O bom pastor protege suas ovelhas com sua vida. De modo algum ele as deixa largadas ao relento para que os lobos que estão à espreita, com suas presas expostas e com a boca a salivar, possam devorá-las. Por isso, penso que, provavelmente, prova de falta de amor maior não há, que abandonar os mais fracos nas mãos dos maus sem nenhuma proteção.
Tendo isso em vista, permitam-me dizer: muitos dos que se armam, amam, amam sim. Quem procura prover a proteção daqueles que ama, recorrendo aos meios que julga mais apropriados para o cumprimento dessa missão, não pode, de modo algum, ser estigmatizado como sendo uma pessoa perversa, como muitos procuram fazer parecer com suas levianas e adocicadas palavras politicamente maliciosas.
Sim, o vozerio politicamente correto, em coro, grita que quem se arma não sabe o que é amar. Claro que dizem isso. Aliás, não se cansam de repetir essa cantilena.
Diante de tais vozes estridentes digo apenas que amor não é somente uma palavra fofinha para ser escrita com letras coloridas para sinalizar bons sentimentos. Nada disso. Amor é um estado do ser onde nós nos dispomos de bom-grado para nos entregar em sacrifício por aqueles que amamos. Por isso é tão difícil amar. Por essa mesma razão é tão fácil dizer que “amor é amor”.
Toda vez que dou de cara com algum estardalhaço desarmamentista, que quer porque quer negar aos indivíduos comuns o direito de ter acesso aos meios para poder legitimamente defender aqueles que amam, lembro-me de algumas almas de grande quilate como São José Sanchez del Rio que, de armas em punho, junto com inúmeros mártires Cristeros, lutou para defender sua fé em Cristo. Lembro-me, também, de Santa Joana D’Arc que, por sua deixa, dispensa apresentações. E é bem provável que muitas dessas almas boazinhas politicamente corretas se considerem mais justas e santas que essas duas joias preciosas da coroa de Deus.
E é bem possível que tais figuras não entendam que tanto São José Sanchez del Rio, com uma arma em punho, como São Francisco de Assis, desprovido de tudo, amavam a Deus mais do que tudo e com a mesma intensidade.
Não entendem porque nunca compreenderam o que, de fato, significam as muitas moradas que se fazem presentes na casa do Pai. Há várias formas de servir ao próximo e à Pátria Celeste e, todas elas, legítimas quando feitas com o intento de render glória a Deus, esquecendo-se de si.
De mais a mais, vale lembrar que, para um Católico, o que realmente importa não é o que a “turminha do bem” diz, mas sim, o que está escrito naquele livrão amarelo, o Catecismo. Neste, especificamente no cânon 2265 está escrito que: “a legítima defesa pode ser não somente um direito, mas até um grave dever para aquele que é responsável pela vida de outrem. Defender o bem comum implica colocar o agressor injusto na impossibilidade de fazer o mal”. Não apenas isso. Se voltarmos ao cânon 2264, iremos dar com nossas ventas na seguinte observação: “O amor para consigo mesmo permanece um princípio fundamental de moralidade. E, portanto, é legítimo fazer respeitar o seu próprio direito à vida. Quem defende a sua vida não é réu”.
Na dúvida, é sempre bom consultar o livrão amarelo e, mais importante que consultá-lo, é lê-lo e estudá-lo. Porém, tal prática poderá não dar bons frutos se nossa alma se encontrar comprometida até o tutano com os trocadilhos politicamente corretos, ou se estiver chafurdando no lamaçal do sentimentalismo vazio que é semeado pelos jogos linguísticos maquiavélicos que tomam conta dos corações e mentes de muitos.
Mas, como dizem os populares, “a tenteada é livre”. Vai que dá certo e nossos olhos passam a ser alumiados pelas palavras do livrão amarelo, não é mesmo?
É isso. Paz e bem e viva Cristo Rey!
Escrevinhado por Dartagnan da Silva Zanela
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