Por Dartagnan da Silva Zanela (*)

NÃO LEU E GOSTOU – A maioria das pessoas que se dizem críticas conhecedoras (entenda-se partidárias passionais) de toda e qualquer tranqueira ideológica (marxismo, feminismo, ideologia de gênero, libertarismo e tutti quanti), dizem gostar dessas bugigangas intelectuais porque nunca, de fato, as estudaram devidamente.

Isso mesmo! Se essas almas realmente as tivessem estudado devidamente, no mínimo, não estariam mais tão histericamente empolgadas com elas. Nos melhores casos, ficariam enojadas de si mesmas por terem, durante tanto tempo, apostado tantas fichas e desperdiçado tanta energia de sua vida em sandices desse naipe.

Esse tipo de decepção consigo mesmo faz parte do processo de amadurecimento moral e intelectual de qualquer pessoa. Não tem jeito, É sempre assim: temos que sepultar o homem decrépito que há em nós para dar a luz para algo melhorzinho. Trocando por miúdos: tem que desapegar.

Enfim, por essas e outras que, quando um carniça diz ser um caipora coerentíssimo só porque continua fiel aos seus erros juvenis (ou não tão pueris assim), isso não é sinal de maturidade e de coerência não. Nem aqui, nem na Cochinchina. Isso é pura idiotice ideologizada, presunçosa, alienada e alienante. Só isso e olhe lá.

É DESSE JEITO – O modus operandi dos desafetos do professor Olavo de Carvalho é mais ou menos assim: não li e, por isso, odiei. Fazer o quê? Não se pode esperar nada mais substantivo de indivíduos que tem seus passos regidos pela batuta da efemeridade e no tom da superficialidade de sua trupe coletivista. Ou podemos?

PEDRA DE TOQUE – Quanto mais uma pessoa usa a palavra “crítico” para qualificar algo que ela faça, que ela considere digno de reverência – como educação crítica, consciência crítica, opinião crítica e tutti quanti – mais imbecil ela é. Não tem erro. Em regra é assim mesmo.

EIS A QUESTÃO – Sábios de todas as épocas, figuras de elevadíssimo quilate como Platão e Edmund Burke, sempre nos advertiram de que bastaria que os bons nada fizessem para que os maus triunfem; que seria suficiente não nos preocuparmos com os rumos da política nacional (da nossa polis) para que os maus arrogassem para si o papel de falar em nosso nome. Todos nós, dum jeito ou doutro já ouvimos ou lemos alguma advertência similar a essas. Todos. Entretanto, às vezes fico cá com os meus alfarrábios a matutar: qual seria o destino de uma sociedade se ela fosse regida por idiotas egolátricos movidos unicamente pelo espírito suíno de facção? Qual? Pois é, meu caro Watson, no contexto atual não é preciso fazer muito esforço imagético, nem ler as obras de Platão ou de Edmund Burke para constatar as consequências tragicômicas de uma insensatez dessa monta, não é mesmo?

O RESTO É RESTO – Uma coisa que realmente mata a alta cultura de uma sociedade não é o fato das pessoas no dia a dia falarem (ou até mesmo escreverem) de modo impreciso e incorreto. Somente pessoas tão chatas quanto vazias ficam histericamente apagadas a essas ninharias cotidianas. Um elemento que, de fato, mata a alta cultura de um país é quando as pessoas, principalmente aquelas que são diplomadas, não mais sabem diferenciar um livro de uma obra da grande literatura universal. Isso sim, cara pálida, mata e sepulta a alta cultura.

O CAMINHO – Todo aquele que, realmente, deseja aprender algo de bom nessa vida deve, necessariamente, saber ouvir e, para tanto, é imprescindível saber calar exteriormente e internamente. Sem isso não há concentração e, sem ela, todo e qualquer aprendizado acaba ficando mutilado. Feliz ou infelizmente, esse é o único jeito. Tudo o mais que queira desdizer essa obviedade não passa de embromação.

(*) Professor, cronista e bebedor de café.

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