Francisco Carlos Caldas

Tropeadas são conduções de animais de cargas e tropas de gado.

Há muitas histórias, saudosismos, sofrimentos, bateção em torno de tropeadas.

Boa parte da população do Brasil tem origem rural, que o diga o fato de que  em 1960, 54,92% moravam nesse meio e até a década de 1970 a maioria não moravam em cidades; hoje só em torno de 16% da população do País está no meio rural e 84% no meio urbano.

Minha esposa (trisneta do Cel. Pedro Lustosa), quando criança chegou a fazer algumas tropeadas como madrinheira  de tropa de seu pai Odilon Lustosa Mendes, de terras da Fiat Lux para o Butiá, em Reserva do Iguaçu. Temos um mano que participou  há  5 décadas atrás de  uma tropeada para levar um tropa de gado de Reserva do Iguaçu para Campo Mourão, e no trajeto  adoeceu. Este escriba, fez alguns tropeadas com um mano de nome Ari e de saudosa memória, do Dois Pinheiros e Capão  Cortado, ao Rancho Grande, no Faxinal dos Coutos, e vice-versa. E uma do Dois Pinheiros ao Butiá,  e vice-versa com o mesmo e muita bateção; e outra com Zé Abacaxi, Joel Abeia e filhos, com sesteada em São Sebastião e Rio da Moça, e última tropeada até minha neta cavalgou em colo.

Em Reserva do Iguaçu, Pinhão e outros municípios da Região, ocorrem vezes ou outra, tropeadas  em reverência ao que ocorria em atividade rural do passado em que as coisas era bem diferentes, e em regra envolvia árduas caminhadas, e a respeito disso tem uma canção do saudoso Teixeirinha, “Tropeiro Velho” que é um Hino a respeito  do assunto.

Em outras palavras, com razoável conhecimento de causa, tropeadas com condução de tropa, não é coisa fácil. Já as tropeadas que hoje estão sendo feitas em memória do passado, sem condução de animais, e com cavaleiros, cavaleiras, comilanças, gaitaços, danças, parece ser de alegria, diversão, enfim  salutar lazer.

Em Pinhão, temos a Associação dos Tropeiros Batendo o Estribo, como sede no Parque Coronel Lustosa, em que já participamos de gostosa janta,  de belo evento “gaitaço!  feito no dia 12/11/23, entre outros. Esta crônica fica também em homenagem a um amante do tropeirismo e suas tradições, grande dançador seu José Maria Ferreira, mais conhecido pelo apelido “Juca Mico”,  que faleceu no  dia 6 de janeiro de 2024.

No Livro de Francisco Dellê, lançado em 30/09/2023, há narrativa de tropeiro e maragato de de nome Joaquim Praxedes Gonçalves, que  em 1890 numa  tropeada de mulas para Sorocaba, passou por Pinhão, acabou se casando com a pinhnãoense Henriquetta Ferreira (keka)  e  deram origem a Família Gonçalves e de Alcebiades Ferreira Gonçalves (tio Bide), pessoa importante da História de Pinhão, que foi casado com Felicidade Dellê que são avôs materno do autor Francisco Dellê, pais do ex-Prefeito João Gonçalves, e bisavôs do atual Vereador Elias Prestes, entre outros honrados descendentes.

Hoje muitos descendentes de tropeiros, alguns até por mentalidade latifundiária, luzes e  atrativos de  cidades deixaram de ser produtores e até proprietários rurais e para não se desvincularem de suas origens, se envolvem com rodeios e laçadas dos Centros de Tradições Gaúchas-CTGs, tropeadas sem condução de animais, o que não deixa de ser saudável e útil,  até porque e parafraseando  Kalil Gibran Kalil, “autor da obra “O Profeta”, “No fundo somos todos lavradores (rurícolas) e todos amamos os vinhedos, e nas pastagens de nossa memória, há sempre um pastor, um rebanho e uma ovelha perdida”.  E nesse espírito e cultura, há também muitos cães em cidades, e infelizmente muitos de rua, perdidos, e sem política séria de controle ético de reprodução como preconizado  na Lei nº. 1.891/2014, que tem origem em um indicação de projeto de lei, que elaboramos em 2014, com base numa Lei de Paraisópolis-MG, que nos foi repassada pelo ex-Vereador Reinaldo Mazurechen, da legislatura de 1º/02/1977 a 31/01/1983.

(Francisco Carlos Caldas, advogado, municipalista e CIDADÃO).

Clique 👉 AQUI   – PARA LER OUTROS ARTIGOS

 


Compartilhe

Veja mais