Pessoas com Transtorno do Espectro Autista podem solicitar a CIPTEA

Por Nara Coelho

TEA-Transtorno do Espectro Autista, refere-se a uma série de condições caracterizadas por desafios com habilidades sociais, comportamentos repetitivos, fala e comunicação não-verbal, bem como por forças e diferenças únicas. O termo “espectro” reflete a ampla variação nos desafios e pontos fortes possuídos por cada pessoa com autismo. Hoje a ciência sabe que não há um autismo, mas muitos tipos, causados ​​por diferentes combinações de influências genéticas e ambientais. 

DADOS DO AUTISMO NO MUNDO

A estimativa é que existam 70 milhões de pessoas no mundo com autismo, 2 milhões delas no Brasil. O número é tão expressivo que o IBGE- Instituto Brasileiro Geográfico e Estatística, para o próximo Censo terá dados de consultas específicos sobre o autismo no país.

PINHÃO

No municipio de Pinhão/PR,  60 pessoas estão identificadas como autistas. Alguns pais se uniram para buscar os direitos de seus filhos autistas para lutar por melhores tratamentos e qualidade de vida.

DIFICULDADES ENFRENTADAS

Jorge Luiz da Silva, pai da adolescente Ani Gabrieli Proença Silva, autista  e  Nilza dos Santos, mãe da pequena Maria Isabela dos Santos Quintiliano de Auda, relataram várias situações de incompreensão devido ao desconhecimento do que seja o autismo. Eles já vivenciaram situação de preconceito de seus filhos serem chamados de loucos, quando na realidade eles tem é uma maneira diferenciada de ver a vida e de conviver, se relacionarem com as pessoas e de aprender, destacam os pais. “Minha filha já enfrentou vários problemas de preconceito, hoje agradeço a Deus, ela está com professoras que a entendem, que dão a ela atividades especificas, a diretora compreende o problema dela, ela está integrada na escola e com os coleguinhas”, falou Nilza fazendo questão de destacar o trabalho que as professora da Escola Água Verde  realizam com sua filha.

CONSELHO MUNICIPAL DA PESSOA COM DEFICIENCIA

A assistente social e secretária executiva do COMPD, Conselho Municipal da Pessoa com Deficiência, Suzete Batista Borges, explicou que  Jorge Luiz por já ter enfrentado várias situações difíceis pelas pessoas não compreenderem ou acreditarem que sua fila é autista procurou o Conselho para fazer a CIPTEA, “ A pessoa autista quando olhada por outra pessoa não tem nenhum traço que a identifique com o transtorno e às vezes uma espera de quinze, trinta minutos numa fila pode fazer com que ela viva situações muito complicadas e a gente tinha que estar andando com os laudos e um monte de papel para provar. Quando descobri que havia uma carteirinha que a identificava  fui em busca, pois tudo que quero é ver minha filha bem e usufruindo de tudo que ela tem direito”.

Dessa procura se desencadeou todo o trabalho de mobilização e sensibilização junto a comunidade, que envolveu além do COMPD, o Legislativo, o Executivo, a Aciap, e muita determinação dos pais.

A CIPTEA

A pessoa autista tem dificuldade de lidar com ambientes novos, com barulho, estar onde há várias pessoas, é preciso toda uma organização para sair com a pessoa autista, mas ela tem o direito e para seu desenvolvimento é essencial que ela se socialize, vivencie as experiencias sociais.

Para garantir que essa experiencia social seja positiva foi criado em âmbito nacional a CIPTEA, Carteira Nacional da Pessoa Transtorno de Espectro Autista garantindo prioridade de atendimento em serviços públicos e privados  nas áreas de saúde, educação e assistência social, lazer e de serviços ofertados na sociedade.

LEGISLATIVO

Para implantar a CIPTEA, no municipio de Pinhão, era preciso criar a lei, a vereadora Letícia Martins ( Avante) entrou no legislativo municipal com a proposição da criação da Lei 2057/2019, que teve aprovação unanime e que  diante da apresentação da CIPTEA dá atendimento prioritário a  essas pessoas.

EXECUTIVO

 Nilza foi conversar com prefeito Odir Gotardo ( PT), que a recebeu e  de pronto emitiu o decreto 187/20 regulamentando no município o uso da CIPTEA. “Fui muito bem recebida, ele compreendeu a nossa solicitação, se interessou e tem acompanhado tudo de perto. A prefeitura providenciou os selos que espalhamos pelo comércio que identifica que o autista tem preferência no atendimento. A secretária de Educação também tem nos recebidos e  ouvido”, contou a mãe.

No decreto e na lei ficou evidenciado que os pais ou responsáveis que não estiverem com seus filhos, mas estiverem com a carteirinha,  mesmo assim terão atendimento prioritário, já que para o autista a ausência da pessoa a quem ele é ligado pode lhe causar transtornos.

ACIAP: TODOS OS COMÉRCIOS ASSOCIADOS JÁ ESTÃO COM O SELO IDENTIFICADOR

Com a lei e o decreto em mãos, os pais, com o apoio do Conselho da Pessoa com Deficiência, foram até a ACIAP – Associação Comercial e Industrial de Pinhão, buscar apoio para levar o selo e a lei até os comerciantes. Segundo eles, encontraram muito apoio e agilidade, pois o selo e as informações sobre a lei já chegaram em todos os associados da ACIAP.

Para Olivo Deparis, vice presidente da Associação, fazer com que a informação chegasse aos empresários era uma obrigação, um ato de respeito às famílias e aos autistas, “Lei foi feita para ser cumprida, assim a Aciap já comunicou seus associados e repassou as informações, mas, nesse caso especifico, a Lei regulamenta uma ação nobre, sabemos como a pessoa tem um jeito de ser diferenciado e merece um atendimento também diferenciado”.

COMO SOLICITAR A CIPTEA

Para solicitar a  carteira clique AQUI, ou  ir na Secretaria Municipal de Saúde, Cadastro Único/Bolsa Família ou APAE.

Os pais ou responsáveis devem levar para solicitar a carteira, o Laudo Médico, que deve conter os dados do paciente, a Classificação Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID), assinatura e carimbo de identificação com CRM do médico responsável. Exame de Tipo Sanguíneo, RG e CPF do Autista e do responsável e uma fotografia recente

A UNIÃO TEM FEITO A DIFERENÇA

Os pais tem percebido que unidos eles conseguem melhorar mais as condições de vida de seus filhos e realizar uma troca de experiencia que ajuda a enfrentar as situações que aparecem e  compreender melhor o desenvolvimento de seus filhos.

Eles criaram o grupo no WhatsApp: Apoio TEA, quem tiver familiares  autista e desejarem participar do grupo podem entrar em contato com a Suzete Borges, assistente social, 98407 7374 ,ou com o senhor Jorge Luiz, 99164 5149, ou Nilza 99811 3021. Estão se organizando para a criação da Associação em prol das pessoas autistas.

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