Dias desses um familiar estava assistindo um filme sobre minimalismo, e depois nos foi feito um repasse reflexivo do que se tratava.
Pela formação tida de uma vida, principalmente na juventude de muitas privações, sacrifícios, avesso a: consumismo, desperdícios, endeusamento do supérfluo acabei me interessando pelo tema.
E o que é isso? É entre outras coisas, um estilo de vida; é se livrar de excessos; é simplificar a vida; desejo de viver como menos; livrar-se do que não é essencial; diminuir drasticamente o nível de consumo.
Há movimentos nesse sentido na área artística, cultural, científica; em Design, na música, na literatura, na linguística.
Num site da internet, encontramos 12 passos relacionados ao minimalismo, e viver e fazer o mais com menos:
- Começo por partes;
- Na dúvida, não guarde coisas de volta, salvo documentos e estimativos;
- Elimine tudo que não faz falta;
- Não se apegue a objetos. Faça trocas, permutas e desapegos;
- Controle as suas compras;
- Digitalização;
- Simplificar a tecnologia;
- Aprender a dizer não;
- Renove e acumule experiências e não coisas;
- Reforme e conserte o que for viável ou descarte como reciclável;
11. Controle a sua mente;
12. Procure fazer reserva de emergências.
Sofremos hoje com condutas e culturas de excessos em quase tudo: na comida, na bebida, no ócio, na ganância; nas falas; banhos demorados, muito tempo em jogos, vídeos pouco ou nada construtivas e muito tempo em celular e internet; exacerbados anseios por direitos e mais direitos, e o mundo contemporâneo está a exigir de nós, eficácia, eficiência, o fazer mais com menos, desperdício zero como querem e dizem que vão fazer o Prefeito e Vice de Reserva do Iguaçu, para que lá chegue a hora e a vez do povo.
Quem teve falta, privações de dinheiro e bens na vida, têm uma tendência de querer acumular coisas, e na linha do que “quem não zela do que tem não pode reclamar o que não tem”, cai as vezes até num comportamento meio ou bem doentio de guardar e não se desfazer, não se desapegar das coisas, e fica a sua casa ou domicílio uma bagunça de coisarada, que poderia e pode ter alguma utilidade para alguém ou uma outra coisa.
Nessa linha, muito válido por exemplo, pessoas doarem ou venderem coisas usadas bem baratas, para que outros utilizem. E isso é válido para tudo, e já ouvimos muitas histórias interessantes ações de desapego de roupas, calçados, móveis. Têm situações de guarda-roupas, sapateiros de casas, que meio que parecem uma Loja. Pessoas mais sábias, são mais simples e vivem com menos. São mais desapegados do material e tem outros valores na vida, ainda que nada contra ricos e riquezas justa, com função social e construtiva.
Meu amigo, ex-professor e servidor da Câmara, Teodósio Bedreski, de saudosa memória e que foi tragicamente assassinado em Pinhão, tinha o hábito e meio que doença de guardar/acumular até jornais, pelo apego que tinha as informações, conhecimento. Nós temos dificuldades de se livrar de coisas. Receio de amanhã ou depois precisar daquilo que um dia já esteve em meu poder, e ter que fazer outras aquisições. O minimalismo é também lutar para superar esses problemas e fraquezas. Válido um repensar sobre essas mal traçadas linhas.
No Mundo e Brasil há muitas riquezas e altas rendas para poucos, disparidades patrimoniais e financeiras, privilégios inconcebíveis, mas não é com comunismo, anarquismo, fascismo, nazismo, esquerdismo, radicalismo, extremismos, socialismo de araque que a maior justiça social se efetivará, nem o pregado pelo mexicano Salvador Mirón, que dizia que “Ninguém deveria ter direito o supérfluo enquanto alguns não tivessem o estritamente necessário”, e até porque isso é na prática utopia, mas lutar por diminuir disparidades, melhor distribuição de bens e rendas, é dever de quem tenha um mínimo de educação, decência e dignidade na sua formação e vida cidadã e cristã.
Francisco Carlos Caldas, advogado, ex-Vereador, municipalista e cidadão.
E-mail “advogadofrancal@yahoo.com.br”