para que o 1º. e pequeno aterro sanitário tivesse mais tempo de vida útil. Houve um concurso para escolha de frase símbolo da campanha, e o vencedor foi Luciano Lima, há anos professor universitário da UNICENTRO, e a frase foi “Lixo nem sempre é lixo. Pense nisso!”
Outros projetos se iniciaram, depois de 1992, e que geraram o Lixão na localidade de Faxinal dos Carvalhos e o aterro sanitário no Faxinal dos Ribeiros, já alvo de muitas polêmicas, desperdícios, sumiço de lona, críticas de gastos com transporte de resíduos para locais distante e outros problemas do gênero.
Agora nos dias 18-19/11/2024, a problemática voltou à baila, com as notícias de que o Município abriu uma licitação de valor limite de quase 8 milhões de reais, para enfrentamento da coleta e destinação de resíduos sólidos no próximo ano.
Quando estivemos Vereador na legislatura 2013-2016, fizemos proposição legislativa para incentivo fiscal, para melhor separação, coleta e destinação de resíduos sólidos, algo parecido com o incentivo da Bufunfa, só que a nossa proposta foi rejeitada, na linha de que o Município estava mal gerido, e pagamento de taxa de lixo e tarifa de caçambinhas para coleta de entulhos, e fornecimento de caçamba de terras, tudo tinha que ser de graça, e distorções e maldades ocorreram até nos colocando perante a população de que nós éramos o criador de pagamento de taxa de lixo, que sempre existiu e existe em todos os Códigos Tributários de Municípios, com mínimo de civilização e administração.
Em 4 imóveis nossos em Pinhão, 2 na rua XV de Dezembro, nºs. 173 e 185; um na rua Nilo Vivier, nº. 89 e um outro na rua João Ferreira da Silva, nº. 51 há anos fizemos casinha para que terceiros coloquem resíduos recicláveis, mas ainda, muitos resíduos viram lixo nas imediações, e casinhos recebem resíduos como fossem lixeiras e não local de colocação de resíduos em sacolas, e não de colocação no espaço de orgânicos e rejeitos, e o que já fizemos e fazemos de catança de lixo nas imediações não é pouco.
No aspecto de resíduos sólidos, o que está ocorrendo em Pinhão, é um atestado de incompetência, de FRACASSO não só dos pessoas comuns, como dos agentes políticos, na qual me incluo como político atuante principalmente de 1989-2016, e a própria Bufunfa é na prática uma enganação, pois, se devolve dinheiro da taxa de lixo até para sujismundos.
Esse assunto é delicado, complexo, e precisa ser melhor tratado no âmbito familiar, repartições públicas e privadas, com ênfase nas escolas, associações, igrejas. Os prejuízos e danos que o Município vem tendo, por não enfrentar o problema de forma séria, eficaz e eficiente, são expressivos e vergonhosos.
Esta crônica, não é só um grito de alerta, pedido de providências, mas de SOCORRO. Onde se viu tantos gastos, desperdícios, lambanças com resíduos!
No que depender deste munícipe e familiares, resíduos de qualquer espécie não virarão lixo, e correta separação, coleta e destinação e aterro sanitário racionalmente implantado terá anos de utilização e que dispêndios só ocorram os necessários e mínimos. E que orgânicos, galhos triturados de podas de árvores sejam usados para compostagem, adubo, ou galhos como lenhas para os mais vulneráveis.
(Francisco Carlos Caldas, advogado, municipalista e CIDADÃO
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