EDITORIAL
Uma realidade a ser enfrentada
Para uns, a vida é o dom maior que Deus deu às suas criaturas, para outros, é a força da natureza agindo, para alguns é o sopro do amor. Cada qual a define de acordo com sua visão de mundo. Mas todos, sem exceção, dizem que ela é valiosíssima, pois é ela que permite o existir e o porvir. Como diz Gonzaguinha, “Sempre desejada. Por mais que esteja errada, ninguém quer a morte.
Só saúde e sorte”. No entanto, as estatísticas têm demonstrado que, infelizmente, muitas pessoas e cada vez mais jovens tem optado pela morte. A cada ano o suicídio tem aumentado seu índice. Isso é preocupante, pois a vida por princípio é desejada, o poeta não está errado.
Porque as pesquisas mostram que quem escolhe o caminho do suicídio, na realidade não deseja a morte, mas acabar com a dor ou o vazio imenso que corrói a alma. É uma realidade difícil de lidar, que provoca muita dor e angústia, contudo, é uma realidade que está posta em proporções muito maiores que se imagina ou se gostaria, por isso é uma realidade que precisa ser enfrentada.
Enfrentada para se poder buscar soluções. Enfrentada para se poder prevenir, socorrer, acudir, acolher quem ronda a possibilidade de fazer essa escolha. É preciso falar das dores, das angústias, das perdas, das tristezas, porque a vida não é só beleza, alegria e felicidade. Na verdade, ela é muito mais ilusão, desilusão, dor, sofrimento, até porque como diz o poeta, viver é ser eterno aprendiz, não tem jeito, aprender dói. É preciso falar de suicídio, pois é preciso mostrar aos que passam pelo extremo da dor que a ideia de suicídio faz parte da vida, porém que sempre haverá outros caminhos a percorrer que são mais instrutivos e eficazes que o do suicídio.
È preciso falar sobre o sofrer de cada um, é preciso compartilhar a dor, pois a felicidade, a alegria, são sempre precedidas de muito esforço, de superação de obstáculos e dores e por isso ela, a felicidade é tão bela e rara. Contudo, é preciso falar do tema, discutir e principalmente ouvir.
Ouvir acolhendo, jamais julgando e muito menos condenando e de forma nenhuma diminuindo a dor do outro, pois o viver é peculiar de cada um. O sofrer é extremamente individual, não há dor que possa ser comparada, pois cada um traz em si a angustia e a dor de ser quem é.