Francisco Carlos Caldas

Muito pouco entendemos de saúde, ainda que quando com os colegas Ivonei Oliveira Lima, Francisco Deodoro Sens e outros, fizemos o curso de Administração Pública nos anos de 2011/2014, na UNICENTRO/UAB;  tivemos várias atividades na área e Sistema Único de Saúde-SUS, e nosso Termo de Conclusão de Curso-TCC, foi sobre Agentes Comunitários de Saúde-ACS.

Somos fãs de prevenções e do SUS, ainda que esses temas enfrentem grandes desafios em termos dispêndios, de avanços e melhorias.

Há anos temos um familiar acometido de câncer. Enfrentamentos de quimioterapias em Ponta Grossa e Guarapuava; radioterapia na UOPECAN em Cascavel; lidas e trocas de sondas em Guarapuava e muitas ajudas da Secretária de Saúde do Município de Pinhão, e somos muito gratos a todos.

Com muito apoio recebido e o paciente bancando razoáveis dispêndios se enfrenta muitas perrengues, e a gente fica a imaginar a bateção dos mais carentes ou que em quase tudo dependem do Poder Público e SUS.

Na tarde e noite dos dias 27 e 28/12/2022, para uma troca de sonda gástrica, ficamos das 14:20 às 10:20 horas do outro dia, ou seja, em Pronto Socorro de Guarapuava, espera por em torno de 19/20 horas, para um procedimento que foi efetivado em uns 15 minutos. Foi sofrido, passado vontade de reclamar, questionar demora, mas por reconhecer dificuldades, problemas que Hospitais, SUS, Saúde Pública enfrentam no País, sofremos calados, pacientes, e nesse  impasse lá se foram duas idas para Guarapuava, e até onde é do nosso conhecimento esse procedimento relativamente simples não é feito em Pinhão.

Na manhã de 1º/01/23, minha neta Pietra que é inquieta, em ato espontâneo e fora de seu padrão, se aquietou,  sentou num cadeira próxima a cama do ofegante tio Airton, e de repente começou a cantar uma musiquinha “Lembre de mim” de um filme mexicano “Viva La Vida” e nos impactou muito, e depois ao ser abraçada por nós e sua mãe, chorou e disse que não queria que ele morra.

Já em diversos escritos e manifestações, expusemos o nosso projeto de morrer com 94 anos. Temos plano de saúde (UNIMED) que nos custa quase R$1.700,00 por mês, e já fizemos codicilo e escritos para familiares, de que para ter vida saudável  fazemos prevenções, check-ups médicos, dietas,   sacrifícios, e podemos até nos sujeitar a cirurgias,  terapias, quimioterapias, radioterapias e tratamentos do gênero,  e se cairmos em estado de vida vegetativa e dependente de ajuda de terceiros ainda que de familiares, somos radicalmente contra suicídios e eutanásias, mas nós não  vamos ser parceiro em tratamentos, e vamos não engolir e jogar remédios da boca como dizem que uma parente nossa fazia, e na linhagem de minha saudosa mãe, que queria e dizia que rezava por uma boa morte; sem passar por constrangimentos e incomodar ninguém, e que não gostava de consultas médicas e remédios, ainda que tenha se sujeitado a colocação de marca passo em meados da década de 1990. E no dia 20 de janeiro de 2000, fisicamente morreu, e encontrada morta como se estivesse dormido serenamente, e que continua sendo uma espécie de comandante da Família Dellê Caldas, pois, nunca morre quem vive no coração e mente dos vivos.

Saúde e Morte é algo paradoxal, e melhor do que doença e morte. E saibam morrer e se preparem para isso até os que viver bem não souberam.

Esta reflexão é também uma espécie de codicilo, e uma das 684 crônicas que aspiro que minha sucessora mediata (neta Pietra), antes ou na adolescência leia, filosofe em cima,  e de forma LIVRE tome decisões e tenha vida digna, honrada e o mais feliz possível.

(Francisco Carlos Caldas, advogado, CIDADÃO municipalista).

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