Humberto Silva Pinho

Por Humberto Pinho da Silva

Levantou-se recentemente grande polémica em Lisboa, que ecoou com indignação pelo País. O motivo foi o preço da construção do altar onde Sua Santidade, o Papa Francisco, presidirá às cerimónias da JMJ.

A construção rondava cinco milhões de euros! Digo: rondava, porque já foi reduzida a quase metade.

Acrescente-se ainda que a despesa para a realização do evento, sobe a dezenas de milhões, mesmo com a redução drástica, que se fez atualmente!

Os católicos ao tomarem conhecimento da colossal despesa, dividiram-se; e os não crentes, aproveitaram, a ocasião, para criticarem a Igreja.

Uns, lembram, com razão: que o País é pobre. A miséria alastra, devido à Covid e à guerra que explodiu à porta da Europa Ocidental; acrescentam ainda, que grande franja da Classe-Média, já se inclui no limiar da pobreza, principalmente as famílias que vivem com um só salário ou pensão.

Argumentam outros, igualmente com razão: que nem sempre teremos, entre nós, o Papa; o dinheiro empregado terá retorno certo, e as estruturas servirão para outros eventos; a JMJ atrairá jovens de todo o mundo, e com eles, jornalistas e sacerdotes, que gastarão muito dinheiro, e além disso, será um bom investimento turístico.

Pode ser que seja assim. Mas será bom recordar, que o mesmo se dizia ao construírem-se os Estados de Futebol, ao levantarem a Expo, até o Centro Cultural de Belém; mas, terminando os eventos, a população, em geral, ficou tão pobre como era.

Quem me lê, diga com sinceridade:

Ficaram a viver mais desafogados? Subiram os salários? As pensões e o bem-estar do povo após esses eventos? Não creio.

Todos sabemos que o Estado não tem condições de pagar a totalidade, que é devido ao professorado, nem aos reformados, e muito menos pagar salários e pensões a nível europeu; por isso é difícil compreender como pode despender milhões para atividades religiosas.

Será que o Papa irá concordar com tanto luxo? Creio que não. Se bem conheço Sua Santidade. Não é verdade que adotou o nome de Francisco? Não se preocupa com os necessitados de Roma e de todo mundo? Não é Ele homem simples, como Jesus?

Além disso os que vêm a Lisboa serão todos crentes ou alguns meros turistas? Meio fácil de viajar a preços módicos?

Concluindo: recorde-se a visita do Santo Arcebispo de Braga ao Concilio de Trente, onde teve oportunidade de conviver com Sua Santidade. E de lhe criticar as colossais despesas:

Visitando o jardim Belveder, O Papa mostrou-lhe o que pretendia construir. Então sugeriu-lhe: ” Porque não faz lá na sua Braga uns paços como aquele?”

– ” Santíssimo Padre – respondeu-lhe o Arcebispo – não é de minha condição ocupar-me em edifício que o tempo gasta.

” Pois o que vos parece desta minha obra?

– ” O que me parece Santíssimo Padre, é que não devia curar Vossa Santidade de fabricar, que cedo ou tarde, hão-de acabar. E o que digo delas é que, de tudo isto, pouco e muito pouco e nada, e do edifício temporal das Igrejas seja mais do que se faz; mas no espiritual, ai sim, que é razão ponha Vossa Santidade toda a força e meta todo o cabedal dos seus poderes.”

A que o Papa respondeu:

– ” Não fui autor dela, que não sou amigo de gastar dinheiro em vaidades; achei-a começada, folgarei de a acabar.”” Vida de Fr. Bartolomeu dos Mártires“, por Frei Luís de Sousa.

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