São Sebastião

Reportagem publicada na edição impressa nº 532 de 20 de janeiro de 2012

Mais de 300 casas receberão a visita do santo

Fotos: Edinéia Schoemberger/Fatos do Iguaçu

No dia 12 de janeiro iniciou a procissão de São Sebastião, na localidade de Todos os Santos, interior do município de Pinhão. O andor com a imagem do santo saiu da residência da família de Luis Ferreira Caldas para visitar mais de 300 casas, percorrendo as localidades de Serrinho, Dois Irmãos, Santa Terezinha, Santana, Santa Cruz e Rio do Salto, retornando a Todos os Santos no dia de Nossa Senhora do Belém, 2 de fevereiro.

Luiz Caldas e o altar em sua casa

De acordo com Luis, que herdou a tradição dos pais, a procissão de São Sebastião tem mais de 150 anos. “Isso veio dos meus bisavôs. Do que a gente ouvia os mais velhos contarem, no inicio era apenas uma novena, nove dias, nove casas. Porém, quando o profeta São João Maria passou por aqui, em Pinhão, ele pediu à minha bisavó, Dona Antoninha, que fizesse a procissão porque por onde passasse o santo, aquele local ficaria livre de todos os tormentos”.

Depois do falecimento dos pais Alcindo e Josefa Caldas, o Santo ficou com os filhos do casal. Luis tem mais sete irmãos, mas de acordo com ele, nem todos davam importância à reza. “Meu pai me entregou o santo e enquanto eu for vivo a reza vai continuar ocorrendo”. A data para o início da procissão não é fixa, podendo variar de ano para ano, já o encerramento, é sempre no dia 2. “Sempre foi assim, dia 2 de fevereiro, não importa o dia da semana, o santo retorna pra casa e nós fazemos uma grande festa, tem mesada de anjo, erguemos o mastro, rezamos, é muito bonito”.

As dificuldades para manter a tradição aumentam a cada ano. “Tempos atrás havia mais pessoas que acompanhavam o santo, hoje está diminuindo, mas eu tenho fé que a reza não vai acabar”, diz Luis. Outra dificuldade é a alimentação no dia da festa. “Nada é vendido, é tudo dado, já teve vez que eu achei que não ia poder fazer a festa, mas com a graças de Deus e de São Sebastião, chegava dia 2, nós tínhamos conseguido tudo”. No dia da festa são realizados pequenos leilões para arrecadar dinheiro e ajudar com as despesas. Em 2011, segundo Luis, mais de 500 pessoas participaram dos festejos.

Na última segunda-feira (16), encontramos o santo na comunidade de Dois Irmãos. Poucas pessoas acompanhavam a procissão, por volta das 14 horas. Segundo os devotos, um dos motivos de tão pouca gente é o trabalho. “Antigamente as pessoas trabalhavam no campo e podiam deixar seus afazeres para acompanhar o santo, hoje em dia, com o trabalho formal isso já não é possível. Nos finais de semana reúne mais gente, mas durante a semana acompanham o santo os idosos, mulheres e um e outro homem que tem tempo disponível”, explica Silma Walter.

Geni Nunes e o filho Arinelson

Geni Nunes Rocha recebeu o santo em casa pela terceira vez, ela afirma que sempre reza e pede a interseção de São Sebastião por proteção contra as tormentas e as doenças. “Tenho muita fé, sempre acompanhei o santo e recebe-lo em minha casa é uma honra”. Seu filho Arinelson está há dias ajudando na procissão. “É uma tradição muito bonita, não deve acabar nunca”.

Lindaura Kitcki Rocha

Com o passar do tempo, a reza perdeu um pouco de suas referências. No passado os devotos seguiam de uma casa a outra entoando em cânticos as orações. Lindaura Kitcki Rocha, 80 anos, é uma das chamadas “rezadeiras”, responsáveis por conduzir a reza. “Acompanho o santo há mais de 60 anos, é uma demonstração de fé e também uma maneira de agradecer tudo de bom que a gente tem”. Para ela, antigamente era mais bonito. “Era tanta gente e a procissão ia cantando, orando, ia o andor, as bandeiras, era tudo muito bonito”, recorda.

 De acordo com a Igreja Católica, São Sebastião era um soldado que teria se alistado no exército romano por volta de 283 d.C. com a única intenção de afirmar o coração dos cristãos enfraquecido diante das torturas. Era querido dos imperadores que o queriam sempre próximo, ignorando tratar-se de um cristão e, por isso, o designaram capitão da sua guarda pessoal. Por volta de 286, a sua conduta branda para com os prisioneiros cristãos levou o imperador a julgá-lo sumariamente como traidor, tendo ordenado a sua execução por meio de flechas. São Sebastião é o protetor da humanidade contra a fome, a peste e a guerra. Seu dia é comemorado hoje, 20 de janeiro.

Oração: 

São Sebastião, Santo de Deus querido, livrai-nos das pestes, da fome, da guerra e de todos os perigos. São Sebastião, Santo de Deus onipotente, livrai-nos das pestes, da fome, da guerra por todos os inocentes. São Sebastião, Santo de Deus amado, livrai-nos das pestes, da fome e da guerra por ser advogado. Pelas vossas chagas e pela vossa cruz, livrai-nos das pestes, da fome e da guerra meu bom Jesus.

 

 

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