Ouça a crônica:

Uma das primeiras coisas que o professor Olavo de Carvalho sugeria aos seus alunos era que todos procurassem abster-se de ficar opinando sobre tudo, que evitassem de ficar de bate-boca, que procurassem, na medida do possível, fazer um voto de pobreza em matéria de opinião.

Esse voto pode ser facilmente traduzido nos seguintes termos: em aprendermos a dizer o tal do “eu não sei” quando somos confrontados com os incontáveis assuntos que chegam até nós, seja através dos mais variados canais de comunicação, ou por meio dos mais diversos círculos de convívio social.

Frequentemente, acabamos nos esquecendo, no mundo midiatizado atual, que Sócrates não tornou-se quem ele se tornou pelas suas opiniões sobre todo e qualquer assunto, mas sim, pela sua honestidade em dizer que nada sabia sobre uma infinidade de coisas.

Quando aprendemos a dizer “eu não sei”, estamos abrindo as janelas da nossa alma para a possibilidade de aprendermos algo de forma sólida e honesta, pois, deste modo, estamos confessando nossa miséria para nós mesmos e, confessando-a, temos a possibilidade de nos redimir, como nos ensina Santo Agostinho.

Seria algo similar àquilo que os sábios taoístas nos ensinam quando nos dizem que devemos esvaziar a xícara de chá para que possamos enchê-la. Se estamos cheios de opiniões [soberbas] formadas sobre tudo, dificilmente estaremos abertos para a amorosa procura pela verdade, sobre o que quer que seja.

Por isso, o professor insistia tanto na realização deste voto franciscano em matéria de opinião. Por esse mesmo motivo que, penso eu, todos nós deveríamos aprender a dizer, com humildade, “eu não sei” diante dos incontáveis assuntos que nos são atirados nas ventas pela grande mídia, pelas redes sociais e pelos círculos de escarnecedores que, dia e noite, nos convidam a falar pelos cotovelos, com pose de sabido, a respeito de um monte de coisas que apenas ouvimos falar.

Agindo desse modo, não digo que nos tornaremos filósofos, mas, com certeza, seremos menos um tonto travestido de militante crítico que acha chato, muito chato, qualquer coisa que não seja um reflexo canhestro dos seus cerebrinos fundilhos.

Escrevinhado por Dartagnan da Silva Zanela

https://sites.google.com/view/zanela

Inscreva-se [aqui] para receber nossas notificações.


Compartilhe

Veja mais