(Fábio Conceição – Marcos Serpa)
Índio velho, guampa torta
vaqueano, de lida em lida,
ás vezes, não acha a porta
mesmo assim, não quer guarida,
entanguido num capão
e se enfurna mato a dentro,
só um pelego no chão
pra mostrar, que tem aguento,
mesmo escasso dos pano
vem com sobra de tutano,
deitado ali no relento.
A noite fria passando
numa infinita quietude,
segue enrodilhado cochilando
sem que a feição mude,
no poente a lua prateada
relampeia a claridade
e sobre a grama orvalhada
brilham as gotas da saudade
de um tempo que se foi
a casco de pingo e de boi
talhado na liberdade.
Neste sonhar irreverente
nas glórias que lhe pertence,
pede a Deus benevolente
na sua fé que tudo vence,
que numa arraigada de sorte
na vida de uma esticada,
pra espantar sua morte
numa dessas madrugadas,
pois ainda há um par de esporas
que reponta as auroras,
em suas botas pendurada.