A versatilidade da nova Strada – principalmente nas versões cabine dupla, como a “top” Volcano –, deu à picape da Fiat o posto de carro mais vendido do Brasil em setembro
por Luiz Humberto Monteiro Pereira/AutoMotrix
A nova geração da Fiat Strada chegou às concessionárias de todo o Brasil em julho, totalmente renovada em termos de design e tecnologia. Sua missão era óbvia – preservar a cobiçada posição de picape mais vendida do país, mantida há quase duas décadas e que se reflete em mais de 1,5 milhão de exemplares comercializados no Brasil até hoje. Mas a Strada foi além. Depois de assumir em agosto a vice-liderança geral de vendas, em setembro, tomou o posto de carro mais vendido do Brasil – algo que jamais havia sido conquistado por uma picape. Com os 11.873 emplacamentos totalizados no mês passado, superou por menos de duzentos carros as vendas do Chevrolet Onix, que ocupa a liderança nos últimos cinco anos e continua na frente no acumulado de 2020.
A explicação para a ascensão da Strada a um pódio de líderes de vendagem normalmente restrito aos hatches tem um motivo mercadológico simples. Junto com a nova geração, a Strada apresentou uma inédita configuração cabine dupla com quatro portas e homologada para cinco pessoas. Disponível em três tipos de acabamentos – Endurance, Freedom e Volcano, mesmos nomes usados na picape Toro –, essa configuração está permitindo à Strada não apenas ampliar a liderança entre as picapes como também brigar por consumidores que normalmente optariam por um hatch. Um público que se sempre se sentiu atraído pelo “charme aventureiro” e pelas amplas possibilidades de transporte oferecidas por uma caçamba, mas que não queria (ou não podia) abrir mão da possibilidade de levar cinco pessoas a bordo. Agora, não é preciso abdicar dos cinco lugares para ter uma caçamba, que na versão de cabine dupla leva 844 litros/650 quilos – são 1.354 litros/720 quilos nas versões de cabine simples, que a Fiat batizou de Plus. Ponto para a Strada.
Além das possibilidades abertas pela nova configuração de cabine dupla, parte do sucesso da Strada 2021 passa pelo design. A frente elevada e o capô vincado ressaltam a robustez. O centro da grade abriga o logo da fabricante e, nas laterais, os faróis de leds afilados com luzes DRL (Daytime Running Light) reforçam o aspecto imponente. O estilo italiano é explicitado pela “Fiat flag” – uma bandeirinha italiana estilizada por quatro faixas verticais, posicionada em um canto da grade. A linha de cintura ascendente destaca as caixas de rodas quadradas e as lanternas assimétricas avançam pelas laterais.
O ímpeto inovador da Strada não chegou ao “powertrain”. São oferecidas duas opções de motores já utilizadas em outros modelos da linha Fiat, sempre acopladas à transmissão manual de 5 marchas – não há opção automática ou automatizada. As versões Endurance são equipadas com o 1.4 Fire, que gera potência de 88 cavalos a 5.750 rpm (etanol) e 85 cavalos a 5.750 rpm (gasolina). Seu torque é de 12,4 kgfm com gasolina e 12,5 kgfm com etanol, os dois a 3.500 rpm. A partir da versão Freedom até a “top” Volcano, a nova Strada dispõe do motor 1.3 Firefly de quatro cilindros, com 109 cavalos de potência a 6.250 rpm e 14,2 kgfm de torque (etanol). Com gasolina, são 101 cavalos a 6 mil rpm e torque de 13,7 kgfm a 3.500 rpm.
A nova Strada investe em equipamentos de série. Já a partir da versão Freedom, traz direção com assistência elétrica, sensor de pressão dos pneus, volante multifuncional, retrovisores elétricos, painel de instrumentos de 3,5 polegadas de TFT, capota marítima e rodas de liga leve. Um destaque da linha é a nova central multimídia Uconnect 7”, com uma tela sensível ao toque de 7 polegadas e conectividade sem fio com os aplicativos Apple CarPlay e Android Auto. A Volcano incorpora vidros traseiros elétricos, bancos em couro e tecido, câmera de ré, volante em couro, faróis em leds, sensor de estacionamento, capota marítima, barras longitudinais no teto e santantônio e pneus 205/60 R15 ATR. Como único opcional da versão, o cliente pode ter rodas de liga leve de 16 polegadas (pneus 205/55 R16), que saem por R$ 2.500.
A picape compacta da Fiat é vendida a partir de R$ 64.990 na versão Endurance 1.4 cabine Plus e chega aos R$ 82.290 na topo de linha Volcano 1.3 cabine dupla, totalizando cinco configurações. A diversidade de opções também ajudou a concretizar a inédita liderança geral da Strada – e ainda embalou a marca Fiat, que em setembro registrou mais de 39 mil licenciamentos e deixou para trás a Volkswagen, com quase 34 mil, e a Chevrolet, com 31,8 mil.
Experiência a bordo
Como um hatch
Os tempos das picapes compactas de cabine dupla com bancos traseiros acochambrados e de aspecto um tanto tosco ficaram no passado na linha Strada. A versão com cabine dupla da geração anterior, com porta traseira apenas do lado direito, levava só dois passageiros atrás, em um espaço exíguo e recomendável apenas para viagens rápidas. Na nova versão cabine dupla da picape da Fiat, o banco traseiro acomoda três adultos com conforto similar ao proporcionado pelo hatch Argo. As portas dianteiras se abrem em 70 graus e as traseiras, em 80 graus, para facilitar o acesso. O passageiro do banco central também conta com cinto de três pontos e encosto de cabeça. No acabamento interno, apesar da Volcano ser uma versão topo de linha, os mesmos plásticos duros das configurações básicas estão presentes em todo o painel e nas portas.
Os porta-objetos incluem lugares específicos para celulares, garrafas, latas e outros objetos pessoais. Os cintos de segurança frontais contam com pré-tensionadores e os bancos protegem os ocupantes do efeito chicote (whiplash). A proteção para crianças tem Isofix complementado por Top Tether e ancoragem superior que impede a rotação de cadeira infantil. A nova central multimídia Uconnect com tela de sete polegadas agrega funções como navegação via Waze e Google Maps, música via streaming ou MP3, reconhecimento de voz (Siri ou Google Voice) e leitura e resposta de mensagem “handsfree” para SMS e WhatsApp, com múltiplas conexões via Bluetooth.
Impressões ao dirigir
Utilitário de passeio
No uso urbano, a picape da Fiat se revela um compacto bastante dócil, sem oferecer dificuldades significativas em relação à dirigibilidade de um hatch ou sedã de porte similar. Com sua direção eletricamente assistida, é fácil de se manobrar, inclusive para entrar e sair de vagas apertadas. Nas estradas, em velocidades mais elevadas, a picape surpreende pelo equilíbrio dinâmico, sem aquela traseira um tanto “solta” comum às picapes de tração dianteira com caçamba vazia – quando está carregada, naturalmente, ajuda a “assentar” o veículo, principalmente nas curvas rápidas. Vazia ou carregada, a Strada apresenta um comportamento bastante neutro, digno de carro de passeio.
O velho e “beberrão” motor E.torQ 1.8 de 132/130 cavalos e 18,9/18,4 kgfm evidentemente dava à antiga Strada mais exuberância que o atual 1.3 Firefly, que entrega uma performance mais contida. Em 2021, a picape provavelmente receberá os novos motores Firefly com turbocompressor, quatro válvulas por cilindro, injeção direta de combustível e controle eletrônico das válvulas de admissão, que certamente a deixarão mais esperta e econômica. Em termos de consumo, com o atual motor 1.3 herdado do Argo, a Strada Volcano obteve nota A nos testes do Inmetro, com 12,1 km/l (gasolina) e 8,4 km/l (etanol) na cidade e 13,3 km/l (gasolina) e 9,4 km/l (etanol) na estrada.
Nas trilhas, a plataforma MPP, que aprimorou a rigidez torcional devido ao uso de aços nobres e de alta resistência, entrega um nível de conforto e dirigibilidade jamais atingido pela picape da Fiat. Novos equipamentos também ajudam nesse sentido, como controle de estabilidade, assistente de partida em rampa e controle de tração avançado E-Locker (TC+), um sistema voltado para situações em terreno escorregadio e com a roda patinando. O mesmo TC+ ativa o ABS Off-Road, uma calibração que aprimora o comportamento de frenagem em superfícies deformáveis (areia, terra, brita e neve).
Ficha técnica
Fiat Strada Volcano
Motor: transversal dianteiro, flex, 1.332 cm³, quatro cilindros, duas válvulas por cilindro, eixo de comando de válvulas, ignição eletrônica digital incorporada ao sistema de injeção eletrônica. Tração dianteira.
Diâmetro x curso: 70 x 86,5 mm
Taxa de compressão: 13,2:1
Potência: 101 cavalos (gasolina) a 6 mil rpm/ 109 cavalos (etanol) a 6.250 rpm
Torque: 13,7 kgfm (gasolina)/ 14,2 kgfm (etanol) a 3.500 rpm
Transmissão: manual de 6 marchas à frente e uma à ré
Carroceria: picape com quatro portas e cinco lugares. 4,48 metros de comprimento, 1,73 metro de largura do veículo, 1,59 metro de altura e 2,74 metros de entre-eixos
Freios: frontal com disco ventilado e traseiro a tambor
Suspensão: dianteira tipo McPherson com rodas independentes, barra estabilizadora, amortecedores hidráulicos telescópicos e molas helicoidais. Traseira tipo eixo rígido com amortecedores hidráulicos e molas parabólicas longitudinais.
Direção: elétrica com pinhão e cremalheira.
Rodas: 6” x 15”
Pneus: 205/60 R15
Peso: 1.174 kg
Capacidade de carga: 844 litros e 650 kg
Tanque de combustível: 55 litros
Preço: R$ 82.290 na cor sólida Preto Vulcano. Cores sólidas Vermelho Montecarlo e Branco Banchisa (a do modelo testado) aumentam R$ 900. Cores metálicas Cinza Silverstone e Prata Bari aumentam R$ 2.300. Cor perolizada Branco Alaska aumenta R$ 2.500
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