Não tenha presa para apresentar para si e para os outros uma conclusão sobre esse o a respeito daquele assunto. A sabedoria não reside na velocidade em dar uma resposta. Ser capaz disso não deixa de ser uma forma de astúcia, mas não é uma expressão de sabedoria. A vereda da sabedoria está muito mais próxima da capacidade de suportar o estado de dúvida do que dar uma resposta na lata pra “lacrar” ou “mitar”.

Aliás, como nos ensina o dito popular, a presa seria a inimiga da perfeição. Sim, como é. Se estamos apresados em termos uma resposta para nós é porque estamos muito mais preocupado com outras coisas do que com a verdade. Se queremos mostrar para os outros o mais rápido possível é porque estamos muito mais incomodados com a imagem que irão fazer de nossa figura do que com a formosura da verdade.

Se assim procedemos, não há dúvida que estaremos muito mais interessados com a imagem que edificaremos sobre nós mesmos e que será apresentada para os outros do que o conhecimento da verdade sobre nós e, é claro, sobro muitos e, por isso, como nos ensina Confúcio, quem diz verdades, perde amizades, cria inimizades e outras coisas mais. E assim o é não por maldade ou vaidade, mas sim, porque nós tememos a voz e a presença da verdade em nossas vidas, de modo similar a um vampiro frente a luz do sol.

Enfim e por fim, não é à toa que Sócrates teve o destino que teve, não é por acaso que Nosso Senhor Jesus Cristo, o Verbo divino encarnado, foi flagelado e morto na cruz por cada um de nós.

Fim. Hora do café. Dum verdadeiro café.

Escrevinhado por Dartagnan da Silva Zanela, em 24 de fevereiro de 2019, falecimento do filósofo Eugen Rosenstock-Huessy.

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