A empresa Copel tem tomado várias medidas a partir da decisão de fazer a concessão de 51% para o setor privado da exploração das Usinas de Energia Elétrica, Governador Bento Munhoz da Rocha Neto, na Foz do rio da Areia, evitando assim que a concessão vá a leilão em 2023.
Entre as medidas está a desativação das Vilas residenciais de Segredo e Faxinal do Céu, respectivamente em Reserva do Iguaçu e Pinhão, no Paraná. Não disse ainda o que fará com estruturas como o Museu Regional do Iguaçu, em Segredo e o Jardim Botânico em Faxinal do Céu, o que se pode levantar é que está reduzindo drasticamente recursos a essas estruturas para 2021, o que tornará inviável a conservação de forma adequada.
TURISMO, GERAÇÃO DE RENDA E EMPREGO
Nesse momento as Vilas e as estruturas são para os dois municípios filões de geração de renda e emprego pelo setor de turismo. Os municípios têm em seus inventários turísticos essas estruturas citadas, um planejamento de alavancar o turismo partindo delas. Ações como Caminhadas da Natureza, já realizadas e inscritas em plataformas nacionais e internacionais de turismo, e várias iniciativas que iniciariam esse ano que foram interrompidas devido à pandemia.
O prefeito Odir Gotardo, PT, de Pinhão, destaca a importancia desse espaço para o turismo e a importancia da Fundação Fundere para gestar as ações, ”a Fundação é fundamental como estratégia de desenvolvimento do turismo na região, um turismo que vem caminhando a passos lentos, que esse ano sofreu uma interrupção muita intensa devido à pandemia, porém, saindo dela, o turismo volta para a pauta do dia como um grande aproveitamento daquela região e daquele espaço para geração de renda e empregos”.
PREFEITOS EXPRESSAM SUA INDIGNAÇÃO
A reportagem do Fatos do Iguaçu entrevistou os prefeitos de Pinhão e Reserva do Iguaçu sobre a desativação das Vilas e a primeira palavra que ouviu foi a indignação, pois compreendem que a empresa deveria ter conversado com eles sobre a desativação, já que quem vai ter que ficar com o ônus da ação são eles.
SEBASTIÃO CAMPOS
O prefeito Sebastião Campos, do PSB, prefeito do municipio de Reserva do Iguaçu, ao ser questionado declarou “Oficialmente o municipio não recebeu nenhum comunicado sobre o assunto, isso é muito deselegante por parte da Copel não ter informado o municipio, pois a Vila de Segredo tem um grande impacto na vida dos nossos munícipes”.
Reserva do Iguaçu já assumiu alguns ônus, contou Sebastião, “O municipio já assumiu o ônus de várias situações de dentro da Vila. Lamentamos essa situação, ainda mais sem compartilhar com o município, pois ela vai gerar desemprego, e isso vai gerar vários problemas no município”. E destacou: “A Copel está tomando uma atitude unilateral, só pensando no grande lucro” .
ODIR GOTARDO
O prefeito do municipio de Pinhão, Odir Gotardo, que também não recebeu nenhum comunicado oficial da desativação da Vila de Faxinal do Céu, contou que sendo a Copel uma empresa de características públicas, as relações custo benefício para o municipio sempre foram complicadas, com a entrada do capital privado, essa relação se complicará. “Ficamos muito preocupados, se agora a empresa resolver abandonar de vez o olhar e preocupação pelo desenvolvimento local e regional e se preocupar apenas com o lucro. Não podemos esquecer que lá tem estruturas públicas que atendem a região, por exemplo, uma escola que está em fase de acabamento, que inclusive é do município, também que atende as famílias da região certamente, com esse novo formato de gestão, dificilmente essas obras que atendem a comunidade irão sair do foco da empresa e isso é muito preocupante”. Ele complementou, “Minha preocupação é que não se perca essa perspectiva daquele espaço como instrumento de desenvolvimento social econômico da região, também não se comprometa aquela estrutura inviabilizando a exploração turística, que nao é só municipal, mas regional”.
A DECISÃO DA COPEL
Ele fala sobre a decisão da empresa, “Não é de nossa competência como a Copel deve ser gerida, mas os reflexos dos direcionamentos sim. Nós temos legitimidade para insurgir porque eles podem ser extremamente nocivos para a comunidade”.
Odir chama a atenção do lucro que a empresa tem explorando um bem natural, “Além do impacto é preciso que a empresa se de conta que a grande riqueza que a produção de energia gera a ela é extraída de um bem natural que pertence ao povo que aqui vive”.
HÁ OUTRO CAMINHO EM VEZ DO DESMONTE
A Copel tem outro caminho além da desativação da Vila, “O caminho desmonte não é o único caminho, é possivel uma gestão mais qualificada que atenda os interesses de novos investidores privados na empresa, sem perder o que há em Faxinal do Céu. A Fundação Fundere, pode coordenar a Vila numa perspectiva de estar recebendo eventos e visitantes, absorvendo a mão-de-obra que existe hoje, mantendo a compra de produtos, que já é feita e ainda gerar mais empregos e ampliar o rol de produtos consumidos na região”.
Odir afirmou “Vamos tomar as iniciativas que nos competem e que estiverem a nosso alcance para fazer essa gestão junto à direção do Copel e do próprio governo do estado. Essa questão é séria, grave e não podem ocorrer debates e decisões sem a presença dos agentes locais, que serão diretamente afetados”.
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