Juliane Calegari

Por Nara Coelho

Conhecer um pouco da história de Juliane e só depois ir conhece-la provoca uma agradável surpresa, pois ela é uma bela e elegante mulher de sorriso cativante, de um olhar que está atento a tudo que acontece à sua volta, ágil e de sorriso marcante, que deixa para gente a certeza que a fé mais que mover montanhas, transforma vidas.

Juliane Fornari Calegari é uma mulher…

Que tem brilho nos olhos quando fala de sua fé, é discreta, irrequieta, que gosta de estar sempre ativa, que ama ser mãe, que se cobra muito, é centralizadora, que se dedica muito e até se sobrecarrega, mas dá conta de tudo que se propôs ser e fazer.

Chegou pequena em Reserva do Iguaçu…

Foto: Arquivo Pessoal

Juliane Fornari é de Pato Branco/PR e chegou em Reserva do Iguaçu/PR com 4 aninhos, junto com o pai Clovis Fornari e Terezimha M. Fornari. Ela tem um irmão, o Rafael Fornari, “Ele é muito companheiro, parceiro, meu irmão é 10, me apoiou muito quando atravessei momentos difíceis”.

Uma infância tranquila…

“Quando eu era criança, a cidade era bem menor, nós nos reuníamos com os vizinhos, brincavam todos juntos, meninos e meninas. A infância é tudo de bom, enquanto criança, não nos damos conta o quanto ela é boa, o pensamento é só brincar”.

Reserva do Iguaçu…

Ela ama Reserva do Iguaçu, “Adoro morar na Reserva, logo que casei moramos um tempo em Coronel Vivida, uns poucos meses, mas não me acostumei, não troco meu municipio por nada”.

Uma comerciante nata…

Quanto pergunto como ela se tornou comerciante, empresária, ela dá uma boa risada e diz, “Não sei quando descobri que queria ser comerciante, sempre trabalhei no comércio, gosto muito do que faço, porque adoro lidar com gente”.

Empreendedora …

Juliane trabalhou na loja de móveis Vitalar por 4 anos, mas sempre buscando sua independência concomitante a esse trabalho, tinha uma loja de confecções e calçados. Junto com o marido Joelsio Calegari, que na época era seu namorado, manteve por 12 anos a loja.

Troca de ramo …

O longo da conversa vai se percebendo que, inquietude, estar ativa é uma característica dela, e assim, depois de muitas conversas e análises com o esposo, decidiram sair do setor da confecção e investiram no setor de combustível e hoje ela e o marido Joelsio administram o posto de gasolina São Mateus.

Preconceito…

Se já sofreu algum tipo de preconceito, já que ela atua num ramo que é dominado por homens, ela surpreende na resposta “Aqui no posto não”.

Porém, na loja de confecção a história foi diferente “Mas no tempo que tinha a loja passei por várias vezes por situação de machismo com os representantes de confecções, quando eles negociavam comigo era uma coisa, se fosse com o meu esposo, era outra coisa, era diferente, ficava nítido o tratamento diferenciado, o machismo”, entre risos comentou “Acho que quando passei a ajudar o Joelsio no Posto o pessoal já me conhecia, (risos). Também acredito que as pessoas estão mais acessíveis, abertas a ver a mulher em setores antes mais masculinos”.

Família…

Foto: Arquivo Pessoal

Aos 22 anos Juliane se casa, durante a entrevista ela vai deixando muito transparente o quanto a familia, o companheirismo com o marido é essencial para ela, “Para os dias de hoje, casei cedo, mas não me arrependo, foi muito bom, foi no tempo certo”.

De repente a vida muda…

O primeiro ano matrimonial de um casal costume ser leve, de muitas alegrias, acertos, a rotina de ter de dividir a vida, mas no caso de Juliane, foi um ano bem complexo, de reviravolta e luta.

Hidrocefalia

Aos 8 meses de casada, Juliane começou a sentir dores de cabeça intensas, o diagnóstico foi hidrocefalia “Fiz o tratamento, a primeira cirurgia para colocar a válvula, só que não deu certo, trocaram a válvula e de novo não deu certo”.

Menos de 1% de vida…

Com o agravamento do quadro, eles decidiram trocar de médico, que foi muito claro com Juliane e a família, “Ele disse que eu tinha menos de um porcento de chance de sobreviver e se conseguisse sobreviver, ficaria com muitas sequelas”.

Quadro de atrofia

 O médico retirou a válvula e corrigiu o problema, mas por ela ter ficado internada por muito tempo sofreu um quadro de atrofia, “Tudo atrofiou, eu não andava, não falava, fiquei na sonda, perdi a visão”.

A fé a sustentou…

Juliane conta e a gente percebe que mesmo depois de 15 anos da luta que teve que travar com seu corpo e consigo mesma, ela se emociona, “Foi muito difícil, tive que reaprender quase tudo, inclusive a andar, levei 8 meses para caminhar”.

Como fez para vencer essa luta, ela responde com muita fluidez, tranquilidade e confiança, “Primeiro, busquei dentro de mim as minhas forças, eu tinha comigo que ia sobreviver e não ia ficar com sequelas”.

Os olhos de Juliane chegam a brilhar quando ela fala da sua fé, “Minha confiança vinha de Deus e de Nossa Senhora Aparecida, eu sempre rezei muito, eu tinha certeza de que eu ia melhorar, eu queria e me esforcei muito, me auto ajudava. Nunca perdi a fé”.  

Ela ressalta a sustentação da família, “A familia é tudo, foi e é a minha base, é com ela que sempre contamos, porque a familia está sempre ajudando, cuidando um dos outros”.

Juliana antes e pós hidrocefalia

“Sou uma nova mulher, nossa, como tem diferença da Juliana de antes e de agora. Passei a valorizar muito mais o que a gente antes não dava o devido valor como a familia, os amigos, a própria fé”.

 Antes ela nem tinha noção da força da sua fé, “Eu tinha fé, mas era algo mais distante, a doença tornou a minha fé algo concreto, palpável, porque ai precisei dela para me sustentar”.

E complementa, “É muito triste que seja assim, que precisemos passar por uma doença, por uma grande dificuldade para termos uma fé mais fervorosa”.

Uma aprendizagem…

Apesar de todas as dificuldades que enfrentou, hoje, o que se vê é uma mulher leve, alegre, de bem com a vida, “A minha doença foi um grande aprendizado para muitas coisas. A gente passa a valorizar os pequenos detalhes de tudo, sorrir, fica bem mais fácil”.

Ser mãe…

Foto: Arquivo Pessoal

Como a vida é dinâmica, Juliane superou o momento difícil e viu dois lindos momentos, o de ser mãe do Mateus de 9 anos e da pequena Mônica de 5 anos, “Ser mãe é maravilhoso, importantíssimo, e há a vida antes e a vida depois de ser mãe, até porque passamos a ser professora, psicóloga. Muda tudo, muda a vida, mas é uma mudança de transformação para melhor”.

Siga em frente…

O que ela diria para a Juliane quando tinha 10 anos, “Que ela siga vivendo, porque tudo que passamos é aprendizado para a vida, foi bom ter a loja, trabalhar na Vitalar, passar as dificuldades, porque tudo, tudo é aprendizado, é crescimento”.

O ser mulher para Juliane…

Foto: Nara Coelho/Fatos do Iguaçu

“Mulher é um ser excepcional, porque é muita coisa que a mulher consegue fazer, administrar, ela é dona de casa, é mãe, esposa tem o trabalho. Ela tem que dar conta, ela precisa pensar e organizar a casa, os filhos, o trabalho, tem que encontrar um tempo para ela, é uma correria, a vida da mulher hoje é bem atribulada, mas as mulheres dão conta. É muito bom e vale muito a pena ser mulher!”

Trabalho na vida da mulher…

“Até a geração da minha mãe as mulheres eram muito dependentes do marido. Com certeza faz a diferença na vida da mulher quando ela cria a sua independência. Eu acredito que é importante ter o esposo, a familia, porém, ela tem que ter uma autonomia, tem que saber, sentir que se precisar, ela se vira”.

Se cuidar…

“Sempre fui muito vaidosa, procuro sempre me arrumar, claro, tem um dia ou outro que a gente fica sem se cuidar, até porque é normal nós mulheres termos nossos altos e baixos, (risos).

Minha mãe sempre me passou que a gente tem como mulher estar sempre se cuidando, andar arrumada. Mas em primeiro lugar, é fundamenta se gostar”.

Na terceira idade ela que ser ativa, “Na terceira idade quero ter uma vida ativa, gosto muito de exercícios físicos, quero tentar manter uma vida saudável, quero uma vida legal, feliz”.

Um recado para Mônica…

“Sempre digo à minha filha que, em primeiro lugar ela tem que ser temente a Deus, tem que estudar, se cuidar, ter um trabalho, buscar sua independência”.

Para as mulheres ela diz…

“Elas são maravilhosas, um ser excepcional, mulher é diversidade, é capaz de fazer muitas coisas, trabalhamos mesmo doente. É gratificante ser mulher, somos muitas em uma, somos insubstituíveis”.

Juliane Calegari hoje é…

Foto: Nara Coelho/Fatos do Iguaçu

“Sou realizada, uma pessoa de bem com a vida, olha, eu posso dizer que sou feliz, depois da minha doença passei a pensar assim, a gente tem que saber ser feliz, a felicidade está aqui, e a gente muitas vezes não vê. Eu tenho a minha família, os meus pais, meu irmão, meus amigos, meu trabalho, eu sou feliz.  Tenho o que realmente é a  base para felicidade, o que vier a partir daqui, é lucro”.

 

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