Por Dartagnan da Silva Zanela (*)
ENTRE LINHAS TORTAS – Uma derrota, bem como uma vitória num pleito eleitoreiro são sinais dados pela sociedade que devem ser devidamente lidos tanto pelos vencedores, como pelos perdedores e, principalmente, por todos os cidadãos de bem.
Das várias leituras que podem ser realizadas, juntamente com as inúmeras variáveis que podem e devem ser levadas em consideração, há dois pontos que não podemos ignorar.
Primeiro: a soberba cega-nos, como ela deixa-nos obtusos! E, por isso mesmo, a queda, seja ela grande ou pequena, é um ato de misericórdia para abrirmos os olhos e voltarmos a enxergar a vida com olhos mais sensatos e com a alma humildemente reclinada frente à realidade de nossos atos.
Quanto à vitória, bem, essa é um teste. E que teste! Uma séria provação para averiguarmos de que material é feita a nossa alma. Exame esse que coloca a vista de todo aquele que tiver olhos e estômago para ver, a matéria pútrida que há no abismo de nossas entranhas.
Segundo: o povo, numa democracia, gosta sim de ser cortejado. Aliás, quem não gosta? Porém, isso não significa que ele, o tal do povo, seja um bicho bobo. Não mesmo. Bobo é que pensa assim. Ele, o povo, comete lá suas estripulias, mas não é estulto não. Não mesmo. Detalhe: com frequência muita gente esquece-se desse fato e acaba pagando caro por tal esquecimento.
Enfim, de um jeito ou doutro, a vida, em sua pedagogia, sempre está disposta a nos ensinar a verdade por entre a tortuosidade dos traços de nossa existência. Sempre. Porém, infelizmente, nós preferimos muitas vezes ignorar as lições que nos são ministradas por ela e, soberbamente, acabamos por optar em continuar agindo, pensando e vivendo de maneira atravessada. Fazer o que, não é mesmo?
APENAS UMA REFLEXÃO INDOLOR – Goethe nos ensina que devemos tratar a todos com decência e, tratar o semelhante desse modo, significa que, antes de tudo, devemos respeitar a inteligência alheia. Bem, é nesse desrespeito que reside boa parte das indecorosas imposturas de nossa sociedade.
Dum modo geral, a inteligência do povo é diuturnamente desrespeitada das mais variadas formas possíveis e, de tempos em tempos, ela é insultada de modo mais que avassalador por todas as hostes, que juram de pés juntos, serem seus fiéis benfeitores.
Pior! Com o devir dos dias, de tanto ter sua inteligência aviltada ela pode acabar degenerando na mesma medida em que é afrontada.
Enfim, não sei se é assim que a humanidade segue seu rumo, mas, com grande margem de acerto, esse é o ritmo do passo da brasilidade.
(*) Professor e bebedor de café.
e-mail: dartagnanzanela@gmail.com
UMA REFLEXÃO INDOLOR ENTRE LINHAS TORTAS
10/10/2016 - 12:16
Autor: Naor Coelho