Foto: Nara Coelho/Fatos do Iguaçu

Bom humor e disposição foram a sua marca

Por Nara Coelho

O pinhãoense João Francisco Silva Caldas é conhecido por poucas pessoas, talvez apenas por sua esposa, Rosemilda Terezinha Caldas, o casal de filhos e as quatro netas, ma se falarmos no Tico, motorista da educação, muita, mas muita gente vai dizer conheço há tempo e é muito boa gente.

30 ANOS NA EDUCAÇÃO

Hoje tem 65 anos, passou 30 anos trabalhando de motorista para a secretaria municipal de Educação.

Nesses anos, passou por sete prefeitos, segundo ele, por umas dez secretárias de educação, sobre as dificuldades de lidar com essas mudanças de chefia e ter que trabalhar com tantas mulheres, ele aponta: ”Cada secretária que chegava era de um jeito, durante todo esse meu tempo só trabalhei com o Laertes de homem comandando a secretaria e com as secretárias vinham outras pessoas, mas tendo respeito e a gente sabendo que está aqui para trabalhar e seguir as ordens não tem como dar errado”. Ele complementa “Sabia conviver, levava na brincadeira, uma boa piada já anima e descontrai e tudo corria bem”.

O senhor nunca pensou em trocar de setor? “Não, sempre gostei desse setor e sempre levei tudo com muito bom humor, quando algo chateava ou não ia muito bem, uma boa brincadeira alegrava o ambiente e tudo já se encaminhava”.

O PRIMEIRO VEÍCULO

Ele contou que sempre primava por trabalhar com veículos em boas condições e seu primeiro veículo foi uma Kombi, que gastava combustível demais, ”Um dos primeiros carros que me deram foi uma kombi a álcool,  a gente ia à Guarapuava, voltava, já tinha que abastecer, bebia demais aquela coisa, aí disse que não queria mais dirigir ela, me deram outro carro”. Entre risos completou, “Aquela kombi bebia mais que eu”.

OS ALUNOS

Seu Tico ressalta que de todas as tarefas, a que exige maior responsabilidade é o transporte dos alunos, “Transportar aluno é a maior responsabilidade, hoje eles estão fera, a gente tem que levar eles firme, se não, já vira bagunça no ônibus“.

Ele destacou que transportar os alunos exige ser rigoroso no horário. “Não dá para ficar perdendo a hora e tem que acertar para chegar nos pontos sempre no mesmo horário, pois se passar mais cedo deixa os alunos pra trás e com frio ou com chuva, a linha tem que ser feita”.

O SUSTO

Durante todos esses anos de trabalho, ele não lembra de nenhum momento ruim, que o tenha marcado de forma triste ou negativa, mas fica sério para contar do susto que passou quando uma aluna caiu embaixo do ônibus.

“Para mim, graças a Deus, nunca aconteceu nada, no trabalho, só uma vez levei um susto bem grande, uma menininha atravessou o asfalto correndo e bateu na frente do ônibus e saiu por debaixo da roda dianteira, graças a Deus eu vi o pai chegando com a criança e quando ela soltou a mão dele, assim, quando ela caiu, eu já estava com o ônibus parado”.

ALÉM DE MOTORISTA, COZINHEIRO

Entre os vários profissionais da educação que seu Tico conduziu para as escolas do interior está a professora Cida Chalegre, hoje secretária de Educação, ela conta que ele além de motorista ele era cozinheiro, “Seu Tico sempre muito bem humorado e disposto, nos levava por esse interior e ainda fazia o almoço para nós, pois passávamos o dia por lá.

Mandava também, pois quando estávamos trabalhando na região de São Roquinho e as nuvens começavam a se juntar, a dar uma escurecida, ele já vinha e dizia “vamos professoras que se cair uma garoa nós não subimos a serra”. Eu sempre lembro dele falando: tem tanto buraco nessa estrada que tem buraco no barranco esperando a vaga”.

UM CONHECEDOR DOS CAMINHOS DE PINHÃO

Conversando com seu Tico, percebe-se o quanto ele se dedicou ao seu trabalho e gostava do que fazia e fala com satisfação que conhece todas as estradas e caminhos do município e de Reserva do Iguaçu.

“Uma das coisas boas que vou levar é que eu conheço o Pinhão todinho, inclusive o interior da Reserva do Iguaçu, pois quando eu comecei na educação entregando a merenda, Reserva era o distrito de Rondinha, em Pinhão eram 127 escolinhas, hoje são 9.

Conheço as estradas e os atalhos, pois fui aprendendo com o povo que mora em cada região”. Inclusive esse conhecimento sempre foi muito utilizado pela justiça eleitoral, “O juiz pedia para trabalhar na eleição porque eu conhecia, e muito bem o município, até porque quando comecei a auxiliar a justiça os endereços eram muito bagunçados, hoje já está tudo certinho”.

Tico quando protocolava seu pedido de aposentadoria no RH | Foto: Nara Coelho/Fatos do iguaçu

AOS QUE CHEGAM

Seu Tico deixa um conselho muito claro aos novos servidores públicos: “Bom humor e não trazer o problema de casa para o trabalho faz muito bem ao ambiente de trabalho, claro, fazer as coisas certinhas, obedecer, cumprir o horário é importante”. Ele destaca, quem não quer ser mandado não pode trabalhar de empregado. “Eu sempre afirmei e fiz assim a minha vida toda, quando chega um chefe e pede para fazer alguma coisa eu sempre fiz, porque quem resolve ser funcionário sabe que vai ser mandado, quem não quer ser mandado tem que ir trabalhar por conta”.

 DEVER CUMPRIDO

Seu Tico afirma que se aposenta com a sensação boa de dever cumprido. ”Saio satisfeito, contente, consegui vencer meu tempo e saio amigo de todos, levo muito história para contar”.

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