Recomendo aos homens que façam os exames, não esperem a doença bater à sua porta

NOVEMBRO AZUL – O Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA), estimou em 2015, que o Brasil deverá registrar entre 2016/ 2017, 295.200 novos casos de câncer entre os homens, sendo 61.200 de câncer de próstata. Para o Paraná os números poderão chegar a 5.260 casos, sendo 790 em Curitiba e 4.470 no interior do estado.

E dentre este milhares de homens que descobriram a doença durante a elaboração desta estimativa, está o construtor Luiz, hoje com 56 anos. Ele descobriu a doença em outubro de 2015 de uma forma quase que por acaso. “Comecei a apresentar problemas de pressão e tive uma ameaça de infarto, fui ao médico e durante a consulta ele me perguntou se já havia feito o exame de próstata. Respondi que não e ele incluiu um exame chamado Antígeno Prostático Específico, o PSA, que é uma proteína produzida pelas células da glândula prostática. Como é produzido pelo corpo, pode ser usado para detectar doenças. O resultado não foi nada agradável e iniciei uma luta comigo mesmo que jamais imaginei travar”.

Geralmente quando o câncer de próstata está presente, o nível do PSA está acima de 4 ng/ml. Ao ser diagnosticado com a doença, Luiz estava em 20ng/ml, o exame foi refeito e o índice estava em 19ng/ml, ou seja, era um caso de extrema urgência.

A GUERREIRA

A fé, a confiança em Deus e principalmente a família estão sendo fundamentais para que Luiz supere todos os obstáculos. Uma pessoa muito especial o motiva a vencer a doença, sua esposa Rosana, que o acompanha em todos os procedimentos. “Temos que ter muita fé e acreditar que é uma fase, não podemos nos abater e afetar o psicológico, senão a gente se desmonta. Rosana tem sido minha base, minha âncora, está sempre ao meu lado, me acompanhou nas sessões de radioterapia, é meu porto seguro”, admitiu.

QUATRO CASOS EM TRÊS ANOS

Juntos há mais de 18 anos, Luiz e a funcionária pública Rosana já vinham enfrentando alguns ‘combates’ contra a doença. “Primeiro descobrimos que meu pai, José, hoje com 79 anos foi acometido pelo câncer de próstata, um exame acusou tumor que era benigno, seu PSA era de 7,5 e depois de 40 radioterapias ele está melhor. O tratamento era feito em Ponta Grossa e para tanto era necessário ficar lá, hospedávamos em uma Instituição de Caridade, a Casa de Apoio Solar. Depois da última sessão apenas disse que nunca mais voltaria, dois anos depois estava lá acompanhando meu marido. Na verdade, você tem que dizer que Deus me ajude e que eu nunca mais precise”, relembrou Rosana.

Neste espaço de tempo ela acompanhou o pai, que realizou uma cirurgia bariátrica, o sogro com 78 anos faleceu em 12 de abril de 2015 vítima de câncer no cérebro, em seguida a sogra com 77 anos foi diagnosticada com câncer no esôfago, passou por uma cirurgia e hoje está muito bem de saúde. “Tivemos que esperar sua recuperação para contar que Luiz foi acometido pelo câncer de próstata. Em seguida meu pai fez uma cirurgia nos olhos e eu outra em meu braço. Passamos por tudo isso e com muita fé em Deus volto na próxima segunda-feira para meu trabalho. Não podemos nos deixar abater”, declarou.

O DIAGNÓSTICO

Ao relatar sobre sua doença, Luiz encheu os olhos de lágrimas como se estivesse passando um filme por sua cabeça e se pune por estar passando dor e por ver a família abalada. “A culpa é minha, fui relaxado, deixei de me cuidar por preconceito. Não me custava nada ir até o laboratório tirar algumas gotinhas de sangue, afinal, era uma vez por ano. Poderia ter evitado tudo isso. Agora é uma peregrinação por consultas, exames, viagens, entre outros. Não é só a doença que nos traz riscos, ficamos indo de um lado para o outro, as estradas são perigosas e temos que ir acompanhados, colocando a vida do outro em risco também. Depois do diagnóstico confirmado perdi o medo, a vergonha, o preconceito, pois as pessoas que nos atendem têm que fazer o  trabalho dela e a gente apenas obedece”, disse.

Nos últimos meses, Luiz fez exames de sangue, Cintilografia que é um exame por imagem no miocárdio onde foi diagnosticada uma doença chamada osteodegenerativa no ombro esquerdo, coluna, mãos, joelho e pés, ultrassonografia da próstata, ecografia dos rins e vias urinárias, ultrassonografia próstata endoretal com Biópsia e 36 sessões de radioterapia, iniciada em abril e finalizada em julho deste ano. “Os exames foram feitos em Pinhão, Guarapuava, Curitiba e Ponta Grossa e volto a repetir, se tivesse feito um por ano, não precisava fazer estes. Hoje alerto os meus amigos, os parentes e falei para meu filho, quando você fizer 40 anos vou lembra-lo de fazer seus exames. Não quero que passem pelo que estou passando. Sou autônomo e não consigo trabalhar como antes, sem contar que alguns medicamentos são muito caros. Fico muito bravo quando alguém começa com as piadinhas sobre o exame de próstata do meu lado. Dizem que os homens são machos, mas morrem de medo dos exames. Vocês mulheres é que são as corajosas, que vão ao médico se não estão bem, fazem regularmente seus exames preventivos. Nós ficamos no para depois e às vezes não dá mais tempo”, desabafou.

Alerta

Com o tempo, Luiz pôde perceber que em Pinhão tem muitas pessoas com a doença, pois em certa ocasião na Casa de Apoio havia hospedado 28 pessoas e sete eram pinhãoenses. “Algumas nem sabem, não sei se é a questão de estarmos próximos a lavouras que necessitam de produtos químicos ou outros fatores externos. Muitos hábitos tiveram que ser mudados, inclusive a alimentação que era regada a carnes gordas, mal passada e com muito sal e eu sempre gostei de uma cervejinha”.

Em sua consulta, 40 dias depois das radioterapias, o médico recomendou um PSA que não poderia ser superior a 6ng/ml, o exame estava em 3ng/ml. A próxima consulta é em dezembro, sendo necessário repetir todos os exames. “Mudei muito, se uma pessoa vive cerca de 70 anos, possuo pelo menos mais 14 anos e quero me aposentar e curtir a vida. Tenho um compromisso com Deus, tenho que propagar o que ele fez comigo, foi uma benção. Tem pessoas que não acreditam que estou com a doença, pois sempre estou em movimento. Não adianta ter medo da doença, o certo é levantar a cabeça e seguir em frente. Recomendo aos homens que façam os exames, não esperem a doença bater à sua porta. Os homens têm que aprender a ser macho, jogar o preconceito fora, para não passar pelo que passei.”.

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