Escola Frei Francisco organizou um curso de Libras para a comunidade escolar visando promover a inclusão de uma aluna

Por Nara Coelho | Foto: Nara Coelho/Fatos do Iguaçu

A  Libras, Língua Brasileira de Sinais,  é a língua usada pela comunidade dos surdos. Ela não é a simples gestualização da língua portuguesa, é uma outra língua, como se fosse um outro idioma. Em 2002, ela foi oficialmente reconhecida e aceita como segunda língua oficial brasileira, através da Lei 10.436, de 24 de abril de 2002..Hoje os alunos que são surdos ou deficientes auditivos, devem ser alfabetizados em Língua Portuguesa e em Libras. A Escola Municipal Frei Francisco tem a aluna Emelly Camargo Matoso, que estuda no segundo ano e é deficiente auditiva, tendo perda total da audição de um ouvido e perda severa de outro. Ela e todo aluno que tem problemas de audição tem direito a intérprete de Libras.

FREI FRANCISCO

Esse ano a professora e pós-graduada em Libras da Faculdade Guarapuava, Martha Loureiro Gomes, está trabalhando como intérprete na escola Frei Francisco. Em conversa com a pedagoga Cirene  Aparecida Lisboa Hoffmann, a diretora  Jocélia Boeira, a Juca, e a professora da turma do 2º ano,  Thaís Volupka, concluíram que mais que alfabetizar a Emilly, era preciso integrá-la na escola, fazer uma inclusão real.

Para isso, organizaram um trabalho nas salas de aula com os alunos, a intérprete vai nas turmas uma vez por semana e trabalha Libras por 40 minutos.

”Para um melhor relacionamento da aluna com os colegas, era necessário que eles tivessem um mínimo de conhecimento de Libras. A aluna está se sentido muito bem porque ela está conversando com os colegas no intervalo, os alunos a procuram para conversar, ela hoje se sente parte da escola” contou Martha.

Contudo, ficou evidente para a equipe pedagógica diretiva, professora e interprete que, para a inclusão de fato ocorrer, era importante que os professores e funcionários da escola e mesmo os pais da aluna tivessem um conhecimento mínimo da Língua de Sinais “Já vemos resultado do trabalho,  com os alunos, quando eles encontram a Martha ou a Emelly, já conversam com elas em Libras e entre eles também estão conversando, é lindo ve-los conversando. Mas, começamos a ver que era necessário ampliar para os professores, funcionários, e até para os pais e decidimos realizar o curso para a comunidade, em  parceria com a Secretaria Municipal de Educação e Faculdade Guarapuava” explicou a diretora Juca.

A escola buscou a autorização e parceria da Secretaria de Educação, que autorizou e se prontificou a dar o transporte para a professora Martha, que mora em Guarapuava.

O Curso

A escola Frei Francisco montou o projeto do curso: Básico em Língua Brasileira de Sinais, Libras de 80 horas, que iniciou na manhã chuvosa do recesso de sexta-feira, 3 de novembro. “A ideia é que quem faça o curso, ao encontrar com uma pessoa surda, consiga uma comunicação mínima, como cumprimentar, construir e interpretar pequenas frases”, ressaltou Martha.

As aulas estão previstas para acontecer nas sextas-feiras à noite, irão até o primeiro trimestre letivo de 2018. “Sabendo que para os professores é importante a certificação do curso, como sou professora da Faculdade Guarapuava, procurei o diretor da faculdade, Carlos Alberto Gomes, e ele prontamente aceitou abrir um projeto  de extensão  do curso para certificarmos os professores”.

A Família

A mãe da Emelly contou que ter uma intérprete que domina a língua de sinais fez diferença na aprendizagem da filha. “Nossa, depois que veio a intérprete, a Emelly melhorou muito na escola, é só comparar as notas dela de antes e de agora, é uma diferença que deixa a gente de boca aberta do tanto que melhorou”. Ela também contou que foi uma surpresa muito boa a proposta do curso e que inclusive ela, o tio, a avó e algumas primas estão fazendo o curso, “Nós sabíamos que ela teria a intérprete, mas nunca imaginamos que teria um curso para a comunidade, gostei muito da iniciativa da escola, inclusive convidei e quase todos da família vieram, inclusive umas primas que são do convívio diário”. Janaína contou que a filha tem se sentido muito bem na escola e até tem se sentido importante, pois os colegas vêm conversar e perguntar para ela como são os sinais. “Hoje ela está bem enturmada, antes ela ficava mais quieta, pois ninguém entendia o que ela falava”.

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