Segurança pública, a serviço do privado

Nessa edição, infelizmente, a página de segurança está como um número grande de leitores gosta, repleta de acontecimentos que vão de roubos a crimes. Com certeza o que vai chamar mais a atenção são os crimes, já adianto, aos que gostam de tragédia, que morte graças a Deus foi só uma. Nessa página tem uma ocorrência que não vai chamar muita atenção porque não deu nada, como dizem os jovens. A de uma adolescente de 13 anos que estava na danceteria. A princípio uma coisa banal, mas não é. Pois essa criança, que ainda não sabe nada da vida, está sozinha na noite, sem um responsável.  Presa fácil para os marmanjos e viciadores. A questão é: por que esse fato não provoca indignação? Porque esse fato não leva as pessoas a promoverem reunião e discutirem segurança pública. É isso sim, uma menor ou um menor na rua à noite é questão de segurança pública. E é antes que esses menores que estão na noite se viciem, antes que virem “bandidinhos”, como gostam de dizer por ai, ou que se prostituam. Ah, vão dizer os que gostam de apontar, mas não se envolver, “eles são responsabilidade dos pais” e são. Mas se ela, como tantos outros estão por ai, é porque os pais não estão fazendo sua parte e ai a família toda é questão social. Inclusive, ela pode ser filha de um casal que todos sabem que a família toda é agredida, mas ninguém faz nada, porque em briga de marido e mulher ninguém mete a colher. A outra ocorrência policial que está nessa edição é o espancamento de uma mulher. Que também não vai chamar atenção porque é corriqueira e ainda alguns vão fazer a piada infame “se apanhou é porque pediu”. Bem isso, bater quer dizer espancar uma mulher, que a leva ao desmaio é banal, é tão banal que nem vende muito jornal com essa noticia. E ai, isso é caso de segurança pública? Para essa violência que acontece diariamente em nossa cidade do amanhecer ao anoitecer não merece que as pessoas parem, reflitam e busquem solução. E, infelizmente, como se tem ainda um número imenso de pessoas que adoram ler sobre as tragédias, há também ainda um número maior ainda de pessoas que só pensam em segurança pública quando o seu espaço é invadido, quando os seus bens materiais são afanados. Ai, ai, ai, o mundo tem que dar conta e se virar para encontrar solução para os bandidinhos. Então, vamos anunciar, contar, que se continuar a ter apenas ações pontuais e que discutem apenas as conseqüências da violência, a nossa segurança pública será sempre precária e pontual e pior, para atender apenas alguns e deixar de ser pública, ela é segurança particular, utilizando os instrumentos públicos e sociedade civil organizada para seu beneficio próprio.

 

 

 

 

 

 

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