“É injusto rotular de radical, quem só seja intransigente no campo dos princípios”. (Abelardo Maranhão).
A mola propulsora, motivação da política, é a luta por causas que a pessoa tem com boa, justa e em tese de interesse público/coletivo.
Política é a arte do bem governar, arte do possível, da boa gestão. A caminhada nela não é fácil, por entre outras coisas, questões culturais, estrutura, sistema e vícios arraigados, prática no poder e aceitação de privilégios, patrimonialismos, desperdícios, incoerências, funcionários fantasmas, corrupção, fraudes, enriquecimentos e vantagens indevidas, e males do gênero.
Em programas de governo, promessas de obras, realizações e serviços, candidaturas e partidos, se assemelham em amor, causas, interesses e necessidades do povo. Só que há um problema, depois que chegam ao Poder, é comum, deixarem um mínimo de coerência e compromissos assumidos de lado e muitas coisas mudam não só da água para o vinho, mas da água tratada e pura para o vinagre ou cachaça adulterada.
A desonestidade, a corrupção, falta de ética, são males repugnantes, indiferente de partidos políticos e de quem quer que seja, que os pratiquem.
O Poder é uma das maiores provas de caráter e dignidade que existem. É claro que na prática, o exercício do poder, da ética, cidadania, coerência, há dificuldades operacionais e há que se ser tolerante com diferenças, fraquezas humanas, vicissitudes formacionais e culturais, mas crimes, improbidades administrativas que sejam dolosamente praticadas, precisam ser rigorosamente punidos. E privilégios, estruturas injustas e opressoras, senão eliminados, que sejam atenuados sensivelmente.
No próprio âmbito familiar, há problemas e dificuldades. A gente cria filhos para o Mundo, não para realizar as nossas vontades, desejos, sonhos. Mas, uma educação calcada em princípios, valores, virtudes, bons exemplos, são fundamentais para vidas honradas, dignas e ao menos um tanto feliz.
Ideologia, idealismos, são valores fascinantes, mas não podem descambar para fanatismos, paixões, cegueiras, destemperos verbais, achincalhamento a honra dos outros, insanidades e males do gênero, que infelizmente vemos com frequência nos meios políticos e redes sociais.
A saída e atenuante para impasses e desencantos, não é radicalizar as coisas, nem se omitir ou demonizar a política e políticos, mas participar, ainda que sejam, com ideias “de jerico” ou meio malucas como estas.
(Francisco Carlos Caldas, advogado, cidadão e ser pensante)