Francisco Carlos Caldas

Desde criança recebemos noções de maior racionalidade no aproveitamento das coisas de um modo geral, e meu saudoso pai era  aproveitador de ferragens,  engrenagens, galões, enfim resíduos sólidos que usou em artesanatos,  tafona, roda d’água e pequena turbina que montou e usou para geração própria de energia elétrica em sua moradia e que chamava de “PU” em alusão a usina “ItapiPU”. Disso tudo a pregação e legado “Quem não zela do que tem não pode reclamar o que não tem”.

Minha também saudosa mãe, usava fazer “lavagem” de utensílios de refeições que usava para ajudar na alimentação de suínos de abate, não se jogar comida e coisas fora, enfim, fomos criados num ambiente de não se desperdiçar quase nada na linha de Lavoisier, químico francês que viveu nos anos de 1743-1794  que dizia: “Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”.

Da vida estudantil até os anos de 1978, e depois como cidadão comum e político, passamos também a ter preocupações com questões ambientais, poluição, lixo, e já na nossa primeira vereança no quatriênio 1989-1992, usamos energia e fizemos uso da massa cinzenta, para ações de melhor coleta e destinação de resíduos. E nessa época nos envolvemos com o programa “PAPA LIXO”, que Pinhão iniciou, teve destaque, e que a ideia era separar resíduos recicláveis, dos orgânicos e rejeitos, até para que o 1º.  e pequeno aterro sanitário tivesse mais tempo de vida útil. Houve um concurso para escolha de frase símbolo da campanha, e o vencedor foi  Luciano Lima,  há anos professor universitário da UNICENTRO, e a frase foi “Lixo nem sempre é lixo. Pense nisso!

Outros projetos se iniciaram, depois de 1992, e que geraram o  Lixão na localidade de Faxinal dos Carvalhos e o aterro sanitário  no Faxinal dos Ribeiros,  já alvo  de muitas polêmicas, desperdícios, sumiço de lona, críticas de gastos  com transporte de resíduos para locais distante  e outros problemas do gênero.

Agora nos dias 18-19/11/2024, a problemática voltou à baila, com as notícias de que o Município abriu uma licitação de valor  limite de  quase 8 milhões de reais, para enfrentamento da coleta e destinação de resíduos sólidos no próximo ano.

Quando estivemos Vereador na legislatura 2013-2016, fizemos proposição legislativa para incentivo fiscal, para melhor separação, coleta e destinação de resíduos sólidos,  algo parecido com o incentivo da Bufunfa, só que a nossa proposta foi rejeitada,  na linha de que o Município estava mal gerido, e  pagamento de taxa de lixo e tarifa de caçambinhas para coleta de entulhos, e fornecimento de caçamba de terras, tudo tinha que ser de graça, e distorções e maldades ocorreram até nos colocando perante a população de que nós éramos o criador de pagamento de taxa de lixo, que sempre existiu e existe em todos os Códigos Tributários de  Municípios, com mínimo de civilização e administração.

Em 4 imóveis nossos em  Pinhão, 2 na rua XV de Dezembro, nºs. 173 e 185; um na rua Nilo Vivier, nº. 89 e um outro na rua João Ferreira da Silva, nº. 51  há anos fizemos casinha para que terceiros coloquem resíduos recicláveis, mas ainda, muitos resíduos viram lixo nas imediações, e casinhos recebem resíduos como fossem lixeiras e não local de colocação de resíduos em sacolas, e não de colocação no espaço de orgânicos e rejeitos, e o que já fizemos e fazemos de catança de lixo nas imediações não é pouco.

No aspecto de  resíduos sólidos, o que está ocorrendo em Pinhão, é um atestado de incompetência, de FRACASSO não  só dos pessoas comuns, como dos agentes políticos, na qual me incluo como político  atuante principalmente de 1989-2016, e a própria Bufunfa é na prática uma enganação, pois,  se  devolve dinheiro da taxa de lixo até para sujismundos.

Esse assunto é delicado, complexo, e precisa ser melhor tratado  no âmbito familiar, repartições públicas e privadas, com ênfase nas escolas, associações, igrejas. Os prejuízos e danos que o Município vem tendo, por não enfrentar o problema de forma séria, eficaz e eficiente, são expressivos e vergonhosos.

Esta crônica,  não  é só um grito de alerta, pedido de providências, mas  de SOCORRO. Onde se viu tantos gastos, desperdícios, lambanças com resíduos!

No que depender deste munícipe e familiares, resíduos de qualquer espécie não virarão lixo, e  correta separação, coleta e destinação e aterro sanitário racionalmente implantado  terá anos de utilização  e que  dispêndios só ocorram os necessários e mínimos. E que orgânicos, galhos triturados de podas de  árvores sejam usados para compostagem, adubo, ou galhos como lenhas para os mais vulneráveis.

(Francisco Carlos Caldas, advogado, municipalista e CIDADÃO

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