Maria de Lourdes e Filhas

Ela é exigente, durona, companheira, nosso alicerce

Por Nara Coelho

Falou em salão de beleza em Pinhão/PR, as mulheres já lembram do salão da Maria de Lourdes, que hoje é o Espaço Marias, carinhosamente chamado pelas clientes do Salão das Meninas.

Ele é assim conhecido porque a Maria de Lourdes, uma mãezona que saiu do sítio lá da comunidade de São Domingos, na divisa com Inácio Martins e veio para a cidade, porque as “meninas” precisavam estudar.

Com ela homenageamos todas

Para homenagear as mães espalhadas por esse mundão, que por seus filhos viram a vida, modificam seus destinos, fazem jornada de trabalho dupla, tripla, que cuidam, protegem, ensinam os filhos e filhas a voarem, mas se pudessem os prendiam eternamente embaixo de suas asas, o Fatos do Iguaçu, escolheu contar um pouquinho da história de uma mãe que, com muita determinação, fé e amor formou e educou mais quatro mães e fez um trabalho com esmero.

As Filhas Telma, Vania, Lovaine e Diony, com muito carinho falam um pouquinho dessa mãezona

Uma Guerreira

 Maria de Lourdes Caldas Levinske é casada com o produtor rural e também carpinteiro aposentado, Emiliano Levinske, dessa união nasceram quatro lindas mulheres, que hoje já conquistaram seu espaço no mercado de trabalho e são mães.

Maria de Lourdes com o esposo e filhas
Foto: Arquivo pessoal

Todas afirmaram completando a frase: A minha mãe é…  Guerreira, logo em seguida vinham as palavras, enérgica, firme, não nos dava espaço, seu regime era militar.

Ela mudou a vida por nós

A filha Vania recordou que a mãe se casou nova, com 17, anos e aos 28 já tinha as 4 filhas, todos moravam no sítio, lá na comunidade de São Domingos e a mãe gostava muito da vida que tinha lá.

Mas, as “meninas”, como até hoje a Maria de Lourdes se refere às filhas, cresceram e precisavam ir para a escola, “Quando a Telma fez 6 anos veio morar com a minha vó Carolina para estudar, e assim aconteceu comigo e com a Lovaine, quando ela veio, a mãe também trouxe a Marli para ajudar a vó, porque não éramos fracas, (muito riso). Quando foi a vez da Diony vir, ela achou que era muita coisa para a minha vó e veio morar na vila, como diziam na época, a Mãe veio para o Pinhão para melhorar para nós, largou da vida dela por nós e o quanto ela gostava de morar lá”.

Devo minha profissão a ela

Vania vai trabalhando, fazendo a unha de uma cliente e contando que a mãe batalhou até conseguir que viesse um curso de corte de cabelo para o Pinhão, que ela fez, e de lá para cá, sempre trabalhou e foi ensinando o ofício às filhas, “A mãe sentiu que precisava ajudar meu pai, afinal, criar quatro mulheres não é fácil, naquela época era tudo muito mais difícil. Ela foi trabalhando e nos ensinando a importância do trabalho”. Ela complementou com muito carinho e orgulho, “A minha profissão devo a ela, agradeço muito pela educação que ela deu para nós, que nos fez ser gente de verdade”.

Todas por todas

As irmãs contaram que desde que elas eram pequenas a mãe ensinou que uma era responsável pela outra. Tudo era vivido junto, o momento de conquista de uma era comemorado por todas.

Quando uma aprontava, todas iam para o castigo junto. Todas brincavam com os mesmos brinquedos, “Vocês são responsáveis uma pelas outras, tanto que na hora de corrigir, se uma entrava para o castigo, todas tinham que entrar. Todas tínhamos obrigações. Ela fez o elo de irmandade na responsabilidade de uma pela outra”, contou Diony.

Ela complementou, “Era tudo de todas, uma bicicleta para todas, enquanto uma andava, as outras corriam atrás, (muitos risos), isso gerou cumplicidade. Somos cada uma de um jeito, somos diferentes na visão do mundo, na prática cotidiana, mas somos cúmplices, unidas, uma se preocupa com a outra, é sempre tudo espontaneamente junto, na alegria e na dor”.

Companheira

A mãe sempre foi muito brava, não mostrava os dentes fácil, era taxativa, extremamente exigente, por outro lado, muito companheira, as ouvia nas dores das desilusões amorosas. “A mãe sempre foi muito companheira, até teve paciencia com as nossas brigas de namorado, sempre junto, ali para nos acolher e orientar”, contou Telma.

Meu Tudo

O que a Maria de Lourdes representava na vida de Telma, ela foi taxativa, “Meu tudo” e completou emocionada, “Meu amor, meu tudo, se estou triste, feliz, precisando conversar, é sempre com ela que quero dividir tudo”.

Não podemos reclamar

As filhas falaram de como a mãe era enérgica e exigente, mas confessaram que não podiam reclamar, ela também as leva aos bailes, para passear, à praia.

Todas tiveram festa de 15 anos, participaram de baile de debutante, “Ela nos entregou tudo o que era da idade, todas tivemos aniversário de 15 anos,  marcos de adolescência, passeios, praias, curtir o sitio nas férias, claro, tínhamos nossas obrigações, desencardir a casa, (muitos risos) Não nos faltou nada. Ela nos ensinou o valor do trabalho e de conquistar as coisas por ele”.

Maria de Lourdes é…

Para as filhas, a Maria de Lurdes é  uma referência, é um exemplo a ser seguido.

Uma mulher e mãe que foi se remodelando, mudando conforme a situação.

Independe de trabalhar com o salão, sempre foi vaidosa. Uma mulher que sempre se cuidou e ensinou as filhas a se cuidarem. Que sempre está bem arrumada.

Que tem uma energia fantástica aos 62 anos. Uma mulher que deixou de ser agricultora e enfrentou a vida na cidade, conquistou uma profissão, “Minha mãe limpa a casa de batom, seja no sítio ou aqui. Ela usa constantemente hidratante, foi ela que despertou muito cedo em mim a necessidade de usar os cremes, estar protegida. Extremamente vaidosa a minha mãe tem um cheiro delicioso, que é só dela”.

Ela ensinou o caminho da fé

As filhas contam como a mãe sempre foi uma pessoa de fé e como ela as conduziu por esse caminho, Lovaine. “ Ela nos mostrou a fé vivendo a fé” a Diony complementou, “Clareza de fé, ela abriu um caminho na minha vida mostrando que a fortaleza as repostas estão em Deus”.

Sou muito Maria de Lourdes

Quando perguntei a Lovaine se ela via nela alguma coisa da mãe, ela riu e disse, “Sou muito Maria de Lourdes”. Continou, “Eu vejo e bastante a minha mãe na minha vida profissional, eu sou muito Maria de Lourdes muito, muito. A mãe é uma pessoa bastante incisiva, ela cobra, ela fica em cima, eu tenho muito disso”.

 Somos mães…

Foto: Arquivo/Pessoal

Que procuramos seguir bastante coisa que a Maria de Lourdes fez conosco. Sermos companheira de nossos filhos e filhas, manter a supervisão constante, ser muito presente em todas as atividades deles, como ela foi nas nossas.

Sermos como mãe e pessoas como ela, que se agarra na esperança e na persistência, que não desiste nunca, luta com todas as forças até que dê certo.

Queremos dizer a você Maria de Lordes…

“Que nos orgulhamos muito de sermos filhas da Maria de Lourdes e do Emiliano, que agora que somos mães, que nos damos conta que todas somos responsáveis, que não temos medo do trabalho, que estamos todas encaminhadas e somo pessoas boas, damos graças a tudo que você nos ensinou.

Te admiramos pela forma que nos educou para sermos pessoa boa, queremos muito educar nossos filhos para serem pessoas boas.

Obrigada por ter construído essa união entre nós, onde somos irmãs, amigas, cúmplices, por estarmos sempre juntas.

Você é nossa base, nossa sustentação emocional, ter tido teus os olhos  em cima de nós na nossa adolescência e juventude fez a diferença na nossa vida”.

Te amamos muito, muito…

Tema, Vania, Lovaine e Diony

 

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