Francisco Carlos Caldas

Apesar do ser humano ser um animal social como dizia o filósofo Aristóteles (384 a 322 a. C), é providencial e salutar projeto de vida e estratégias, do cada macaco no seu galho, cada um no seu quadrado.

É também até Bíblico (Gênesis 2:24, Efésios 5:31 e Mateus 19:5), a questão de homem não viver só e ter uma companheira, mas nisso tudo é de bom alvitre ter em mente que tolerância, paciência também tem limite. É muito difícil você ser paciente, tolerante para com uma mesma pessoa todos os dias, fazendo coisas que te desagrada, e que não se coadune com os teus princípios e formação filosófica e educacional.

O tempo das Amélias, da Mulher de Verdade e na linha machista de cançãoAi que saudades de Amélia” do compositor mineiro Ataulfo Alves, que viveu nos anos de 1909-1969, são fenômenos raros nos tempos hodiernos.

Também uma pessoa chata, um bêbado lá de vez em quando dá para aturar/aguentar, mas todos os dias te enchendo a paciência é dose. Haja  tolerância. “Há momentos na vida que a mais leve contrariedade tem as proporções de uma catástrofe”, num dito pelo escritor mineiro, Godofredo Rangel (1884-1951). Nos lembramos disso, ao saber de um homicídio ocorrido no centro de Pinhão, na noite do dia 10/02/22, em mais uma tragédia em duas famílias, pois, a desgraça, os problemas vem tanto para a do que morre como a do que mata, pois como dizia Chiovenda,  célebre tratadista italiano: “Ser processado já é uma condenação”. Do lamentável ocorrido teve até uma passeata, histórica manifestação em Pinhão, na manhã do dia 12/02/2022.

Dias desse a professora pinhãoense Graciele Amaral, fez uma postagem de uma frase do jornalista e escritor Mauro Santayana de que “Educação para a vida deveria também incluir aulas de solidão”. Também o dito por Ibsen, citado pelo professor Dartagnan da Silva Zanela, numa crônica sua do dia 23/11/21, é reflexivo; “O homem mais forte é aquele que está mais só, em paz com a sua solidão”.

Dias desses matutamos numa crônica publicada na edição de 4/10/21 do Jornal virtual Fatos do Iguaçu, de que não é um mal casamento ou união estável, como um racional negócio, e cada um no seu galho ou quadrado.

É claro que o ideal, é a família constituída de pai e mãe e filhos morando sob o mesmo teto, fazendo refeições na mesma mesa e horário, compartilhando lazer, programas televisivos, veículos, trabalho, empreendimentos em regime de economia familiar, se planejar sucessão estratégica, mas isso nem sempre é possível e até difícil de acontecer. De qualquer forma esse anseio, não pode ser desconsiderado, avacalhado e colocado como “coisa” radical, anacrônica, jurássica.

É aquela velha história quando não se pode fazer o que se deve (um ideal), deve-se fazer o que se pode. É o princípio do pragmatismo, muito valorizado pela cultura norte-americana, e que bate de frente com a nossa  cultura de ranços cartoriais, patrimonialistas, colonialistas, de bacharelismo, de apego a  formalidades burocráticas, e tolerantes a “carimbaços” prá lá e prá cá.

Não estamos aqui defendendo o egoísmo, o egocentrismo, o individualismo, em que dependendo do jeito, caráter personalidade de cada pessoa, e mesmo problemas de doenças psicossomáticas e psicológicos, muitas vezes a saída para certas pessoas viverem em paz, terem uma vida digna, e de alguns momentos felizes, é seguir a filosofia e tomar o rumo do cada macaco no seu galho, cada um no seu quadrado.

Quem não estiver bem sintonizado com as coisas atuais e negativas que estão acontecendo, uma saída, é meio que se isolar, se “fechar em copas” como se diz, mas “acreditar em algo e não lutar por aquilo que acredita como o melhor, é desonestidade”, nas palavras do filósofo hindu, Gandhi. E as formas de peleias nessa linhagem, pode ser com atos, e também, com o silêncio, isolamento, ou uma crônica como esta, que não se precisa concordância  com os ditos, mas se deixar pessoas pensativas, já está louco de bom e tamanho, no lucro e nos damos por satisfeitos com isso.

Não nascemos para viver que nem Robinson Crusoé (numa ilha) do livro de Daniel Defoe, e temos que buscar inteligência social que é muito importante, fundamental, mas também é providencial e salutar nos prepararmos  para enfrentar o silêncio, a solidão, num seu cantinho, espaço, mundinho, galho ou quadrado, que pode até ser um asilo, mas nunca uma cadeia, onde muitos na prisão não veem nem o sol nascer quadrado.

Nas palavras do polímata e escritor alemão Goethe, que viveu nos anos de 1749-1832: “O talento se forma na solidão; o caráter na sociedade.”, daí ser de bom alvitre sermos prevenidos, não colocar os ovos todos num só ninho para chocar, e nos prepararmos e os  nosso mais chegados e a própria população via polos irradiadores como são os tripés: famílias, escolas e igrejas, também para a solidão e  não só vida em sociedade, pois esses dois campos em muitas situações nos pregam peças, nos remetem em   enrascadas, e quem não tiver MECANISMOS DE DEFESA para esses enfrentamentos está em tese lascado, ferrado.

(Francisco Carlos Caldas, advogado, ex-professor de EMC, municipalista e CIDADÃO)

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