Francisco Carlos Caldas

Temos uma característica até meio estranha de apegos a espaços físicos, e com muito mais intensidade e principalmente se nesses locais ocorreram coisas interessantes e de alguma forma marcante.

E taperas em regra nos despertaram e despertam reflexões e nostalgias, e até já abordamos sobre o assunto no Jornal “Fatos do Iguaçu” do dia 28/03/22.  As que mais nos impactam, é do local onde foi a moradia dos meus avós paternos Estevam da Silveira Caldas e Francisca de Oliveira Lima Caldas, na localidade de Capão Cortado, imóvel “Pinheirinho ou Fazenda dos Caldas” e que tinha até uma memorável tafona; o local da moradia dos meus tios Ana  Caldas da Silva e João Lino da Silva, em que hoje só há vestígios de palmeiras; o local onde residiu meus primos e padrinhos Luiz Lino da Silva e Laertes Caldas da Silva, nas proximidades do entreposto  de Pinhão da Cooperativa Agrária  Entre Rios; no imóvel Chácara, sede da Fazenda de Leonídia da Silva Dangui e Erondy Lustosa Dangui, onde ocorreram muitos e memoráveis bailes de fazenda, e também rodeios crioulos.

As antigas sedes de fazendas e moradias em regra eram instaladas em locais estratégicos, principalmente se levando em consideração olhos d’água, riachos ou riachinhos próximos, facilidade de acesso. E as vezes fico a questionar do porque sedes, de famílias com vários e até bastante descendentes, acabaram virando taperas.

Já até escrevemos e meditamos sobre problemas sucessórios, partilhas, condomínios que em regra são sementeiras de discórdias, e muitas divisões, espedaçamentos de propriedades, inviabilizam atividades rurais para pequenos produtores.

A sede da fazenda dos meus sogros Odilon Lustosa Mendes e Maria Izabel Mendes, na localidade de Butiá, em Reserva do Iguaçu, quase virou tapera. Não virou porque uma descendente construiu nova sede. A  antiga moradia da sede foi arrasada por um vendaval, o mesmo que destruiu em 06/05/2017 à sede da fazenda de Edison Mendes de Campos, ex e primeiro Prefeito de Reserva do Iguaçu, de saudosa memória por falecimento em 21/0/2019.

Quantas histórias, memórias, locais como esses despertam.

Outra coisa que mexe com este ser são linha férrea, trens e estações. Quis o destino que eu tivesse a oportunidade e graça de ser ferroviário nos anos de  outubro/1975 a  08/03/1981. Foi muito importante na vida deste pensante,  ter sido servidor da Rede Ferroviária Federal S.A./RFFSA, em Ponta Grossa e Wenceslau Brás. E até os dias de hoje, quando vemos trens, vagões, trilhos, estrada de ferro, estações, ficamos sensibilizado, nostálgico, e por xodó a ferrovias, trens, e  daqui uns tempos queremos levar minha neta a um passeio de trem até Morretes, e até veja estações que viraram taperas.

Na sede da propriedade rural que foi meus pais em Dois Pinheiros, ficou uma área em comum de 5 alqueires, e de 5 donos para o imóvel não virar tapera, e não virou, tem atualmente 3 moradias, mas a casa antiga virou tapera, e  reparos, manutenção precisariam ser feitas.

Em Reserva do Iguaçu, na localidade de imóvel “Torres”, Campina das Palmeiras, meus familiares tem um sítio, que foi levantado em cima de uma tapera que antigamente foi moradia de Pedro F. Caldas casado com Eloina Lustosa Mendes Caldas e  Odilon Lustosa Mendes, os dois últimos trisnetos do Coronel  Pedro Lustosa de Siqueira, e estamos dando murro em ponta de faca,  passando por perrengues e peripécias para que leis e autoridades ambientais, esdruxula, injusta e lamentavelmente não  façam  com que o imóvel com em torno de 96% de matas, sede reconstruída as duras penas, volte a virar tapera.

Na arte e novela Pantanal, a Juma tem laços familiares e xodó por uma tapera;  e na vida real deste pensante e familiares, um contexto cruel de peleias, murros em ponta de faca, para mais uma propriedade rural não virar moradia do Jeca Tatu e/ou mais uma vez  e injustamente TAPERA.

(Francisco Carlos Caldas, advogado, municipalista e CIDADÃO).

 

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