Francisco Carlos Caldas

Dia 6/8/22, quando fizemos esta reflexão, estávamos muito envolvido com a morte do Jô Soares, com 84 anos,  que só agora descobrimos que seu nome era José Eugênio (o mesmo de um sobrinho deste de saudosa memória). Há décadas me tornei fã de Jô Soares, como humorista, comunicador e principalmente pela sua cultura, inteligência. E foram muitas as vezes, que mesmo depois de chegar antes da meia noite, de retorno de Guarapuava, do curso de História na UNICENTRO, nos anos de 1993-1996, e que iniciava a noite de um novo dia, assistindo o Programa do Jô, suas espirituosas e enriquecedoras entrevistas. E tinha, até nos últimos tempos de Rede Globo, uma dia, com as Meninas do Jô, a participação de algumas mulheres bem informadas e inteligentes.

Há mortes que abalam com a gente, e não só de parentes e amigos chegados, mas figuras como só para dar uma ideia, Elvis Presley, John Lennon, John e Robert Kennedy, Tancredo Neves,  Zilda Arns, Hebe Camargo, Ulysses Guimarães, Chico Anísio, Chico Xavier, Teixeirinha, José Mendes, Airton Senna,  Maria Mendonça, Jô Soares.  Silvio Santos, quando morrer, vai também morrer um pouco de nós, do meu passado, das lembranças de domingos dos meus pais. E sou muito seu fã, de carteirinha, pois seus feitos, não são para qualquer um. Pelé também  quando se ir vai deixar um vácuo, uma lacuna na memória do esporte, e na projeção do Brasil no Mundo.

Em Pinhão, além pai, mãe, irmão, parentes (várias de mortes trágicas) nos impactaram e sentimos muito mortes, entre outras de: Darci Brolini, Zorardo de Deus Rocha, seu Evandro de Almeida, Ivonei Oliveira Lima, Jerson Costa Antunes, pessoas que quando partiram desta, estávamos em estado de acentuada convivência  por laços e circunstâncias.

O pai deste morreu em 15/08/1987 depois de enfrentar  por razoável tempo, câncer na bexiga, mas quase não nos deu trabalho. Quando ia ficar mais dependente, dar mais trabalho, se foi.

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            Com minha mãe, conversamos sobre MORTE, como assunto natural, racional e do cotidiano. Ela queria morrer, dizia que já tinha cumprido sua missão, que seus colegas já tinham se ido, mas o que ela queria mesmo, era morrer sem sofrer e causar incômodos para os outros. E dizia que era bom rezar para boa morte, e morreu como quis, apagou em 20 de janeiro de 2000 com quase 84 anos como se estivesse dormido. Nos falámos de manhã normalmente, e me indagou de uma preocupação que ela estava, e foi vista indo um pouco antes de morrer descalça ao banheiro. E quando foi encontrada morta, num primeiro momento se pensou que estava dormindo, e de expressão facial serena. Para o enfrentamento da perda, foi muito bom termos com ela falando bastante sobre o assunto, e ficou o legado de que morte, casamento, união estável, é válido se tratado como algo natural, inevitável e como um negócio, e sucessão saudável, justa e racional como uma meta, projeto de vida.

Um irmão deste,  depois de por meses sofrer por câncer de próstata, sem tratamento por ser detectado tardiamente, chegou em nossa casa caminhando. Foi colocado numa cama, e quando estávamos nos preparando para ficar acompanhando seus últimos dias de vida, em 15 minutos, apagou como se tivesse dormido. Numa espécie de ironia do destino, veio morrer   em 27/05/2014 de supetão em nossa casa e companhia.

Nosso projeto de vida é viver até 94 anos, mas estou meio que vendo a viola em caco, por causa de pressão relativamente alta e que não baixa,  estresse e desencantos com coisas desagradáveis e injustiças que estão a ocorrer em vários setores e locais, mas a ideia e pelear para ir até lá com qualidade de vida, cabeça boa, independente, livre. Caso  por câncer, AVC, coração, Alzheimer, acidente, venha  cair estado vegetativo, não somos adepto de suicídio nem de eutanásia, mas não vamos ser companheiro, parceiro de tratamento, remédios, procedimentos. Caso isso aconteça, não vamos engolir, vamos jogar remédio, como uma saudosa tia Aline Dellê Ribas, dizem que fazia.

Esta reflexão já fica como uma espécie de codicilo para meus familiares.

(Francisco Carlos Caldas, advogado, municipalista e CIDADÃO).

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