“Nosso maior objetivo é a divulgação da cultura musical do acordeão, pois é uma característica cultural nossa’”, Dedé.

Um projeto que se concretizou pelas mãos de muitas pessoas que, de uma maneira ou outra, quer seja se expressando, tocando ou apenas ouvindo o bom som de uma gaita e estimulando o gaiteiro a tocar mais e se aperfeiçoar é que surge a Associação dos Gaiteiros de Pinhão.

Desde os primeiros movimentos em prol da preservação desta cultura, cogitava-se a criação de uma entidade que tivesse como objetivo principal a valorização  da gaita e toda a cultura que vem agregada a ela.

Muita gente  pergunta se há diferença entre acordeom, gaita e sanfona, não tem diferença. São maneiras peculiares de designá-la em cada região: Gaita para os gaúchos (não confundir com a gaita de boca), Sanfona no Nordeste e interior de São Paulo e Acordeão para os demais cantos do país.

Assim como qualquer outro instrumento, este teve momentos de ápice e de declínio, mas sempre houve os persistentes que não se alabaram e por onde quer que fossem traziam a velha companheira a tiracolo. E em Pinhão, o número de gaiteiros é muito grande, na verdade pode-se afirmar que em quase todas as famílias pinhaõenses existe um gaiteiro.

Tudo em Ordem

E assim, tendo em comum a paixão pela gaita e pelo tradicionalismo, um grupo de  gaiteiros de Pinhão se reuniu e organizou a Associação dos Gaiteiros de Pinhão (Asgapi), que já está legalmente constituída e com a diretoria definida, sendo o gaiteiro André Luís Ferreira, o Dedé o presidente.

Ele conta que a paixão pelo instrumento foi herdado da mãe, Maria Adélia, que lhe ensinou as primeiras notas e também contou com o incentivo do pai Alceu Ferreira. Aliás, a união deste casal está ligado à gaita. “Eles se conheceram quando minha mãe, com sua gaita, e seus irmãos estavam se apresentando em um evento, onde meu pai, por ser locutor, foi convidado para ser o narrador. Se apaixonaram e se casaram”.

O presidente explica que a criação da entidade tem muitos objetivos. “Nosso maior objetivo é a divulgação da cultura musical voltado ao acordeão como expressão cultural, pois é uma caraterística cultural nossa divulgar e não deixá-la morrer. Por muito tempo a gaita foi discriminada e considerada um instrumento e as melodias por ela tocadas como brega ou ‘coisa de jeca’”, frisou.

O apreço pela gaita passou por momentos conturbados, o Brasil atravessou nos anos de 1970 uma grande revolução musical, quando novas tendências vieram à tona como a Bossa Nova, MPB, Rock in Roll, entre outros. Esta efervescência fez com que a música sertaneja e o samba vivessem momentos de desgaste, sendo que a primeira alcançava êxito apenas nas áreas rurais e o segundo nos subúrbios. ”Fatos que contribuíram para que a gaita sofresse certo preconceito e fosse deixada de lado. E a tradicional fábrica de acordeons, a Indústria Todeschini, em 1978 foi alvo de um grande incêndio, ao retornar ao mercado, seus gestores optaram por fabricar moveis em geral, pois a gaita registrava índices de vendas baixíssimos e eles precisavam se reestruturar e optaram por outros produtos”, contou André.

Escola de Gaiteiros

O músico relembra que a gaita se regionalizou principalmente no nordeste e no sul, onde há maior concentração de instrumentistas, tocadores e apreciadores. Mas após tantas idas e voltas e com o surgimento do sertanejo universitário e novas tendências musicais, a gaita volta a brilhar. “A musica sertaneja está no auge, ser um tocador de gaita é chique. Podemos perceber que algumas duplas sertanejas destacam o gaiteiro fazendo com que este fique ao lado dos cantores. Muitos pais, hoje, falam com orgulho que o filho está apendendo a tocar gaita. Este é outro objetivo da Associação, manter e disseminar esta tradição familiar. Queremos dar condições para que músicos se aprimorem, queremos também implantar uma Escola de Gaiteiros, projetos que permitam que interessados tenham uma formação profissional, a gaita é um instrumento muito caro, custa cerca de R$ 3 mil e as  aulas cerca de R$ 50,00 a hora. Queremos criar condições para as crianças aprenderem, terem contato com a gaita, para isso vamos oferecer os instrumentos e vamos ensinar as crianças de baixa renda. Vamos estabelecer alguns critérios como frequência e boas notas nas escolas”.

A geração de emprego e renda faz parte dos planos da entidade, seus diretores pretendem implantar um curso de qualificação para que haja mão-de-obra especializada, permitindo que o profissional preste serviços em varias áreas. “Queremos oferecer o curso de Luthier, que diz respeito à construção e manutenção de instrumentos musicais. E aulas de teoria musical, a grande maioria dos gaiteiros toca de ouvido, ou seja, aprendem na prática escutando a música e treinando até chegar ao som desejado. Com a teoria você aprende a ler as partituras e tocar o instrumento, é uma metodologia, mais fácil para aprender, comparando ao aprender de ouvido”, disse o presidente, e complementou: Desconheço em todo o Brasil uma associação semelhante, acredito que somos os pioneiros”.

Novos membros

Os interessados em fazer  parte da ASGAPI  podem procurar o  Dedé ou os demais membros, todos estão aptos a esclarecer as dúvidas. “ Nossa diretoria é composta por Edenilson Martins, o vice-presidente, Jocelino Alves é o primeiro secretário e Saulo Caldas o segundo. Aldo Amaral está no cargo de primeiro tesoureiro e Adilson José dos Santos o segundo. O Conselho Fiscal é formado pelos gaiteiros Aldo Gomes, Evandro Teixeira de Lima, Ivan Domingues e Eliseu Caldas e membros fundadores são Dari Duarte e Felipe Rocha Loures.” A mensalidade tem um custo de R$ 10,00 e quem desejar maiores informações  acesse nosso Facebook/Asgapi ou  pelo fone (42) 99989 3927”, finalizou o presidente.

 

 

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