Redação Fatos do Iguaçu  com site Bem Paraná

O ex-deputado estadual Luiz Fernando Ribas Carli Filho (PSB-PR) deve ir para a cadeia. É que o juiz Thiago Flôres Carvalho, do Tribunal de Justiça do Paraná (TJPR), emitiu um mandado de prisão preventiva imediata contra o ex-parlamentar, condenado pela morte de dois jovens em 2009, num grave acidente de trânsito – Carli Filho estava embriagado na ocasião e dirigia em alta velocidade – algo entre 161 e 173 km/h.

O documento seguiu em sigilo até esta sexta-feira. Segundo o magistrado responsável pela decisão, então, o sigilo seria necessário para garantir que o mandado de prisão fosse cumprido. Contudo, como a defesa dele acabou tomando conhecimento da decisão, o magistrado decidiu tornar pública a informação sobre a ordem judicial.

Por ter assassinado os jovens Gilmar Rafael Yared e Carlos Murilo de Almeida, Carli Filho foi condenado por homicídio qualificado. No Tribunal do Júri, em fevereiro de 2018, foi dada a sentença de 9 anos e quatro meses de prisão. Em fevereiro último, porém, desembargadores do TJPR reviram a sentença e a reduziram para 7 anos e quatro meses de prisão em regime semiaberto.

Em março, então, o Ministério Público do Paraná (MPPR) recorreu da decisão dos desembargadores e entrou com um pedido para que o ex-deputado começasse a cumprir sua pena em regime fechado. Entre os argumentos apresentados, estava o de que fosse revisto como atenuante a confissão espontânea, principalmente porque Carli Filho não teria admitido a prática do crime e não teria “colaborado em nada para a convicção dos senhores jurados”.

Advogados do condenado, inclusive, já teriam informado que ele se apresentará espontaneamente assim que possível.

Acusação comemora decisão: “Um mal justo, por um mal injusto”

Na noite desta sexta-feira (24 de maio), o advogado Elias Mattar Assad, assistente da acusação contratado pela família Yared, divulgou uma nota comemorando o desfecho do caso. “Esclarecemos que o rumoroso processo chega ao final, com reconhecimento da tese de duplo homicídio com dolo eventual, na condução de veículo, sustentada desde o início por nós, que trabalhamos na acusação.”

Segundo o advogado, a prisão e restrições de liberdade, bem como a forma de regime de cumprimento de pena, serão tratados pelo Juízo da Execução Penal. “Que se cumpra a lei. A pena imposta nada mais é que um mal justo, por um mal injusto. Agora a família Yared aguarda a sentença da ação indenizatória”, escreveu Assad.

“Sensação é de abandono”

No último dia 06 de maio, Christiane Yared, mãe de uma das vítimas de Carli Filho, concedeu entrevista ao Bem Paraná para comentar sobre os 10 anos dos homicídios. Na ocasião, disse ainda estar de luto. E também na luta.

“Nesses 10 anos minha vida parou, eu só faço isso. Trabalho para salvar vidas no trânsito. Trabalho com leis, projetos, programas, atendo famílias, atendo infratores. Minha vida virou isso, uma bandeira. Minha vida hoje é uma bandeira em favor do outro, tentando ajudar outras vidas”, disse Christiane, que hoje é deputada federal.

O sentimento, também afirmou ela na ocasião, era de abandono. É que com a pena imposta pelos desembargadores do TJPR, havia a chance de Carlo Filho não ficar sequer um dia na cadeia, sendo obrigado apenas a usar tornozeleira eletrônica por algum tempo. “São 10 anos de tanta luta, 10 anos tão difíceis e parece que as coisas não caminham. Veja a questão do julgamento, no que deu… O problema não são as leis, é a Justiça”, reclamou a política e mãe enlutada.

“A família que perde (um ente querido) sente-se abandonada pela Justiça. A sensação certa é essa, de abandono. Não tem para onde ir. Para onde vamos, para quem nós vamos clamar? Então parece que toda essa luta, esses anos todos, acabam dando a esses individuos que fazem o que querem e se acham acima da lei a certeza da impunidade.”

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