Com a medalha de bronze a equipe já tem vaga garantida para Tóquio 2020
Participar de uma Paraolimpíada, subir ao pódio, receber uma medalha, ouvir o Hino Nacional do Brasil e, ainda, receber o título de melhor líbero do mundo foi uma emoção única para a pinhãoense Eduarda Dias, a Duda.
Foram quatro anos de preparação para que a Seleção Brasileira Feminina de Voleibol Sentado pudesse apresentar o seu melhor e conquistar a medalha de bronze nos Jogos Paraolímpicos Rio 2016, realizado entre os dias 7 e 18 de setembro de 2016.
No Rio 2016, oito seleções masculinas e oito femininas lutaram pelo pódio. Duda contou que nestes quatro anos a equipe se dedicou muito, jogando em vários campeonatos, inclusive, nos Estados Unidos, Rússia, Canadá, Holanda e China, onde recebeu o título de melhor líbero. “Quando houve a convocação já tínhamos uma predefinição de como seria a equipe destes jogos. A única coisa que mudou foi que dentro da equipe eu passei de levantadora para líbero. Depois fomos para China, onde ganhei o título de melhor líbero e que se repetiu aqui no Brasil”.
O líbero é o jogador que com mais frequência, fica no fundo da quadra e faz a recepção e defesa. É ele que faz com que as disputas sejam mais ferrenhas e torna os jogos mais atraentes para o público. Duda conta que treinaram em Arujá antes dos jogos e depois seguiram para o Rio para fazer uma aclimatação por 15 dias e na Vila ficamos duas semanas, totalizando 32 dias.
“O clima dentro da Vila é normal. É um local muito grande e tem hospital, refeitório, academia. A partir do momento que você se hospeda, o tempo que temos é para treino. Não saímos um único dia para conhecer a cidade. As poucas horas que tínhamos, descansávamos. Durante esse período que antecedeu os jogos realizamos quatro partidas contra a China, que, até então, eram a campeã olímpica. Ganhamos três, então fomos para os jogos mais confiantes”, relata a atleta.
TÓQUIO
Segundo ela, a eliminação da Rússia mexeu com a tabela. “Se a Rússia tivesse a nossa semifinal, provavelmente seria com a China, mas jogamos muito bem e não perdemos nenhuma partida, somente contra os Estados Unidos, que se sagrou campeão, assim, já temos nossa vaga garantida para Tóquio 2020”.
EMOÇÃO
Duda contou da emoção de ver o sonho virar realidade, que foi marcante por vários motivos, até porque, segundo ela, ninguém acreditava na equipe, as expectativas eram somente para a seleção masculina. “Eles estavam em uma boa colocação e nós não”.
A emoção em receber uma medalha é indescritível, o momento mais marcante foi quando subiram no pódio. “A jogadora que estava a meu lado estava chorando muito e eu falava para ela: ‘a gente conseguiu e essa medalha ninguém tira de nós’. Passou um filme pela nossa cabeça. Foram quatro anos de sofrimento, ninguém acreditava em nós, mas nós estávamos ali recebendo, a medalha de bronze”.
TREINOS
A equipe depois dos jogos já começou novos treinos para disputar o Campeonato Paulista e o Campeonato Brasileiro desde ano. “Dependemos de outros fatores para continuar. O Sesi já renovou o projeto, que vai até 2020. A seleção já tem um centro de treinamentos e com isso vamos treinar juntas a cada 15 dias. Mas tudo isso depende do governo continuar pagando o Bolsa Atleta, pois não temos apoio nenhum. Os atletas olímpicos receberam uma compensação financeira, nós não. Durante a cerimônia que foi feita para nós, após os jogos, pedimos que não fosse extinto o time de São Paulo, pois o Paraolímpico tem muito mais chance de medalhas em comparação aos atletas olímpicos”, revelou.
FAMÍLIA
A mãe, Ângela de Oliveira, é professora e o pai Edvaldo Dias é assessor político e por conta das profissões só puderam assistir a filha pela televisão. “Minha mãe ligava aos prantos comemorando cada vitória e o pai também. Muita gente me mandava fotos, recados e mensagens de incentivo e isso foi muito bom, dava um ânimo. Eu me senti muito bem”.
Duda participou no III Grand Prix em Curitiba nos dias 14, 15 e 16 de outubro com as meninas do Pinhão e contou que foi um momento especial. “Me senti em casa, revivi aquela muvuca de 2012, quando arrastávamos colchão, malas e cobertas para cima e para baixo. Pude realizar um sonho, que era de jogar com a minha irmã Stefany, foi muito bom, recebi o carinho dos colegas, de atletas de outras cidades, dos técnicos e de uma pessoa muito especial, o técnico Paulo Wegrow. Não caiu a ficha de que somos a terceira melhor equipe deste esporte no mundo. E meu médico me perguntou se eu tenho dimensão do título que conquistei. Apenas sei que eu tenho pelo menos mais cinco Paraolimpíadas pela frente, tenho muito a conquistar e isso me motiva para outras conquistas”, finalizou.