teste de gravidez

A adolescência é um período da vida de transição entre a infância e a vida adulta e tem por característica ser marcado por diversas transformações físicas, psíquicas, hormonais, sexuais e sociais. A Organização Mundial de Saúde (OMS) e o Fundo Internacional de Emergência das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) consideram a adolescência o período de vida entre 10 e 20 anos de idade, no entanto, há uma definição expandida de adolescência que também se inicia aos 10 anos de idade, porém inclui pessoas até os 25 anos.

No mundo encontram-se aproximadamente 1,8 bilhões de adolescentes (entre 10 e 24 anos de idade) e 1,2 bilhões quando considerada a definição entre 10 e 19 anos de idade. Representam 20% da população mundial, sendo que 80% vive em países em desenvolvimento em condições de extrema vulnerabilidade social. No Brasil, temos atualmente aproximadamente 51 milhões de adolescentes.

Estima-se que anualmente ocorram ao redor de 16 milhões de partos em meninas entre 15 e 19 anos e 1 milhão de parto entre meninas menores que 15 anos de idade. Comparados a outros países do mundo o Brasil está num nível intermediário na taxa de nascimentos em adolescentes com aproximadamente 52 partos para casa 1000 mulheres entre 15 e 19 anos. No entanto, comparado aos países do Cone Sul, o Brasil apresenta a maior taxa de meninas com menos 15 anos com filhos. A grande dificuldade aqui é que a maior parte das estatísticas oficiais mundiais incluem somente partos que ocorrem entre 15 e 19 anos de idade, ignorando dados relacionados a meninas mais jovens.

A gravidez na adolescência está relacionada a problemas físicos e psicossociais. Complicações na gestação e parto são a segunda maior causa de mortalidade entre meninas entre 15 e 19 anos. Além disso, a gravidez em adolescentes está associada a maior risco de parto prematuro, baixo peso ao nascimento, menores índices de Apgar e maior mortalidade perinatal. Não podemos deixar de considerar os aspectos psicossociais. Mães adolescentes são mais vulneráveis a violência gerada pelo parceiro, tem menores índices de escolaridade, e, portanto, de renda na fase adulta, maiores taxas de fecundidade, gestações repetidas em um curto espaço de tempo e apresentam mais frequentemente baixa autoestima quando comparadas a mães não adolescentes.

Uma das bases para as complicações da gestação na adolescência, principalmente no que tange os aspectos psicossociais é que mais de 60% dessas gravidezes ocorre de forma não planejada e não intencional. Dessa forma, vale aqui uma discussão sobre acesso a métodos anticoncepcionais seguros e eficazes. Os estudos têm demonstrado que, quando disponíveis, e quando orientado riscos e benefícios, as meninas adolescentes tendem a escolher como método anticoncepcional os LARCs (métodos reversíveis de longa duração), compostos basicamente pelos DIUs (Dispositivos Intrauterinos) e implante subdérmico de etonogestrel. Além disso, o uso de LARCs entre adolescentes apresenta alta taxa de satisfação, baixo índice de falha e, portanto, menores índices de gravidez indesejada. Apesar do aparente alto custo desses métodos, há estudos demonstrando que são altamente custo-efetivos, principalmente quando comparados aos gastos com internações hospitalares das adolescentes e internações neonatais, sem contar custos sociais. Dessa forma, LARCs deveriam ser de fácil acesso e ser amplamente disponíveis em centros públicos de saúde.

A gestação na adolescência é um assunto complexo que engloba aspectos físico, psíquicos, sociais e de saúde pública. A garantia a métodos anticoncepcionais eficazes evita uma gestação indesejada entre meninas adolescentes e é um pilar sólido que consegue impedir uma série de consequências graves nas vidas dessas adolescentes e futuras mulheres. No entanto, uma vez ocorrida a gestação, é necessário manter um acompanhamento não somente no período peri gestacional, mas também uma atenção especial nos anos que se seguem oferecendo suporte para os desfechos indesejados de uma gestação indesejada na adolescência.

Fonte: sogesp.com.br

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