Volkswagen Virtus GTS

Preço se aproxima do médio Jetta

por Luiz Humberto Monteiro Pereira / AutoMotrix

No final de fevereiro do ano passado, poucas semanas antes que a pandemia de coronavírus fechasse concessionárias em todo o país e chacoalhasse o panorama automotivo nacional, a Volkswagen apresentava a versão GTS do sedã Virtus. A configuração Gran-Turismo Sport do sedã compacto chamou a atenção pelo preço – que partia de R$ 104.940 à época do lançamento. Agora, embalada pelos aumentos generalizados nos preços dos veículos vendidos no Brasil, parte de R$ 120.590, se for na cor Preto Ninja.

O Branco Cristal acrescenta R$ 495 e as metálicas Azul Biscay, Prata Sirius e Cinza Platinum (a do modelo testado) somam R$ 1.585 à fatura. Como opcionais, há apenas o Pacote Rodas presente no modelo avaliado, que inclui pneus 205/45 R18 e rodas de liga leve 18 polegadas, por R$ 1.600. Com os extras do opcional e da pintura, o Virtus GTS chega a R$ 123.775. Um valor que se aproxima do Jetta 250 TSI Comfortline, que adora o mesmo “powertrain” – o sedã médio importado do México é oferecido por iniciais R$ 137.720.

Teste do Volkswagen Virtus GTS
Teste do Volkswagen Virtus GTS – Foto: Luiza Kreitlon/AutoMotrix

          Como toda a linha Virtus, a versão GTS é produzida na Fábrica Anchieta, em São Bernardo do Campo (SP), sobre a plataforma MQB. O restante da linha do sedã compacto é movida pelo motor flex 1.6 MSI aspirado de 117 cavalos na versão de entrada ou pelo propulsor bicombustível 200 TSI 1.0 tricilíndrico turbo de 128 cavalos nas intermediárias Comfortline e Highline. Já a GTS é equipada com o motor flex 1.4 de quatro cilindros turbo 250 TSI feito em São Carlos, no interior paulista, com 150 cavalos de potência e 26 kgfm de torque, associado ao câmbio automático de 6 marchas AQ 250, com opções de trocas manuais por meio de “padlles shifts” no volante ou pela alavanca. O 250 TSI com injeção direta é da família EA211 e é o mesmo que equipa, além do Polo GTS e do Jetta Comfortline, os utilitários esportivos T-Cross Highline e Taos – esse último com lançamento brasileiro previsto para maio.

Visão do motor do Volkswagen Virtus GTS
Teste do Volkswagen Virtus GTS – Foto: Luiza Kreitlon/AutoMotrix

            Por fora, o Virtus GTS exibe “upgrades” em relação às versões Comfortline e Highline. Os faróis são inteiramente em leds e identidade visual diferenciada, novo para-choque e grade do radiador tipo colmeia com o logotipo “GTS” – que aparece também nos para-lamas dianteiros e na tampa do porta-malas. Um filete vermelho liga os dois conjuntos ópticos frontais – apresentado no Golf GTI e adotado em todos os atuais veículos GT da Volkswagen. As rodas de 17 polegadas são diamantadas, com pneus 205/50 R17, mas opcionalmente podem ser de 18 polegadas, também diamantadas, com pneus 205/45 R18. A versão esportiva do sedã tem defletor traseiro pintado em preto brilhante sobre a tampa do porta-malas, e a parte inferior do para-choque foi desenhada para a configuração. As lanternas são escurecidas e as capas dos retrovisores são em “black piano”.

Visão interna do Volkswagen Virtus GTS
Teste do Volkswagen Virtus GTS – Foto: Luiza Kreitlon/AutoMotrix

            O interior do Virtus GTS traz bancos e laterais das portas revestidos parcialmente em couro sintético cinza escuro. Parte dos acabamentos internos são em couro sintético com costuras vermelhas, tom presente ainda nas molduras das transferências de ar e na base da alavanca de câmbio. O painel digital de 12,4 polegadas (Active Info Display) tem iluminação também vermelha. São oferecidas quatro opções de modos de condução: “Eco”, “Normal”, “Sport” e “Individual”.

A versão esportiva do Virtus traz ainda o sistema Kessy de acesso ao veículo e partida do motor sem uso da chave, sensores de estacionamento dianteiros e traseiros com câmera de ré, o sistema start-stop e o Discover Media, com tela colorida de 8 polegadas sensível ao toque e navegação, App-Connect e comando por voz. São quatro airbags – frontais e laterais dianteiros. O indefectível suporte para smartphone com entrada USB para carga, onipresente na linha de compactos da Volkswagen, também está a bordo. Pendurado no alto do “tablier”, logo acima da tela do multimídia, o dispositivo está longe de ser uma unanimidade em termos estéticos – mas, felizmente, é removível.

Experiência a bordo

Esportividade nos detalhes

            A bordo do Virtus GTS, a central multimídia de 8 polegadas até chama a atenção. Tem navegador GPS, espelhamento via Apple CarPlay e Android Auto e comandos vocais – e até um anacrônico CD-Player escondido no porta-luvas. É bastante intuitiva e oferece boa visibilidade. Mas são os detalhes em vermelho que marcam o apelo estético do interior do Virtus GTS. Surgem nos grafismos do painel de instrumentos totalmente digital, nas molduras das saídas de ar e do console do câmbio e nas costuras dos revestimentos em couro sintético do volante (com boa empunhadura), dos bancos e da alavanca de câmbio. Todas as teclas também têm iluminação em vermelho, o que facilita o manuseio noturno. As pedaleiras de alumínio dão o toque final.

Teste do Volkswagen Virtus GTS – Foto: Luiza Kreitlon/AutoMotrix

            Para reforçar ainda mais o aspecto esportivo, as inscrições “GTS” aparecem na base do volante e, em alto relevo, nos encostos dos bancos. Os do motorista e do carona, por sinal, tem design esportivo no estilo concha, com apoios de cabeça integrados. A coluna de direção com ajuste de altura e profundidade, algo que, em conjunto com o banco do motorista com ajuste milimétrico de altura, ajuda bastante a encontrar uma posição adequada para dirigir. Nesse árido final de verão, um detalhe relevante: o ar-condicionado automático é bastante eficiente e resfria rapidamente o habitáculo. Para os passageiros de trás, os 8,5 centímetros de entre-eixos do Virtus a mais em relação ao Polo fazem a diferença.

Impressões ao dirigir

De um jeito ou de outro

            Embora o “powertrain” dos dois sedãs da Volkswagen seja o mesmo, a relação peso/potência de 8,4 kg/cv do Virtus GTS supera os 8,8 kg/cv oferecidos pelo Jetta 250 TSI Comfortline, o que explica matematicamente a maior agilidade da versão esportiva do sedã compacto em relação à mais básica do médio. Há força de sobra nas arrancadas e muito torque disponível mesmo em baixos giros, o que transmite sensação de segurança nas ultrapassagens. O câmbio automático de 6 marchas, de fácil acionamento manual pelas borboletas no volante, é bastante responsivo aos comandos do acelerador e pode ser ainda mais divertido com o uso das trocas manuais. Não oferece as trocas quase instantâneas dos câmbios de dupla embreagem da Volkswagen, mas é bastante ágil. As quatro opções do seletor de modos de condução – “Eco”, “Normal”, “Sport” e “Individual” – alteram as respostas do câmbio e da direção. No modo “Sport”, além de amplificar o ronco do motor no habitáculo, a direção ganha mais consistência e as marchas são trocadas em giros mais elevados, algo desejável para quem aprecia tocadas mais velozes.

Teste do Volkswagen Virtus GTS – Foto: Luiza Kreitlon/AutoMotrix

A suspensão da versão mais esportiva do sedã compacto da Volkswagen foi recalibrada em relação às configurações mais “pacatas”. Molas, amortecedores, barra estabilizadora e o eixo de torção traseiro foram desenvolvidos especificamente para oferecer uma dirigibilidade mais esportiva, embora a altura em relação ao solo seja a mesma das versões Comfortline e Higline, para não prejudicar a passagem em lombadas e rampas. O ajuste suspensivo do Virtus GTS é firme sem ser rígido demais, algo que tornaria o sedã desconfortável.

Nas curvas rápidas, a carroceria do sedã inclina pouco. Quando o limite se aproxima, o bloqueio eletrônico do diferencial corrige a rota e ajuda a trazer o carro para o caminho certo. Dá até vontade de acelerar mais na próxima curva. Dependendo da proposta do motorista, o Virtus GTS pode ser um sedã de comportamento civilizado ou se prestar bastante à diversão. Basta escolher o modo certo e o jeito ideal de dirigi-lo.

Ficha Técnica

Volkswagen Virtus GTS

Motor: 1.395 cm3, dianteiro, transversal, quatro cilindros, 16 válvulas, flex, duplo comando de válvulas variável, injeção direta e turbocompressor

Potência: 150 cavalos a 5 mil rpm

Torque: 25,5 kgfm de 1.400 a 4 mil rpm

Transmissão: câmbio automático de 6 marchas, tração dianteira

Suspensão: independente McPherson na dianteira e eixo de torção na traseira

Rodas e pneus: alumínio aro 17″ com pneus 205/50 R17 (opcionalmente, pneus 205/45 R18 e rodas de liga leve 18 polegadas)

Freios: discos ventilados na dianteira e sólidos na traseira com ABS e ESP

Peso: 1.271 kg

Dimensões: 4,49 metros de comprimento, 1,75 metro de largura, 1,40 metro de altura, entre-eixos de 2,65 metros

Tanque: 52 litros

Porta-malas: 521 litros

Preço: R$ 120.590, se for na cor Preto Ninja. Na cor Cinza Platinum do modelo testado e com o opcional de pneus 205/45 R18 e rodas de liga leve 18 polegadas, chega a R$ 123.775.

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