Por Dartagnan da Silva Zanela

Uma afirmação, muito corriqueira, feita por aqueles que advogam a relativização do direito a existência é aquela que reza que muitas vezes a família não teria condições materiais para ter e manter o filho, por isso, o melhor a fazer seria, bem, seria fazer isso que você está imaginando. Pois é. Parece ser mais fácil sugerir isso que auxiliar uma família e proteger essa vida inocente e indefesa que está vindo ao mundo.

Mas, como todos nós sabemos, em regra, o caminho mais fácil, dificilmente é o caminho que deve ser seguido por nós. Resumindo: se for pobre não pode nascer? Supostamente, não teria direito? Sobre isso, há uma historinha que, peço licença aos amigos leitores pra contar. Há quase meio século atrás, havia um casal jovem que estava à espera duma criança.

Essa era um garotinho, mas, na ocasião, não sabiam ainda o sexo, haja vista que naqueles idos não havia ainda a tal da ecografia. Ambos trabalhavam na mesma empresa – uma loja de móveis, se não estou enganado – e, lá pelas tantas, a patroa fez uma proposta para a mulher que, em resumidas contas, era mais ou menos assim: a dona queria que a moça fosse uma espécie de X9, que ela relata-se, diretamente para sua pessoa, tudo o que era dito e feito dentro da empresa.

Ela ouviu isso e ficou calada. Chegando a casa, contou para seu marido o que lhe fora proposto e ele, também, ficou calado, chocado, sem saber o que dizer. Então ela, num desabafo, disse: amor! Eu não quero mais essa vida não. Vamos pedir a conta. E ele concordou. Ambos pediram demissão. Veja só. Ambos, numa época difícil, ficaram desempregados e estavam a espera duma criança.

De fato, não tinham condições de ter e manter, naquele momento, um filho. Seria mais uma boca pra alimentar. A solução, para aqueles que comungam da cultura da morte parece óbvia: aborte e evite maiores complicações, privações e sofrimentos. Pois é.

Mas eles não fizeram isso e aquele que era pra ser um peso – e provavelmente foi – para um casal que não tinha condições de ter um filho, hoje, cá está lhes escrevendo essas turvas linhas. Desculpe. Tenho que parar e não é pra tomar um café.

(*) Apenas um caipira bebedor de café.

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