Lá se vão 17 anos do início da minha graduação em História, na Unicentro. E eu lembro com certa saudade dos anos de estudos. Eram tantas obras para ler, tantos autores,tantas correntes filosóficas para serem destrinchadas, e entendidas na medida do possível.

Mas não seguidas cegamente. Lembro dos professores deixando bem claro que não havia verdade absoluta, que não deveríamos nos lançar de corpo ealma numa única direção. Dentre todos os “ismos” e formas de pensar, deveríamos construir nosso próprio pensamento, mas sempre sendo críticos,percebendo que em nenhuma corrente filosófica há tudo de certo ou tudo de errado.

E assim a gente vê que é: na Economia, nas Ciências, na Filosofia, na Política, na Educação, em todas as áreas, há várias formas de pensar, há vários autores, diversas idéias,muitas correntes ideológicas. E conhecendo a diversidade, mas conhecendo mesmo,a gente vai depurando o que se fez de bom, o que se pensou de positivo, e o quede repente não foi lá muito aproveitável.

Assim se faz um pensamento livre,aberto, democrático, construtivo e libertário, que nos permite ser de fato um homem, ser dotado de pensamento racional e crítico, que se vale da diversidade de idéias para assim construir a cidadania plena.

Mas ultimamente,a gente se depara com uns tipos bem esquisitos, bem simplórios até. Não por falta de formação e de informação. Parece ser por falta de inteligência mesmo,ou ate de certo “simancol” como diria o outro. O camarada se agarra nos ditos de um fulano, que até tem algo de bom, e algo de ruim, como se fosse a única verdade a ser seguida.

Eu até dou risada desse tipo esquisito e simplório de que falo, pois ele arrota um monte de bobagens, coisa de lunático mesmo, e fala de alienação, de doutrinação, que seriam promovidas por quem estimula o estudo livre, diverso, aberto a todas as idéias, para que cada um construa seu próprio pensamento.

Mas ele, o ser simplório e esquisito, (que diga-se, é um camaleão das idéias, pelo que se sabe), coloca os livrinhos do seu ídolo, do seu herói,do seu deus, debaixo do braço, como se fosse um catecismo, e pronto! Está tudo respondido, resolvido, explicado.

O mais legal é que, como eu afirmei, na cabeça reducionista e simplória desse tipinho, todo o mundo está errado. Tudo o que se pensou, se pesquisou, se construiu ao longo de uma longa História do pensamento, tudo isso é inútil. Nessa cabecinha bitolada e doutrinada (pois isso sim é seguir doutrinas cegamente), centenas ou até milhares de outras pessoas estão completamente equivocadas.

Mas não o seu herói. Por mais loucas, paranóicas e fracas de argumentos que sejam as idéias do “deus do saber”, não se discute. Se segue como um bom cão adestrado, ou melhor, como um papagaio bem ensinado a repetir as palavras do seu senhor.

Então, vamos pensar um pouquinho, não custa. Vamos sair da caixinha, da caverna! Tem sim muita coisa boa em uma determinada idéia, mas não é tudo. E as outras formas de pensar também trazem boas contribuições. E ainda, pessoas que pensam de forma diferente não são inimigos a serem combatidos, são apenas pessoas que não pensam de forma idêntica a você, meu caro papagaio.

E para encurtar a conversa,doutrinação é exatamente viver baseado numa idéia fixa, única, e vista como a verdade absoluta. E é justamente isso que um grande formador de opiniões deve combater, estimulando o conhecimento amplo para que cada um possa formar suas opiniões.

O que o papagaio tanto combate, tem sido o que vive e tenta impor.


 

Por  José Carlos Correia Filho – professor de História, e não papagaio.

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