Rev. Sandro

Há uma busca desenfreada por protagonismo hoje, que sinceramente, não é saudável. Antes de continuar vamos ao sentido da palavra, “protagonistes” vem do grego, onde “protos” significa primeiro, e “agonistes” tem o sentido de lutador, competidor. Veja bem, são inúmeros os tipos de protagonismos hoje, há o protagonismo negro, feminino, e das tantas ideologias por aí. Porque, ao invés de departamentalizar, criando assim uma espécie de competição, não se fala no protagonismo humano então.

Na prática, soa como se um grupo tem que estar em primeiro, tem que ser melhor do que o outro, e creio que, isso não traz igualdade e sim desigualdade. Essa cultura do protagonismo é muito perigosa, porque alguns querem que certas ideologias furadas, sem base alguma, sejam protagonistas, trazendo consequências danosas ao invés de melhorar a sociedade e a vida em geral. É bom deixar claro que eu incentivo meus filhos a serem alunos excelentes, mas devo tomar cuidado para não levar eles a pensarem que são melhores do que os outros, por causa disso.

Por outro, lado há uma cobrança exagerada por certos pais, levando os filhos a viverem uma vida onde tudo é uma competição, tem que ser melhor do que os outros em tudo, porque eles têm que ser protagonistas. Isso é tão grave que se cria uma cultura da inveja, onde a vitória do outro, a alegria do outro, a conquista do outro não é celebrada, e mais, não são ensinados a lidar com as frustrações da vida. Quando vamos para a Bíblia Sagrada e lemos sobre o protagonista da salvação, que enfrentou a cruz por amor aos pecadores, o tipo de protagonismo que ele ensinou não tem nada a ver com um cristianismo que é vivido por aí.

Para começar, o protagonista bíblico nasceu em uma manjedoura (uma espécie de cocho, onde os animais se alimentavam), certa feita com os discípulos, o protagonista, lavou os pés dos discípulos, enfim, Jesus ensinou o valor da humildade desde o seu nascimento. O grande problema é que muitos hoje só sonham com o topo, não aceitam nada menos que isso e por isso vivem vidas infelizes, pois não se satisfazem com o que já alcançaram. Lembro-me de um famoso escritor americano, que no auge de sua carreira, ao ser entrevistado em um famoso programa de televisão, a apresentadora lhe perguntou o que ele queria ter ouvido lá no início da carreira; então aquele famoso escritor respondeu serenamente – pois bem, eu gostaria que tivessem me avisado que no topo não tem nada.

Tudo isso deve nos levar a refletir sobre a vida que temos vivido, a vida não é uma competição para quem vai chegar primeiro, é para ser vivida desfrutando de cada etapa, se alegrando não apenas com as grandes conquistas e sim com as pequenas conquistas do cotidiano. Que mais importante do que o desejo de ser protagonista, deve ser o desenvolvimento de uma virtude enfatizada por Cristo Jesus, chamada humildade. Jesus mesmo disse que os humilhados serão exaltados. Noutro momento Ele disse que o segredo da felicidade está justamente em ser humilde. Antes de você questionar isso leitor, quero dizer que a humildade que Jesus fala, não é ser bobo, ou se fazer de coitado, mas sim reconhecer  e aprender com suas falhas, colocar Deus em primeiro lugar, aprender a celebrar a conquista do outro e não ficar com inveja.

O verdadeiro protagonismo acontece quando não o buscamos como se fosse um deus, mas quando vivemos procurando fazer tudo com excelência, melhorando a cada dia, aprendendo com os erros, não passando por cima dos outros, mas ajudando o outro a se levantar, se alegrando em ver o outro bem. Quando Deus é o protagonista da nossa história, a vida tem mais sentido, mais sabor, mais vida.

Rev Sandro pastor da Igreja Presbiteriana de Pinhão

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