As palavras não são a realidade. Elas são ferramentas que nos permitem acessá-la, ou podem ser utilizadas como instrumentos que podem acabar desviando o nosso olhar, manipulando nossa percepção da mesma.

Uma palavra, enquanto um signo, é composto por uma sutil combinação de um significante (a própria palavra) com um significado, ou vários significados, dependendo do contexto histórico, social, etc., que esteja latente e patente na forma como ela esteja sendo empregada.

Pode parecer absurdo, mas uma palavra pode ser tanto um insulto como uma demonstração de afeto e amizade. Tudo depende dos sujeitos envolvidos na prosa e o contexto em que ela se desenrola.

Lembro-me que, certa feita, quando o mundo ainda era jovem, que um grupo de amigas estavam comentando entre si a respeito da forma como um grupo de jovens alunos se tratavam. Falavam a respeito dos palavrões que uma dizia para outra e, por isso, achavam tudo o que viam algo lamentável. Aí, eis que uma delas, tão espirituosa quanto certeira, disse: isso é sinal de uma amizade verdadeira.

Tiradas de seu contexto, ou não compreendidas dentro dele, as palavras ao invés de nos permitirem ter uma visão cristalina da realidade, que se apresenta diante de nossos olhos, acabam por embotar a nossa capacidade de percepção e terminam por manipular a nossa compreensão sobre a mesma.

Quanto isso ocorre, ao invés de procurarmos usar as palavras como ferramentas para nos auxiliar na compreensão da realidade, acabamos por encarar as abençoadas enquanto sendo a própria realidade; o que, consequentemente, acaba por nos tornar pessoas susceptíveis a manipulação por termos limitado drasticamente a nossa capacidade de percepção.

Isso mesmo. Limitar nossa percepção. Todos vemos as mesmas realidades com nossos próprios olhos, porém, muitas vezes as significamos com palavras distintas, palavras essas, muitas vezes, inapropriadas, que fixamos sobre os fatos antes mesmo de procurarmos nos inteirar do contexto em que os mesmos estão inseridos para podermos compreendê-los com maior clareza.

Quando isso ocorre, ao invés de nominarmos aquilo que se apresenta aos nossos olhos, acabamos por enxergar aquilo que estamos nominando. Gostemos ou não de admitir, numa situação dessa, estamos nos tornando mais vulneráveis a toda ordem de manipulação, principalmente porque vamos criando uma doentia relação afetiva com determinadas palavras e jargões.

Um bom exemplo disso é o uso indiscriminado de palavras como fascista, nazista, racista, machista, homofóbico, xenófobo, fake news e similares. As pessoas que fazem esse tipo de uso dessas palavras não o fazem para descrever de modo preciso o que estão vendo. Infelizmente não. Tais indivíduos as usam para carimbar determinadas pessoas para que elas não sejam vistas como pessoas, mas sim, identificadas com a marca que elas impuseram leviana e maliciosamente sobre elas.

E quando tudo é visto a partir do prisma de um adjetivo pérfido, maliciosamente utilizado como se fosse um substantivo, inevitavelmente estamos limitando severamente nossa capacidade de compreensão ao mesmo tempo que desumanizamos o outro e, o indivíduo que faz toda essa fanfarronice, acaba tendo a sensação de que seria uma pessoa muitíssimo boa. Tal estado de alienação é chamado por muitos de “consciência crítica” o que, de certa forma, atesta o quão crítica é a situação em que tais indivíduos se encontram.

E é claro que, para resolver essa situação, não há uma solução simples. Não apenas devido à complexidade do problema, mas principalmente porque não temos a humildade mínima necessária para ver a realidade tal qual ela se apresenta e, principalmente, admitirmos que nos enganamos, ou que permitimos que fôssemos enganados por outrem.

Para lutarmos contra esse tipo de encrenca em nosso coração, talvez, seria um bom começo evitarmos o uso leviano de rótulos infames para desqualificar pessoas, ideias, opiniões e fatos, pois, nem tudo vale a pena se a alma não se apequena.

Escrevinhado por Dartagnan da Silva Zanela


Comentário radiofônicos – Iguaçu FM

Conferências radiofônicas – Iguaçu FM

#   #   #

Essa iniciativa tem o apoio cultural de XerinhoBão – difusores, home spray, águas de lençóis & óleos essenciais DoTERRA. Acesse: https://www.mydoterra.com/dilvanacaldas/#/

#   #   #

Muito obrigado por ter lido nossa modesta escrevinhada até o fim e, se você achou o conteúdo da mesma interessante, peço, encarecidamente, que a recomende aos seus amigos e conhecidos, compartilhando-a. Desde já, te agradeço por isso.

https://www.facebook.com/blogdodarta/

http://professorzanela.k6.com.br

https://linktr.ee/dartagnanzanela

 [email protected]

Compartilhe

Veja mais