Francisco Carlos Caldas

Nos meus tempos de Vice-Prefeito de Pinhão 2001-2004 e de Vereador nas legislaturas 1997-2000 e 2013-2016, entre outras tivemos três “cobranças”  e ações impactantes e de profundas reflexões e aprendizado.

      Uma foi de um munícipe, que fez várias críticas a falhas serviços mal feitos, e irregularidades no vida pública da Prefeitura de Pinhão, e primeiro teve a humildade de dizer: “não leve em consideração a minha pessoa”, porque disse ele ser meio jaguarão, tranqueira, nó-cego, (vulgar nas palavras de filósofo chinês Confúcio), mas que  fosse analisado e verificado o fato real e constatável do informe. Muito interessante e reflexivo esse tipo de atitude, e que diante desse contexto, em regra  esse tipo de cobrança tem que ser levado muito a sério e foi ainda que de resultados pífios, pela corrupção sistêmica que existe em quase todos os entes da Federação.

      Uma outra cobrança,  foi de um munícipe que nos fez uma denúncia  nos anos de 2001-2004 de que estava ocorrendo furto de combustível de veículo Kombi usado no transporte escolar, e que o larápio/meliante era conhecido  e amigo do denunciante, e que fosse levantado a quilometragem que o veículo fazia com cada enchida de tanque, já ia ser constatado o furto, e “olho da rua” para o funcionário corrupto. E que este e o Prefeito da época, deixasse ele denunciante de fora do lamentável ocorrido, pois, se envolvêssemos o seu nome, iria negar tudo, nos amaldiçoar para o resto da vida, e insinuou até uma “camassada de pau” em nós, por traíragem,  fato esse muito interessante é que pode servir como uma espécie de exercício de  cidadania, e afinal de contas que tem que trabalhar, correr atrás, são os Vereadores, que são em tese os Fiscais por Excelência da Vida Pública Municipal. E como disse  o Prefeito Serginho Meneguelli, de Colatina-ES, com outras palavras: “Prefeito corrupto, não resiste/não se mantém no cargo, se tiver uma Câmara  boa, e Vereadores eficazes e eficientes”. E que também não seja, omissa, corrupta, sem “poder de fogo”, por “rabo preso”, ou falta de moral e mínimo de coerência a pregações de campanha,  para se fazer o que precise ser feito.

       Um outro caso, foi de um munícipe que estava  no período governamental 2013-2016, se dirigindo ao Fórum, para denunciar ao Ministério Público-MP uma história que tinha ouvido de esquema, chuncho, falcatrua, maracutaia, nas compras e recebimentos de peças de veículos, máquinas e equipamentos do Município, e que avistou o nosso escritório profissional e lembrou que tinha votado em nós nas eleições de 2012, e ao invés de se dirigir até o MP veio nos narrar a ocorrência e pedir providências a respeito. E tomamos as providências que estavam ao nosso alcance, mas  o falante  (não o denunciante) roeu a corda, e ficou o dito pelo não dito, e o caso, acabou em corrupção,  ou crime contra à honra, todos impunes,  e  fomos vencidos pela sem vergonhice, desonestidade, desvios, abusos que lamentavelmente são comuns ocorrer em quase todos os governos, em uns mais ou menos que outros. Por essas e outras, é que na minha Vereança de 2013-2016, de forma generosa me dei  nota média 7,0, mas por causa de coligação do MDB com o PT, em 2016 eleitores nos deram nota 4,48, conforme o contido na  crônica “Câmara e Vereança” publicada na edição nº.  778, de 9/12/2016 do Jornal “Fatos do Iguaçu”,  e por essas e outras e apesar alguns avanços, o maior controle e transparência que se tornaram obrigatórios, estamos muito desencantados, chateados, aborrecidos, pelos males das politicagens, incoerências, demagogias, privilégios, injustiças e corrução sistêmica que nos corroem.

          Francisco Carlos Caldas, advogado,  ex-Vereador, municipalista e cidadão. E-mail [email protected]

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