FATOS DO IGUAÇU ouviu representantes dos católicos, evangélicos e espíritas para conhecer sobre os rituais e costumes

O feriado nacional de Finados ou Dia de Finados é celebrado no dia 2 de novembro para honrar e lembrar amigos, familiares e entes queridos que já faleceram. Nessa data as pessoas vão aos cemitérios levar flores, acender velas e rezar pelos que já morreram.

A data movimenta também o comércio local, pois muitas pessoas tiram um tempo a mais para deixar o local onde repousam seus familiares com uma ‘cara nova’, fazendo uma pintura ou uma pequena reforma. Em Pinhão, há um período para que esses reparos sejam feitos. “Para serviços particulares, como reforma não dá mais para fazer, agora a limpeza e ornamentação o prazo é até dia 1º de novembro. No dia, 2 os cemitérios abrirão às 7 horas e fecharão os portões às 20 horas”, informou o responsável pelo setor de administração de cemitérios, João Batista Almeida.

Outra atividade que sente aumento nas vendas é o comércio de flores, pois é uma forma de presentar os que já se foram. As lojas de utilidades domésticas já estão expondo seus produtos com vasos, coroas e arranjos artificiais dos mais variados tamanhos. Porém, são as flores naturais que ganham destaque por sua beleza.

Para a empresária Solange Foesser, a data supera em vendas o Dia das Mães e dos Namorados. “Mesmo sendo uma data triste é uma oportunidade para que os familiares possam prestar uma homenagem aos seus entes. As flores mais vendidas são os crisântemos e arranjo naturais. Já temos encomendas de outras flores como gérberas e rosas, para compor alguns buquês. Estamos nos organizando para pedidos futuros. Está é a melhor época de vendas e, para tanto, vamos atender no dia de Finados em horário comercial das 8 até as 18 horas”, informou.

DENGUE

Mesmo com todo o carinho para lembrar dos falecidos, a população não pode deixar de tomar alguns cuidados, principalmente, com os vasos fixos e com os vasos que vem embrulhado em celofanes. Esta é a principal recomendação do setor de Epidemiologia da Secretaria de Saúde de Pinhão, sugerindo que os vasos sejam preenchidos com areia, evitando o acúmulo de água. Pratos e suportes para velas, também podem acumular água.

Outro problema comum é o destino inadequado de descartáveis como copos plásticos, garrafas pet, sacolas, embalagens de produtos de limpeza e pintura, que muitas vezes são abandonados no local após a reforma. “No Dia de Finados a equipe estará nos dois cemitérios da sede de Pinhão orientando e distribuindo panfletos para que as pessoas não esqueçam de manter o local limpo, impedindo a proliferação do mosquito da dengue”, contou Silvana Silva.

RELIGIÃO

O FATOS DO IGUAÇU ouviu representantes dos católicos, evangélicos e espíritas para saber e conhecer um pouco mais sobre os rituais e costumes de cada um em relação ao Finados.

Os católicos têm o costume de levar velas, flores e rezar diante do túmulo de seus familiares, um ritual que é repassado de geração em geração. O padre Lori Olenick, da Paróquia Divino Espírito Santo, lembra que a data sempre foi comemorada, mas sem uma dia fixo, e foram os papas Silvestre e João XVIII, por volta de 1009, que propuseram, de uma forma quase que obrigatória, que os mortos fossem lembrados. No século XV foi instituída a data dia 2 de novembro.

Padre Lori Olenick (Foto: Gisele de Pádua/Fatos do Iguaçu)

Padre Lori Olenick (Foto: Gisele de Pádua/Fatos do Iguaçu)

“Neste dia a Igreja convida os fieis a participar e rezar pelos mortos. Sempre cuidamos da vida e o ser humano quer deixar alguma coisa que mantenha viva a sua história. Também nos convida a olhar para o Campo Santo, lugar onde devemos ter todo o cuidado, uma vez que é lá onde as pessoas são levadas e ali que sempre vamos encontrá-las após entregá-las a Deus. A morte para nós cristãos ganha todo significado de plenitude e salvação com a morte e ressurreição de Cristo. É nele que encontramos a vida nova e ressureição e o apoio depois do falecimento de um ente querido. Peço a todos que orem também por aqueles que são esquecidos”, frisa o padre.

E para aqueles que não podem visitar os túmulos dos falecidos por não residirem nos municípios onde estes foram enterrados, o padre frisa: “a Igreja aceita que sejam acessas velas e façam suas orações em outras cidades, assim, está sendo cumprida a sua obrigação; o convite é para rezar, a Igreja não determina o lugar, para tanto, os cemitérios têm um local específico para acender uma vela para seus entes queridos; essa vela que no batismo é professada como a luz de Cristo, também é a luz de Cristo que está iluminando a pessoa que está sepultada”.

EVANGÉLICOS 

A pastora Regina Celi Nogueira, da Igreja Deus é Fiel, conta que a sua Igreja não condena os evangélicos que visitam seus falecidos e levam flores nesta data, pois é uma manifestação de carinho e de lembrança.

Pastora Regina Celi Nogueira (Foto: Gisele de Pádua/Fatos do Iguaçu)

Pastora Regina Celi Nogueira (Foto: Gisele de Pádua/Fatos do Iguaçu)

“Não temos nada contra o fato de recordar os falecidos, porque é aquele laço afetivo que tinha com a pessoa e visitar o túmulo, que pode ser Dia de Finados ou não. Essa data não é um marco para os evangélicos. Agora, biblicamente falando, em termos de rezar pelos mortos já é outra questão. Porque, segundo a Bíblia, a oportunidade para salvação, de escolher a vida eterna ou não, claro que todos teoricamente querem ser salvos. Mas o fato de querer é uma coisa, mas de você verdadeiramente desejar e buscar depende de uma decisão, de uma mudança de vida e de realmente entender a proposta do evangelho e viver segundo esta proposta. Mas, no nosso entendimento, a Bíblia não dá nenhuma base para isso. Uma vez que a pessoa aceitou e foi salva, a vida dela esta resolvida. E a salvação tem que ser aceita enquanto estamos vivos, passado isso, não há nenhuma oportunidade de mudança de trajetória. A decisão de uma vida eterna é pessoal, os familiares não têm este poder”, observa a pastora.

ESPÍRITAS

A Doutrina Espírita, segundo a professora Martha Loureio Gomes, afirma que a morte é do corpo, que é carne, e não do espírito, que continua vivo e que pode retornar e vir principalmente resgatar as oportunidades que ele não aproveitou da última encanação ou em outras anteriores. Para os espíritas esta data não tem significação, pois o espírito continua vivo.

“A questão de ir ao cemitério é relativa, claro que o sentimento da separação é muito difícil, é muito dolorosa, mas temos que pensar nas coisas boas que as pessoas nos deixam enquanto estão com nós, enquanto corpo presente. Ao orar pedir que vá com os amigos espirituais e que possa, assim que possível, retornar em uma nova encarnação e cumprir o que não conseguiu cumprir. O choro e o lamento faz parte, mas ir a um cemitério para recordar não é importante, pois as lembranças estão em todos os lugares, não somente lá. Não temos o hábito de levar flores e velas e, sim, de cultuar as lembranças e pedir que Deus leve este ente para uma morada, que ele aprenda mais na vida espiritual e volte um espírito melhor. Os que partem também sofrem com esta partida, também sentem saudades. Tem um ditado popular que diz: ‘dê flores enquanto estou vivo, me presenteie e chore comigo enquanto vivo, depois não adianta’”.

 

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